OS DEZ TALENTOS
"O texto da mensagem de hoje está em São Mateus 25:14-18: "Pois como será o
homem que, ausentando-se do país, chamou os seus servos e lhes confiou os seus
bens. A um deu cinco talentos, a outro dois e a outro um, a cada um segundo a
sua própria capacidade; e então partiu. O que recebera cinco talentos saiu
imediatamente a negociar com eles e ganhou outros cinco. Do mesmo modo o que
recebera dois, ganhou outros dois. Mas o que recebera um, saindo abriu uma cova
e escondeu o dinheiro do seu senhor."
A lição básica da parábola dos dez talentos é
a produtividade, e chamemos de produtividade a uma vida vitoriosa, de
transformação de caráter ou de aquisição de virtudes da vida cristã. Enfim, a
produtividade na vida do cristão, depende do tipo de relação que o servo tem
com o seu Senhor.
Os dois primeiros servos da parábola tinham
uma relação de amor e confiança para com seu Senhor. O Senhor acreditava neles
e eles o amavam, respeitavam e admiravam. Então, quando o Senhor foi embora,
eles trabalharam com os talentos que o Senhor lhes deixou. E quando voltou,
eles tinham o dobro, como fruto do trabalho das suas mãos. Mas sua
produtividade estava ligada ao tipo de relacionamento que tinham com o Senhor.
Já o caso do terceiro servo é completamente diferente. O terceiro servo era um
poço de amargura, de ressentimento, de ódio disfarçado. Era servo. Servia,
trabalhava para o Senhor, mas no fundo, desejava vê-lo morto. No fundo, falava
mal dele, não acreditava nele. E todo esse poço de veneno, pode ser resumido
nos versículos 24 e 25 do capítulo 25 do livro de Mateus: "Chegando, por
fim, o que recebera um talento, disse: "Senhor, sabendo que és homem
severo, que ceifas onde não semeaste, e ajuntas onde não espalhates, receoso,
escondi na terra o teu talento; aqui tens o que é teu."
Um servo com medo nunca poderá ser um servo produtivo.
A primeira coisa que um servo precisa para produzir, é sentir-se amado,
compreendido, aceito. O fruto do sentimento maravilhoso de sentir-se aceito,
será a produtividade.
Esta Parábola encerra uma das mensagens mais
solenes que o cristão precisa entender: o tipo de relacionamento que Deus quer
ter com o ser humano. Às vezes nós nos unimos a uma Igreja pensando que estamos
tornando-nos cristãos. No entanto, nunca descobrimos o que é cristianismo.
Passamos a vida toda frequentando uma igreja chamada cristã, mas nunca
experimentamos o gozo da vida cristã.
Voltemos por um instante ao Jardim do Éden,
quando Deus criou Adão e Eva. Ele não os criou para serem robôs programados
para obedecer. Deus os criou para que fossem seus filhos. Deus não quer escravos,
quer filhos; seres humanos realizados, valorizados, amados, compreendidos. Se
olharmos para a Bíblia, veremos que o relacionamento que Deus teve com Adão e
Eva, foi um relacionamento de pai para filho. Todos os dias Deus chegava ao
jardim e Adão e Eva jogavam-se nos braços do Pai. Havia uma relação de
confiança, de amor, de companheirismo. Sabe quando apareceu o medo? Quando o
ser humano tentou fazer-se o deus de sua própria vida. Quando ele usou mal a
liberdade que Deus lhe confiara. Porque parte do amor de Deus era a liberdade.
Deus nunca poderia dizer "eu amo meu
filho", se o tivesse criado sem liberdade. A expressão de seu amor era a
liberdade. Liberdade para fazer o bem ou para fazer o mal. Tem muita gente hoje
que pergunta: "Pastor, se Deus sabia que o homem ia pecar, por que que
colocou no Jardim do Éden uma árvore da ciência do bem e do mal? Por que
colocou a possibilidade do mal?"
Meu amigo, veja bem, se Deus, ao criar o mundo
não tivesse colocado diante do homem a possibilidade do mal, o ser humano não
seria livre. O ser humano seria escravo do bem. Ele seria bom unicamente porque
não existia a possibilidade de ser mau. Ele não teria liberdade, não poderia
escolher. Seria como um animal dominado pelo instinto para um determinado tipo
de vida, incapaz de decidir. Foi por isso que Deus criou o ser humano livre.
Mas, quando ele usou mal a sua liberdade, o texto bíblico nos relata que:
"Quando ouviram a voz do Senhor Deus, que andava no jardim pela viração do
dia, esconderam-se da presença do Senhor Deus, o homem e sua mulher, por entre
as árvores do jardim."
Gênesis 3:8
Então
veio a grande pergunta que vemos no verso seguinte: "E chamou o Senhor
Deus ao homem e lhe perguntou: onde estás?" (Gênesis 3:9)
E
desde aquele dia a grande pergunta de Deus tem sido: "Pedro, onde está
você? Francisco, Aparecida, Rosa, Maria, Juliana, José, Rubens, onde está
você?" E aí vem a resposta do homem. Escondido atrás da árvore, seminu,
com vergonha, arruinado, quebrado por dentro, culpado, atormentado pela consciência:
"Senhor, tive medo e me escondi."
Meu
querido, num cristianismo sadio, não pode haver lugar para o medo. O medo é
fruto do pecado. Antes da entrada do pecado não existia medo. Deus nunca
desejou que no relacionamento que Ele tivesse com Seus filhos, existisse a
palavra medo. O medo é fruto do pecado.
O
que acontece em nossos dias, porém, em nome de Deus e em nome da religião?
Muitos líderes religiosos estão criando a religião do medo. Ensinam a temer a
Deus, ensinam a ver Deus como aquele soberano sentado em Seu trono, com uma
vara na mão, olhando para a Terra, com o objetivo de ver quem é o malcriado que
se comporta mal, para castigá-lo. Desde criancinhas crescemos com este
conceito: se eu for bom, Deus me ama. Se eu não for bom, Deus não me ama. E crescemos
pensando assim. E um dia você bate com o carro e a primeira coisa que imagina
é: "o que estará errado em minha vida?" Alguém fica doente em sua
família e a primeira coisa que você imagina é: "Que pecado oculto haverá
em minha vida para que a doença atinja minha família?" Você perde o
emprego, e o primeiro pensamento que lhe passa pela cabeça é "Deus está me
castigando, porque fiz isto ou aquilo".
O
inimigo é terrível! Quando alguma provação chega à sua vida, quando surge algum
momento difícil, imediatamente ele faz você lembrar-se de todas as coisas
erradas de seu passado. E a conclusão a que você chega é: eu não presto, estou
sofrendo porque Deus está me castigando, não posso orar a Deus porque Ele não
ouvirá minha oração.
Querido,
a religião do medo é a pior coisa que pode acontecer nesta vida. Sabe por quê?
Porque o inimigo vai fazer de tudo para levar você para uma vida de pecado e
miséria. Mas, se o inimigo não puder mantê-lo no erro, então vai permitir que
você volte para Deus, pelos motivos errados. E um dos motivos errados para você
se aproximar de Deus, é o medo. Você nunca pode se aproximar de Deus pelo medo.
É por isso que se você é um líder religioso, não pode levar a Igreja a um
reavivamento autêntico, provocando medo nas pessoas: "Ah, temos que nos
preparar porque os juízos de Deus já estão chegando! Temos que mudar de vida
porque senão seremos atingidos pela ira de Deus! Temos que nos preparar porque
talvez no ano 2000 Cristo volte à Terra!" Não! Se você se preparar por
medo, sua preparação não vale nada. Se você se aproximar de Deus por medo, seu
cristianismo não vale nada. Por medo, unir-se a uma Igreja, ser batizado e
tentar cumprir tudo que Deus pede, não vale. Por medo, para não sofrer os
castigos de Deus, para não receber a maldição, para que tudo vá bem! Mas, sabe
quando você vai ver a fragilidade de sua triste religião? Quando chegar o
momento da pressão, da provação, das dificuldades.
O
terceiro servo da parábola não sabia que tinha medo de Deus. Ele pensava que
era mais um servo, mais um membro da Igreja. Ele não sabia que odiava Seu
Mestre. Ele não estava consciente do conceito que ele tinha de Deus. As
acusações que saíram de sua boca, os impropérios de seu coração apareceram
quando chegou o momento do ajuste de contas. Quando viu que o servo que
recebera cinco devolvera dez; o que recebera, dois devolvera quatro; e ele que
recebera um, não tinha nada. Foi aí que ele confrontou-se com a sua realidade.
Ele não amava seu Senhor. Tinha um monte de acusações. Na sua opinião, o senhor
era injusto: colhia o que não havia plantado! Cobrava o que não havia semeado.
Então disse: "... receoso, escondi na terra o teu talento." (Mateus 25:25)
A
minha pergunta é: "qual é o tipo de cristianismo que você pratica? Você
tem medo de Deus ou é atraído a Ele pelo seu maravilhoso amor? Que tipo de
cristianismo lhe ensinaram? Pois, desde o momento que você entrou na Igreja,
tem que se portar direitinho, porque, senão, você poderá receber os castigos
divinos? É este o tipo de cristianismo que lhe ensinaram? Então você não
entendeu o Evangelho, porque o cristianismo é um relacionamento de amor com o
Senhor Jesus. Cristianismo é enamorar-se de Jesus, apaixonar-se por Jesus,
entregar-Lhe a vida. Colocar a mão no braço de Jesus e dizer assim:
"Senhor, leva-me pelos caminhos desta vida."
Você
não pode querer portar-se bem para ser amado. Precisa, primeiro, ser amado para
poder portar-se bem. O filho que sente o amor do Pai é o que melhor se
desenvolve. Não teme o futuro nem os desafios porque sabe que está ao lado do
Pai e Ele o ama com um amor incondicional. A produtividade na vida cristã
depende do tipo de relacionamento que você tem com Jesus.
Você
acha que só porque caiu uma vez, Deus o detestou? Você acha que porque
escorregou cinco, dez vezes, Deus não acredita mais em você? Ah, querido, a
Bíblia está cheia de exemplos, de um Pai que espera, que procura, que chama e
que não perde as esperanças. Aceite este amor hoje mesmo.
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