03/01/2009

Lições da vida de Gideão

Lições da vida de Gideão

Depois da morte de Josué, o povo de Israel passou por mais de três séculos nos quais "não havia rei em Israel; cada um fazia o que achava mais reto" (Juízes 17:6; 21:25). Durante esse período, se repetia várias vezes o mesmo ciclo: O povo obedecia a Deus por algum tempo e, depois, afastou-se dele. Como alerta ao povo rebelde, Deus permitia que um inimigo o oprimisse. Quando o povo se arrependia e pedia libertação, Deus mandava juízes para livrá-lo das mãos dos inimigos.‘ O povo resgatado servia ao Senhor durante o resto daquela geração, assim começando, de novo, o ciclo. Gideão foi o quinto dos juízes ou libertadores, apresentado em Juízes, capítulos 6, 7 e 8. Da vida dele, podemos aproveitar muitas lições valiosas.

Homem valente ou homem tímido?

Os midianitas oprimiram os israelitas por sete anos. Eles subiam cada ano e tomavam os produtos alimentícios dos campos e todos os animais dos hebreus. Para sobreviver, os israelitas escondiam alimentos do inimigo. Gideão estava preparando comida para escondê-la quando o Anjo do Senhor apareceu. Imagine este homem, trabalhando com medo do inimigo, quando ele ouviu as palavras do Anjo: "O Senhor é contigo, homem valente" (Juízes 6:12). Pela resposta de Gideão, parece que ele nem pensou no significado da frase "homem valente". Ele entrou diretamente numa discussão com o anjo sobre a presença de Deus. Ele não entendeu como Deus, estando com o povo, deixaria Israel sofrer. Deus continuou a conversa, desafiando Gideão a resolver o problema. Já que ele duvidou da presença de Deus, devia ir na sua própria força (Juízes 6:14). Isso não! Gideão, agora, sentiu tão incapaz que procurou uma saída da missão dada por Deus. Ele explicou que era uma pessoa pequena de uma família insignificante de uma tribo pouco importante. Gideão não veio ao Senhor como homem valente. Deus ia fazer dele um líder corajoso.

A força verdadeira do servo do Senhor não vem de si mesmo, e sim de Deus. Ninguém é forte o bastante para resolver seus próprios problemas sozinho, especialmente quando falamos sobre nosso problema principal: o pecado. Dependemos de Deus e de sua graça (Efésios 2:8-9). Paulo disse: "tudo posso naquele que me fortalece" (Filipenses 4:13). Os homens valentes, hoje em dia, são aqueles que confiam no Senhor.

"Eu estou contigo"

Nas conversas com Gideão, Deus afirmou sua presença repetidas vezes. Primeiro, ele afirmou por palavras: "Já que eu estou contigo, ferirás os midianitas como se fossem um só homem" (Juízes 6:16). Segundo, ele afirmou por sinais. Antes da primeira missão de Gideão, Deus lhe deu um sinal impressionante. O Anjo do Senhor causou subir fogo para consumir a oferta de Gideão. Enquanto pessoas faziam ofertas ao Senhor todos os dias, era muito raro o próprio Senhor mandar o fogo para as consumir. Antes de sua segunda missão, Gideão recebeu mais três sinais. Deus deixou o orvalho molhar uma porção de lã sem molhar a terra em volta dela (Juízes 6:36-38). Na noite seguinte, ele fez ao contrário, deixando a lã seca no meio de terra molhada (Juízes 6:39-40). Nas vésperas da batalha, Deus permitiu que Gideão ouvisse uma conversa entre dois soldados midianitas, confirmando a sua vitória iminente (Juízes 7:9-15). Terceiro, Deus afirmou sua presença através de promessas cumpridas, principalmente no livramento do povo pela mão de Gideão (Juízes 6:16; 7:7,22; 8:10-12). As demonstrações de Deus foram convincentes. Gideão foi convertido!

A maior bênção imaginável é a presença do Senhor em nossas vidas. Quando Jesus veio ao mundo para habitar ou fazer seu tabernáculo entre os homens (João 1:14), foi lhe dado o nome Emanuel, "Deus conosco" (Mateus 1:23). No final da sua missão terrestre, ele foi preparar um lugar para nós na presença de Deus (João 14:1-4). Ele prometeu fazer morada naqueles que o amam (João 14:23).

A missão começa em casa

Uma vez que Deus chamou a atenção de Gideão, ele lhe deu a sua primeira missão: destruir os ídolos do próprio pai e fazer um altar ao Senhor no mesmo lugar (Juízes 6:25-26). Gideão levou dez homens consigo e cumpriu o mandamento do Senhor na mesma noite. Os vizinhos ficaram irados, mas o pai de Gideão entendeu o significado de seu ato e o defendeu. Um "deus" que não consegue se defender contra um punhado de homens não merece defesa pelos homens. Parece que Joás, pai de Gideão, foi o segundo convertido nessa história.

A nossa missão, como a de Gideão, começa em casa. Tanto no Velho como no Novo Testamento, Deus destaca as nossas responsabilidades em relação à própria família. Filhos devem obedecer e honrar aos pais (Efésios 6:1-3). Maridos e esposas devem amar um ao outro (Efésios 5:25; 1 Pedro 3:7; Tito 2:4-5). Pais devem instruir os filhos, criando-os na disciplina e admoestação do Senhor (Deuteronômio 6:6-7; Efésios 6:4). Um dos alvos de cada servo de Deus é de influenciar sua família para servir ao Senhor (Josué 24:15).

Deus dá a vitória

Chegou o dia da grande batalha (Juízes 7). Gideão conduziu seu exército de 32.000 israelitas para o campo de conflito contra 135.000 midianitas. Sua desvantagem militar era de 4 contra 1! Deus não deixou Gideão entrar na batalha com este número de soldados. Em duas etapas, ele diminuiu a força militar de Israel. Primeiro, 22.000 voltaram para casa, e os midianitas ficaram com uma vantagem de 13,5 contra 1. Na segunda etapa, Deus mandou embora mais 9.700 israelitas, deixando Gideão com apenas 300 soldados. Para vencer o inimigo, cada soldado israelita teria que vencer 450 do inimigo!

Deus, na sua perfeita sabedoria, tinha um propósito bem definido nesta redução das forças militares de Israel. Ele mandou seu exército à batalha com uma desvantagem tão grande que ninguém poderia dizer: "A minha própria mão me livrou" (Juízes 7:2). Usando uma estratégia que não fez nenhum sentido, em termos militares, a pequena banda de israelitas venceu o exército dos midianitas.

Até hoje, muitas pessoas não aprenderam esta lição. Confiam em números, achando que grandes multidões são evidência da aprovação de Deus. Dependem de estratégias e táticas humanas e carnais para alcançar alvos de crescimento de igrejas. E, no fim, se gabam em seus relatórios, destacando os grandes feitos de homens. Muitos missionários e outros líderes religiosos, como os midianitas, confiam nos grandes números e nas táticas humanas (igrejas promovendo atividades não espirituais para aumentar sua freqüência, ensinando mensagens diluídas que parecem mais relevantes aos seus ouvintes carnais do que a mensagem da cruz, destacando edifícios impressionantes para atrair pessoas que não aceitariam a chamada simples de um Salvador humilde, etc.)

Mas, os verdadeiros servos de Deus não desviarão para tais caminhos errados. "Assim diz o SENHOR: Maldito o homem que confia no homem, faz da carne mortal o seu braço e aparta o seu coração do SENHOR!" (Jeremias 17:5). "Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo" (Gálatas 6:14). "Se Deus é por nós, quem será contra nós?" (Romanos 8:31).

Rejeição daqueles que ficaram em cima do muro

Gideão e sua banda de homens cansados perseguiram os midianitas (leia Juízes 8:1-21). Quando os soldados israelitas passaram nas cidades de Sucote e Penuel, eles pediram pão. Os homens dessas cidades não mostraram coragem para tomar uma atitude durante a batalha. Com medo de ofender os reis dos midianitas, eles recusaram ficar em pé com os homens de Deus. Só depois da batalha, quando baixar a poeira, apoiariam os servos do Senhor.

A decisão desses homens mostrou uma preocupação política ao invés de convicção espiritual. Pensaram mais na influência de homens importantes do que na palavra do Senhor. Gideão não aceitou tal postura. Ele voltou às mesmas cidades e castigou os covardes que recusaram apoiar os servos do Senhor na hora da batalha.

Gerações antes, Josué chamou o povo para tomar uma decisão para Deus e contra os falsos deuses (Josué 24:14-16). Séculos depois, Elias desafiou o povo indeciso com estas palavras: "Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o Senhor é Deus, segui-o; se é Baal, segui-o. Porém, o povo nada lhe respondeu" (1 Reis 18:21).

Hoje, muitas pessoas religiosas que alegam ser discípulos de Cristo demonstram a mesma covardia. Definem suas posições doutrinárias e práticas pelo vento de opiniões. Entendem mais de IBOPE do que de fé, mais de tradição do que de verdade, e mais de partidos do que de convicções. Paulo mostrou que o cristão deve sempre definir a sua posição pela palavra de Deus, e não pela opinião da maioria: "Porventura, procuro eu, agora, o favor dos homens ou o de Deus? Ou procuro agradar a homens? Se agradasse ainda a homens, não seria servo de Cristo" (Gálatas 1:10).

Bons homens tropeçam

Apesar de sua ilustre carreira militar, Gideão não era perfeito. O povo lhe agradeceu com um presente: argolas de ouro do despojo da batalha. Gideão usou o ouro para fazer uma estola sacerdotal que ele colocou na cidade dele. Não sabemos a intenção dele, mas os resultados são evidentes. O povo usou aquela estola como um tipo de ídolo, e logo iniciou o próximo ciclo de apostasia. Leia o relato em Juízes 8:22-35.

Devemos aprender desse erro. Às vezes, bons homens nos ajudam a sair da confusão religiosa, como Gideão ajudou os israelitas a saírem da idolatria. Esses homens podem nos ajudar em muitos sentidos, mostrando como respeitar a palavra de Deus em tudo que fazemos. Mas, eles ainda são homens. Da mesma forma que Gideão tomou o primeiro passo de volta à idolatria, bons homens hoje podem tropeçar e conduzir outros, de volta, à confusão religiosa. É uma ironia triste que, ao longo da História, muitos movimentos religiosos que começaram com tentativas de sair dos sistemas errados de denominações humanas resultaram na criação de novas denominações, com suas próprias tradições e falhas humanas. O fato que alguém nos ajudou no passado não garante que sempre nos conduzirá no caminho de Deus. Paulo mostrou que bons exemplos ajudam somente quando seguem a Cristo (1 Coríntios 11:1), e disse: "Julgai todas as coisas, retende o que é bom; abstende-vos de toda forma de mal" (1 Tessalonicenses 5:21-22).

Conclusão: a grandeza de Gideão

Gideão será lembrado eternamente como exemplo de fé (veja Hebreus 11:32). A grandeza desse homem não se encontra na sua força física, nem na sua inteligência, nem na sua auto-confiança. A Bíblia não comenta sobre sua aparência física nem sobre seu jeito de falar. Gideão se destacou na História, não por ser um grande homem, mas por ter um grande Deus. Deus é capaz de transformar os fracos, os tímidos e os abatidos para dar grandes vitórias ao seu povo. Como Gideão disse: "O Senhor vos dominará" (Juízes 8:23).

A mulher de Ló

A mulher de Ló
A misericórdia exercida no projeto errado
Texto Bíblico: Gênesis 19.12-26.

Sodoma e Gomorra impressionam os leitores do Antigo Testamento. Duas cidades irmãs conseguiram entrar no rol da fama devido ao peso de iniqüidade em todas as suas práticas. Eram cidades más. Tão más que não mereciam sobreviver.

Deus enviou seus anjos para comunicar a Abraão sobre a destruição das cidades. Abraão intercedeu por elas até ter certeza de que, se houvesse pelo menos dez justos, elas não seriam destruídas (Gn 18.32). Mas não adiantou. O fogo queimou as cidades!

Este dramático relato bíblico é muito desconfortável. Passa a idéia de que Deus não é misericordioso. Não combina de jeito algum com Ez 18.23, que diz: “Acaso, tenho eu prazer na morte do perverso? Diz o Senhor Deus; não desejo eu, antes, que ele se converta dos seus caminhos e viva?”. Nenhum profeta fora enviado a Sodoma e Gomorra para lhes anunciar possibilidade de arrependimento.

Além desta, encontramos outra dificuldade: o castigo sobre um dos poucos justos da cidade, a mulher de Ló, convertida numa coluna de sal, e não numa estátua, como algumas traduções o fazem.

Como podemos harmonizar a imagem de um Deus amoroso e perdoador, que de tanto amor se fez carne, habitou entre nós e se entregou à morte por nossa causa, com o Deus incendiário que petrificou a mulher por ter simplesmente olhado para trás? Sempre interpretamos a petrificação desta mulher como um castigo pela desobediência. É possível uma outra leitura deste texto?

1. O contexto do evento

Um pouco da geografia e das lendas do lugar têm o seu valor. A cidade de Sodoma ficava ao sul do mar morto. Gomorra era uma cidade vizinha, juntamente com Admá, Zoar e Zeboim.

A região contém um dos mais brutais acidentes geológicos do planeta, pois a Palestina está no maior “buraco” no solo da crosta terrestre, a 400 metros abaixo do nível do mar. O rio Jordão nasce numa montanha ao norte de Israel e vem descendo cheio de vida até desaguar no mar Morto (também chamado Arabá ou mar Salgado). Suas águas compreendem o maior depósito de sal e enxofre do planeta. Não há qualquer espécie de vida neste mar como: peixes, algas, corais, crustáceos, moluscos.

As lendas do lugar dizem que este “buraco” na região e o nível altíssimo de sal e enxofre são conseqüências da destruição das cidades. Os antigos diziam que não apenas a mulher de Ló foi transformada em estátua de sal, mas todos os habitantes das cidades também.

Mas a geologia detectou que milhares de anos atrás houve um tremor no solo submarino, que atingiu até a África, provocando uma rachadura na crosta terrester, que se refletiu neste desnível no solo, o que não explica o nível de sal e enxofre em suas águas.
Coluna de sal conhecida como mulher de Ló próxima ao Mar Morto.

2. Os personagens do evento

Já conhecemos Ló como o sobrinho de Abraão, filho de seu irmão Naor, que morrera na terra natal e se tornara como um filho adotivo para Abraão. As filhas virgens de Ló são mocinhas na nossa cultura, em idade adolescente, mas mulheres feitas na cultura da antiguidade.
A tradição rabínica enriquece a interpretação destes textos com alguns detalhes adicionais. Um deles é que Ló tinha quatro filhas, duas das quais já estavam casadas na época da destruição. Ló ofereceu aos homens da cidade suas filhas virgens. As casadas não foram mencionadas porque já tinham maridos. Outra informação é o nome da mulher de Ló: Idit (Irit ou Edit).

Ló saiu de Sodoma e se refugiou em Zoar, mas depois da chuva de fogo saiu da cidade e foi habitar as montanhas (Gn 19.17-22 e 30). Foi de Zoar que Idit contemplou a destruição das cidades e ali foi transformada numa coluna de sal. Quando Ló saiu de Zoar ele já estava viúvo e suas filhas não tinham noção de quantos seres humanos restariam para repovoar o mundo, e por isso tomaram a iniciativa do incesto (Gn 19.30-38).

3. Os conflitos do evento

Idit olhou para trás, desobedeceu à ordem expressa do anjo que disse: “escapa-te, salva a tua vida, não olhes para trás, nem te detenhas em toda esta planície. Escapa-te para os montes para que não pereças” (Gn 19.17). Por que Idit quis olhar para trás? Por que tamanho castigo lhe foi imposto, já que ela era uma das pessoas da cidade a quem os anjos puxaram pela mão para salvar da destruição? Será que foi castigo?

É comum ouvirmos pregadores afirmarem que a mulher de Ló se arrependeu ao deixar a cidade porque amava aquele lugar, porque teve pena de abandonar sua casa e suas coisas. Isso nos parece pouco real quando olhamos para o texto.

O texto hebraico deixa pistas que Idit realmente tinha duas filhas casadas, que ficaram em Sodoma. As traduções em português dizem que os genros que zombaram de Ló eram os noivos das filhas (Gn 19.14), mas na verdade a expressão hebraica hatan na maioria das vezes significa “marido de filhas”. Pode ser noivo também, mas a maioria das vezes a palavra é aplicada como genro marido e não genro noivo. O coração de mãe de Idit realmente lhe deu motivos suficientes para olhar para trás lamentando, não pela cidade, mas por suas filhas que ali ficaram. Quanta coisa poderia estar acontecendo no coração de Idit naquele momento?

4. As soluções do evento

Estas descobertas sobre o texto nos colocam diante de um quadro mais perturbador do que o que tínhamos antes do estudo, como se o texto nos revelasse um Deus que não leva em conta nem mesmo a natureza materna que Ele colocou na alma feminina.

Há algo mais profundo neste “olhar para trás” que muitas vezes nos fica embaçado porque a cena é tão traumática que ficamos petrificados como a coluna de sal, esquecendo-nos facilmente do propósito didático do texto. O que este texto pode ensinar a seus leitores?

Em primeiro lugar podemos aprender que não se deve ser espectador da destruição alheia quando nada pode ser feito para ajudar. Este é um conflito muito presente no nosso século. Se uma pessoa é atropelada, um monte de gente cerca a vítima, mas poucos tomam a iniciativa de socorrer. A mulher de Ló é um exemplo desta contemplação doentia pela desgraça alheia, algo a que o cristão não deve se adaptar. Michael Gold faz uma ressalva importante. Ele diz que quando não podemos ajudar, devemos desviar o olhar, porque as vítimas têm direito à privacidade de sofrerem sua dor sem serem humilhadas pela contemplação dos curiosos.

Uma outra lição que Idit nos ensina é a de não se deve colocar esperanças ou manter o coração num projeto do qual até Deus já desistiu. Ser transformada numa coluna de sal, não nos parece uma punição, muito menos arrependimento ou vontade de voltar para a cidade, mas apenas a conseqüência de manter o coração no projeto errado, por mais que nossa carne esteja envolvida nele. A petrificação de Irit é o reflexo de estar perto demais daquilo de que devemos manter distância. Talvez ela tenha se aproximado para ver se suas filhas não vinham correndo pelo caminho... quem sabe?

Neste mesmo texto há um recorte (Gn 19.27,28). Abraão, aquele que intercedera, contemplou a mesma destruição e bem de frente, mas de longe. Deus lhe prometera que, se encontrasse pelo menos dez justos a cidade seria salva. O olhar de Abraão para a destruição dizia: “nem dez justos havia!” O olhar de Irit dizia: “minha família está sendo destruída!”

Para pensar e agir

A compreensão do plano de Deus para nossa vida também atinge os nossos vínculos familiares?

Estamos gastando nosso tempo com projetos que não estão mais no coração de Deus?

Como discernir quando um projeto não merece mais nosso investimento de energia e dedicação?

Estamos aptos a confiar nas decisões de Deus a nosso respeito ou às vezes somos tentados a pensar que Ele não está sendo justo?

Leitura Diária

Segunda-feira – Gênesis 18.17-22

Terça-feira – Gênesis 18.23-33

Quarta-feira – Gênesis 19.1-8

Quinta-feira – Gênesis 19.9-14

Sexta-feira – Gênesis 19.15-23

Sábado – Lucas 17.20-37

Domingo – II Pedro 9.1-11

BATALHA DE ARMAGEDÃO

BATALHA DE ARMAGEDÃO

Muita gente tem uma noção errônea, se tem mesmo qualquer noção, sobre a Batalha de Armagedão. Pensam alguns que a última Guerra Mundial foi a Batalha de Armagedão. Outros têm avançado a idéia que ela será uma guerra entre católicos e não católicos. Ainda outros ensinam que ela é para ser um mero conflito espiritual entre o bem e o mal sem qualquer realidade literal. Outros, contudo, a confundem som o cerco aludido em Apoc. 20:8, que é para ser depois do Milênio. Todas estas idéias são inescriturísticas e indignas de consideração séria.

Estudemos esta batalha por notarmos o seguinte:

I. Por que a batalha é assim chamada?
A batalha é chamada segundo o logar em que ela é para ser ferida. Vide Apoc. 16:13-16. A Versão Revista dá o nome de Har-Magedon, que se define como significando a !montanha de Megiddo?, que se situa à margem sudoeste da Galiléia. Por isto se quer dizer, talvez, não meramente a montanha mesma senão a montanha e a seção em redor. Esta seção se descreve como !um elevado planalto rodeado de colinas? (Carpenter). Ela forma um passo para o Norte e assim foi famosa como campo de batalha. Esta vizinhança foi à cena de duas notáveis vitórias e três notáveis mortes. As vitórias foram: a de Baraque sobre os cananitas e de Gideão sobre os midianitas. As mortes foram: a de Saul, a de Acazias (morto por Jeú) e a de Josias. Mas o evento mais famoso de todos está ainda para ocorrer lá.

II. Quem deve ser os combatentes?
Os combatentes devem ser os reis da terra e os seus exércitos sob a chefia da besta e dos falsos profetas de um lado, e o Rei dos Reis e o Senhor dos Senhores com o Seu povo ! os judeus e os santos glorificados ! de outro lado. Vide Joel 2:11; Zac. 12:2,3,8,9, 14:3; Apoc. 19:11-12.

III. Os pormenores da batalha
Próximo ao fim do período da grande tribulação a besta e o falso profeta (a segunda besta ! Apoc. 13:11) despacharão seus emissários a iniciar as nações da terra para se ajuntarem contra Jerusalém (Apoc. 16:13-16, 19:19). Com isto não fazem senão cumprir o propósito de Deus, porque é Seu desígnio reunir todas as nações juntas para o fim de as julgar (Joel 3:2) e derramar sobre elas Sua indignação e furiosa ira (Zac. 3:8). Os exércitos das nações serão permitidos de capturar Jerusalém e nela produzir grande destruição (Zac. 14:2). Na aproximação dos exércitos e a captura da cidade serão mortos dois terços dos judeus então na Palestina (Zac. 13:8,9). Todos os judeus em Jerusalém que não forem mortos serão ou capturados ou enxotados da cidade (Zac. 14:2). Então, o Senhor aparecerá para livrar Seu povo (Zac. 14:4). Então, a julgar do fato que Apoc. 16:16 diz que as nações devem ser ajuntadas num logar chamado Armagedão, tomamos que os exércitos das nações, alarmados pelos eventos que pressagiarão a vinda do Senhor, desertarão Jerusalém em retirada para o Norte. Em Armagedão o Senhor os apanhará e os visitará vingadoramente como descrito em Isa. 66:15,16; Zac. 14:12,13; Apoc. 16:17-21, 19:20,21.

IV. A vingança do senhor em conexão com esta batalha será mundial
A vingança do Senhor far-se-á visitar não somente sobre os exércitos das nações que vem contra Jerusalém, mas também sobre todos os ímpios por todo o mundo. Cremos que isto está patente nas seguintes passagens: Jer. 25:15-33; Isa. 24:17-21; 26:20,21; 34:1,2.

V. A revelação desta batalha com o julgamento das nações
Cremos que o julgamento das nações, como traçado em Mat. 25:31-46, terá logar em conexão com a Batalha de Armagedão. cremos que Mat. 25:31-46 é uma figurada dos tratos de Deus com as nações na Batalha de Armagedão e a destruição que sobrevirá. É nisto que todos os joios devem ser ajuntados do Seu reino e queimados (Mat. 13:40-43). Ninguém sobrevirá a esta prova excepto os justos. Para a relação entre esta batalha e o julgamento das nações vide Joel 3:2,12,13. Notai também Joel 2:10,31; 31:15-16; Isa. 13:10,11 em conexão com Mat. 24:29.

VI. Este período de destruição mundial será !o dia do senhor?
Vide Isa. 2:12; 13:9; 34:8; Jer. 46:10; Ez. 30:3; Joel 1:15; 2:11; Amós 5:18-20; Obadias 15; Zac. 1:15,18; 14:1. !O dia do Senhor? é para ser um dia de duração prolongada (Zac. 14:6,7).

VII. Um novo céu e uma nova terra emergirão do dia do senhor
Vide Isa. 34:4; 65:17-25; 2 Ped. 3:10-13.

A PEDRA REJEITADA PRECIOSA

A PEDRA REJEITADA PRECIOSA

Nos últimos dias antes da sua morte, Jesus confrontou, desafiou e repreendeu os líderes religiosos em Jerusalém. Estes ficaram frustrados quando Jesus recebeu a adoração da multidão na sua chegada à cidade. Eles se sentiram ofendidos e ameaçados quando ele expulsou os comerciantes do templo. E quando ensinou no próprio templo – a casa de Deus que eles consideravam território próprio deles – questionaram a autoridade de Jesus para fazer tais coisas. Os servos infiéis questionaram a autoridade do Filho sobre seu uso da sua própria casa!

Jesus mostrou a incoerência da conduta desses líderes com uma simples pergunta sobre o batismo de João. Eles, mais preocupados com a política do que com a verdade, recusaram responder (Mateus 21:23-27).

Parábolas sobre a Rejeição pelos Líderes Religiosos

Depois desta conversa com os principais sacerdotes e os anciãos dos judeus, Jesus usou duas parábolas para mostrar a rebeldia deles diante de Deus. Na primeira, ele mostrou que os pecadores penitentes foram mais justos do que os religiosos rebeldes (Mateus 21:28-32). Na segunda, ele falou de servos encarregados com a vinha do seu senhor. Ao invés de pagar os valores devidos ao dono da vinha, estes servos maus maltrataram e mataram os mensageiros que ele mandava receber os pagamentos. Afinal, o dono da vinha mandou seu próprio filho, achando que eles o respeitariam. Os lavradores, vendo a oportunidade de tomar posse da vinha, mataram o filho do dono. As pessoas que ouviram a parábola entenderam que o dono teria todo motivo para destruir aqueles servos maus (Mateus 21:33-41). Os líderes dos judeus entenderam, corretamente, que Jesus usou aquelas parábolas para falar deles e de suas atitudes erradas para com Deus (Mateus 21:45-46). Os desafios continuaram, os religiosos armando ciladas para Jesus, e o Cristo mostrando a perfeita sabedoria que os silenciou (Mateus 22 e 23).

Jesus: A Pedra Rejeitada pelos Construtores

No meio destas discussões (Mateus 21:42), Jesus citou a profecia de Salmo 118:22-23 – “A pedra que os construtores rejeitaram, essa veio a ser a principal pedra, angular; isto procede do Senhor e é maravilhoso aos nossos olhos.” Esta profecia do salmista e uma referência semelhante em Isaías 28:16 se tornaram pontos importantes na pregação apostólica. Além de três dos relatos do evangelho incluirem o comentário de Jesus (Mateus 21:42; Marcos 12:10 e Lucas 20:17), pregadores como Pedro e Paulo desenvolveram e aplicaram o mesmo tema.

Nas construções antigas, a pedra angular era a pedra de esquina que servia para alinhar toda a construção. A escolha de uma boa pedra facilitaria a construção conforme a planta. Uma pedra fora de esquadria resultaria numa construção errada. Os construtores de Israel julgavam Jesus uma pedra inadequada para o tipo de construção que eles queriam. Deus o julgou perfeito para edificar a igreja conforme a planta divina.

Jesus: A Pedra Eleita e Preciosa

Pedro fez a aplicação direta quando repreendeu os líderes em Jerusalém: “Este Jesus é pedra rejeitada por vós, os construtores, a qual se tornou a pedra angular” (Atos 4:11). Algumas décadas depois, ele usou o mesmo princípio para frisar a importância da santidade dos cristãos (1 Pedro 2:4-10). Ele mencionou a rejeição da pedra angular pelos descrentes, mas fez seu apelo aos crentes. Para os servos do Senhor, a mesma pedra é “eleita e preciosa”. Baseado neste princípio da preciosidade da pedra angular, Pedro disse aos cristãos: “Vós, porém, sois raça eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, a fim de proclamardes as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1 Pedro 2:9). Paulo fez a mesma aplicação deste tema: “Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra angular; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para santuário dedicado ao Senhor” (Efésios 2:19-21).

Os Cristãos: Pedras que Vivem

Por terem uma relação especial com a pedra angular, eleita e preciosa, os cristãos devem viver de maneira distinta do mundo: “Chegando-vos para ele, a pedra que vive, rejeitada, sim, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, também vós mesmos, como pedras que vivem, sois edificados casa espiritual para serdes sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por intermédio de Jesus Cristo” (1 Pedro 2:4-5).

A Pedra Rejeitada Hoje

Na época de Jesus, Pedro e Paulo, a maioria dos líderes religiosos – mesmo aqueles que afirmavam servir a Deus – rejeitaram o próprio Senhor. Eles queriam construir suas congregações e movimentos conforme as suas próprias idéias, enfatizando alguns princípios da palavra de Deus e ignorando outros. As tradições destes líderes, muitas vezes, tomou o lugar da verdade revelada por Deus. Há muitos construtores no mundo religioso atual. Líderes religiosos procuram construir igrejas e iniciar e manter movimentos religiosos. Em todos os casos, devemos avaliar estas construções para ver como tratam a pedra angular escolhida por Deus. É triste observar que muitos dos construtores hoje imitam os religiosos que rejeitaram Jesus há 2.000 anos. Rejeitam o Senhor e a palavra dele e estabelecem outras bases que se tornam sagradas.

Algumas Pedras Erradas

Quando suplantam Jesus, os construtores colocam suas próprias pedras no fundamento de suas igrejas e movimentos. Geralmente, estas pedras são distorções de ensinamentos bíblicos. No caso dos fariseus do primeiro século, as pedras erradas eram várias. Alguns exemplos: regras humanas sobre o sábado (Marcos 2:23-28; os fariseus faziam acréscimos à lei do sábado que Deus havia dado aos judeus – Êxodo 31:12-18), tradições dos homens sobre como lavar as mãos e as louças (Marcos 7:3-9), e ensinamentos sobre jeitos de evitar suas responsabilidades para com seus pais (Marcos 7:10-13).

Hoje, líderes religiosos têm escolhido outras pedras, também distorcendo verdades reveladas nas Escrituras ou acrescentando suas próprias doutrinas. Considere alguns exemplos atuais:

O Livro de Mórmon. A pedra angular dos mórmons é o Livro de Mórmon. Eles dizem: “Joseph Smith traduziu o Livro de Mórmon para o inglês pelo dom e poder de Deus. Ele disse que o livro ‘é o mais correto que existe sobre a face da Terra e a pedra angular de nossa religião e [que] um homem pode se aproximar mais de Deus observando os seus preceitos do que pelos de qualquer outro livro.’ (History of the Church, 4:461). O Presidente Ezra Taft Benson ajudou-nos a entender como o Livro de Mórmon é a pedra angular de nossa religião....” (citação do site www.mormons.com.br). Ao invés de aceitar Jesus Cristo como a pedra angular, eles adotam um outro evangelho como o fundamento de sua religião. Lembremos a advertência dada pelo apóstolo Paulo: “Mas, ainda que nós ou mesmo um anjo vindo do céu vos pregue evangelho que vá além do que vos temos pregado, seja anátema” (Gálatas 1:9).

Uma Forma Exclusiva do Nome de Deus. Apesar do fato que os apóstolos usavam traduções das Escrituras que representavam nomes divinos em outros idiomas, várias seitas têm surgido defendendo formas “autênticas” de escrever e pronunciar nomes de Deus (Jeová, Yehoshua, Yeshua, etc.). No zelo pela forma do nome, alguns desses grupos até alteram as Escrituras inserindo a forma “autêntica” em textos onde não aparece. As Testemunhas de Jeová, por exemplo, usam uma versão da Bíblia na qual os tradutores inseriram o nome Jeová no Novo Testamento mais de 200 vezes, apoiando a aplicação deste nome ao Pai e negando o fato que Jesus, também, é o Senhor descrito no Antigo Testamento como YHWH (Jeová). É impossível compreender o primeiro capítulo de Hebreus e ainda negar que Jesus é o Senhor Eterno identificado como YHWH.

Métodos Específicos de Crescimento. Outros movimentos têm destacado determinados métodos de crescimento – métodos específicos de discipulado, organização de igrejas em células, etc. – como a característica que os define. O sistema humano se torna o ponto principal, e pessoas que não adotam o mesmo sistema são rejeitadas.

O Evangelho Social. Alguns grupos têm focado suas obras sociais de maneira que enfatizam o segundo mandamento acima do primeiro (Mateus 22:36-40). Estas igrejas desviam sua atenção de sua missão espiritual e concentram seus recursos e suas obras em atividades sociais.

O Ecumenismo. Numa sociedade em que a tolerância é valorizada mais do que a verdade, o espírito ecumênico se tornou mais importante do que o Senhor Jesus. A pedra angular de algumas religiões é a convivência pacífica, abandonando a guerra espiritual dos verdadeiros cristãos (2 Coríntios 10:3-6) e esquecendo totalmente o sentido da nossa santificação.

Voltar à Pedra Angular Verdadeira e Eterna

O desafio diante de nós é simples, mas exigente: voltar à pedra angular verdadeira. “Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo” (1 Coríntios 3:10). “Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam” (Salmo 127:1). Voltar a Jesus significa mais do que a aceitação dele como Salvador. Significa o compromisso de obedecê-lo como Senhor, aquele que tem toda autoridade (Mateus 28:18-19; Colossenses 3:17; 1 Pedro 4:11; 2 João 9). É essencial respeitar a pedra angular para construir conforme a planta original dada por Deus.