26/07/2009

Ezequiel o Atalaia de Deus

Ezequiel o Atalaia de Deus

Introdução

Em II Reis 24:8: 17 encontramos o relato da tomada e deportação da população produtiva, dirigente e “notável” de Jerusalém para Babilônia. O templo foi sagrado e seus utensílios levados para a capital de Nabucodonosor.
Neste grupo que viajou em direção a Babilônia, provavelmente encontrava se Ezequiel. Neste período (600 a 597 a.C.), três grandes profetas ministraram ao povo: Jeremias, Daniel, e Ezequiel. Jeremias na corte de Jerusalém, Daniel na corte babilônica e Ezequiel entre os exilados. Ezequiel era da linhagem sacerdotal, percebe se o cuidado registrado em suas profecias como falsa adoração (pecados, ritualísticos, cap. 8) e a esperança do novo templo. Ezequiel, possuidor de uma voz suave (33:32), usou de ações cheias de símbolos, para expressar dramaticamente sua mensagem.

O que é um Atalaia?
I. Individuo que vigia; Sentinela;
II. Guarita para serviço desse indivíduo;
III. Torre ou lugar de vigia em situação elevada;
IV. Montanha ou morro mais elevado de uma serra. Atalaia, “lugar elevado de onde se vigia”
V. Soldado armado que se coloca próximo de um posto de para guarda lo, para descobrir o inimigo, para prevenir surpresas e para executar tudo o que lhe foi determinado por seus superiores hierárquicos.

A Sentinela do Quartel
VI. Individuo isolado que está de vigia: Uma sentinela deve estar sempre alerta.
VII. O que guarda, o que preserva.
VIII. Qualquer coisa ou construção colocada em lugar alto, elevado como uma árvore, uma coluna, uma torre, principalmente quando posicionadas em local ermo.

Sentinela Perdido
I. A de posto avançado e perigoso

A Preparação do Atalaia do Senhor

Ez 3:17 – Ezequiel é chamado para ser o Atalaia do Senhor no meio dos filhos de Israel.

Ez 3:5-7 – Em meio ao cativeiro o povo tornava se endurecido e insensível.

Ez 3:8-10 – O Senhor capacita Ezequiel para que seja duro como o diamante. O diamante é o material mais duro que existe na terra. O atalaia precisa colocar em seu coração todas as palavras do Senhor e ouvi las com seus ouvidos.

· Capacidade de receber a revelação


O Trabalho de Atalaia é Perigoso

Ez 3:18-21- O Senhor explica a Ezequiel quão perigoso é o trabalho do atalaia espiritual. O atalaia militar é executado se falhar na sua missão: também a sua morte é o primeiro objetivo do inimigo, pois ele precisa ser silenciado. O atalaia espiritual, de certa forma, falhando, receberá sobre si a culpa dos pecados alheios e terá agravado a sua “morte espiritual”. (Jo 1:19).
“como atalaias na torre de Siao, é nosso dever e direito como lideres, denunciarmos os males de hoje, males que ameaçam o próprio fundamento de tudo o que nos é caro como verdadeira igreja de Cristo e como membros de nações cristas”.

Não é ser fácil ser Atalaia

O Senhor exige muito de seus atalaias, pois afinal eles estão em uma missão que representa a vida ou morte espiritual de muitas pessoas. Muitas vezes Ezequiel precisou passar por transtornos físicos, emocionais e espirituais para realizar esta missão.

Ezequiel 3:24-27 – Ficou mudo, só falava se o Senhor permitia e não podia sair de casa por 490 dias. Imagina a disciplina necessária!

Ezequiel 4:4-8 – Quando ia dormir era amarrado para que permanecesse dormindo por 390 dias somente no lado esquerdo, depois por mais de 40 dias no lado direito. Já pensou no incomodo físico!

Ezequiel 4:9-13 – Deveria viver neste período de 430 dias com uma ração diária de 284g de pão e 500 ml de água. Este pão deveria ser cozido sobre calor de um foto cujo combustível era excrementos humanos!

Ezequiel 4:14 – Bom, ai Ezequiel pediu para que o Senhor aliviasse o fardo. O Senhor então atendendo ao pedido, substituiu o combustível por estrume de gado. E tu achas ruim comer gueroba, jiló e quiabo!

Ezequiel 5:1-4 – O Senhor ordena que ele, raspe a cabeça e barba, algo extremamente aviltante. Você acha ruim usar gravata ou saia?

“Em tempos sérios como estes, não podemos permitir que o medo de criticas nos impeça de levar avante o nosso trabalho, de ser taxado de político, visto que o governo está se entrelaçando cada vez mais em nossa vida cotidiana.

Há entre nós aqueles que não querem ouvir a mensagem. Ela é embaraçosa. As coisas que ameaçam nossa vida, nosso bem estar, nossas liberdades são exatamente o que alguns de nós vem tolerando. Muitas são os que não querem ser perturbados, preferindo continuar gozando de sua confortável complacência.

Atalaia avisa os ímpios.


Rev. Karlos Zzoette.
Ministério: Palavra, Unção e Fogo

13/07/2009

Salmos 120:1

Salmos 120:1

Na minha angústia clamei ao Senhor, e Ele me ouviu.

No mundo de hoje, quem não vive angustiado, pressionado, sufocado e não passa por tristezas e desilusões?
Não só no mundo de hoje, más também no passado quantos não sofreram tais perseguições?
Mas o que é bom é que quando eu leio isto, digo salmo 120 verso versículo 1, reparo que ele me ouviu, não virou as costas como muitos amigos fazem, familiares etc. etc...
Não sei o que você esta passando, mas creia que Deus vai te ouvir...
Pare, ore e espere a confirmação, na hora exata o teu socorro virá, acredite!!!

Muitas vidas se encontra no sob o domínio de Satanás,sem uma legalidade aparente.O histórico familiar tem mostrado que 75% das tragédias concentra-se na arvore genealógica familiar.Exemplo: espíritos Familiares.É comum constatarmos a infidelidade no casamento ser transmitida.Um comportamento que se repete.Um demônio que se instala.:
Sinais evidente de demônios instalados na Família:
Depressões emocionais,repetidas doenças crônicas,repetidos abortos,repetidos divórcios e separações,repetidos alcoolismo,incapacidade de engravidar,continua falta financeira,repetidas mortes prematuras,repetidas infidelidade,imoralidades e perversidades sexuais,predisposição para desastre,repetidos suicídios,maldição da miséria.Ex. Síndrome de Bancarrota,pessoas que chegam a crescer financeiramente e perde tudo repentinamente.Faça isto rapidamente, Declare neste momento o versículo do Salmos 91 Cap 1º Eu e Minha família moramos no esconderijo do Altíssimo e descansamos na sombra do onipotente. vers 7: Mil pragas e demônios cairão ao meu lado e ao lado da minha família e 10 mil a nossa direita mas nos não seremos atingidos em o Nome do Senhor Jesus,apos você declarar a palavra do Senhor o inimigo perde toda a legalidade oculta que ele tinha sobre você e sua família.

Deus Abençoe a todos.

Deus Socorre!

Se esconda nEle que ali existe proteção!

Existem momentos em nossas vidas em que somos pegos pelo desespero. Não vemos saída para as grandes dificuldades da vida. Parece que só um milagre pode resolver nossa situação. Existem alguém que sabe muito bem o que é isso, o seu nome não é mencionado, mas ele menciona coisas muito importantes para nossas vidas.

No Salmo 42 ele mostra seu desespero dizendo: "As minhas lágrimas têm sido o meu alimento dia e noite...”(3a). E também: "Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu” (5, 11).

No Salmo 43 continua o desespero: "Pois tu és o Deus da minha fortaleza. Por que me rejeitas? Por que hei de andar eu lamentando sob a opressão dos meus inimigos?”(2). No 44 ele mostra como está se sentido verdadeiramente. Depois de dizer que lembra o que o Senhor fez com os seus antepassados, os seus grandes feitos, diz: "Desperta! Por que dormes, Senhor? Desperta! Não nos rejeites para sempre! Por que escondes a face e te esqueces da nossa miséria e da nossa opressão? Pois a nossa alma está abatida até ao pó, e o nosso corpo, como que pegado no chão. Levanta-te para socorrer-nos e resgata-nos por amor da tua benignidade” (23-26).
Está aí! O palco montado, o desespero a solta, aguardando em Deus uma resposta. E Deus responde! De alguma forma suas declarações de desespero mudam, e vêm o salmo 46. E a verdade é que o Senhor nos socorre, Ele é o nosso refugio,e nos socorre em todas as ocasiões. Confie no Senhor Jesus.
Deus abençoe muito sua vida!

04/07/2009

Você é Fermento ou Farinha

Você é Fermento ou Farinha

(Mateus 13:33)

Outra parábola lhes disse: O reino dos céus é semelhante ao fermento, que uma mulher toma e introduz em três medidas de farinha, até que tudo esteja levedado.

FERMENTO: A Palavra, O Espírito Santo agindo dentro do homem.

FARINHA: A Sociedade, A massa Humana, O Mundo, O Serhumano

MULHER: A Igreja, "panificadora”, Forno ( Lugar onde assa a massa).


FERMENTO NA MASSA
Mateus 13:33

Das coisas bem comuns de nosso dia a dia, podemos tirar lições preciosas para a vida.
Aprendi que uma substância chamada "levedo" é um fermento. – E para quê serve o fermento? – Sua finalidade é fazer uma certa massa crescer. Assim pode-se usá-lo na cozinha introduzindo-o numa variada coleção de receitas apetitosas.

O fermento em pó, também tem esta propriedade de fazer crescer a massa , só que possui um efeito instantâneo.

O fermento chamado "levedo" é colocado na massa e deve-se esperar por algum tempo para que dê resultado. Para que dê o crescimento desejado à massa.

O fermento em pó, colocado na massa, permite levar logo ao forno e vemos imediatamente o seu resultado.

Os dois, são métodos usados para preparar a massa, dependendo do que queremos fazer.

Foi conhecendo esta ação do fermento, que Jesus fez a seguinte comparação: - "O Reino de Deus é como o fermento que uma mulher pega a mistura em três medidas de farinha, e toda a massa fica fermentada." (Mateus 13:33/Bíblia na Linguagem de Hoje)

Assim é o Reino de Deus! Às vezes é como fermento em pó. Outras vezes é como o levedo. Isto é, algumas vezes, uma Palavra Divina ouvida, faz crescer imediatamente na massa humana , o amor a Deus e a ocupação com o próximo, como cada se ocupa consigo mesmo. Outra vezes, leva mais tempo. É preciso tempo e calor para dar crescimento na massa. Entretanto, a ação do levedo precisa ser na massa reunida.

Ela pode estar sendo prensada, esmagada e sofrida. Mas, se o fermento não estiver estragado e estiver sendo colocado ali, a massa vai crescer. Vai crescer no amor a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Os cristãos são chamados a atuar nesta enorme "panificadora" de Deus. São chamados a continuar "preparando a massa "e não se desapontar se o fermento agir como o levedo, lenta e não instantaneamente.

O fermento do Reino de Deus, mais do que palavras, é o amor presente de Deus que atua em pensamentos, em palavras e ações. É isto que faz crescer a massa que crê no agir de um Deus que a despeito de todos os abandonos, continua firme no seu propósito de nos tornar a todos, massa do mesmo bolo, do mesmo pão, do "PÃO DA VIDA – JESUS CRISTO".

Falsos conceitos e falsas doutrinas também são fermento na massa de uma população inteira. E como fazem crescer a massa da incredulidade e do desprezo a tudo que vem de Deus.

Partilhemos o que Deus faz por nós e não nos preocupemos com as mudanças se serão imediatas ou através dos tempos. Que nosso testemunho de vida, seja fermento em pó ou em levedo, mas seja o que dá crescimento à grande massa dos que crêem em Deus, vivem para Deus, morrem para Deus e ressuscitarão para Deus

A parábola do fermento: o contágio celestial

"Disse-lhes outra parábola: O reino dos céus é semelhante ao fermento que uma mulher tomou e escondeu em três medidas de farinha, até ficar tudo levedado" (Mateus 13:33; veja também Lucas 20:21).

De todas as parábolas que Jesus ensinou ao lado do Mar da Galiléia, esta é a mais breve. Ela termina quase tão rapidamente como começa, deixando que nos agarremos com esta mensagem rápida e cortante. Tanto Mateus como Lucas registram esta parábola em associação imediata com a parábola da semente de mostarda, o que deixa a clara impressão de que ela, também, tem a ver com o modo como o reino se expande, ainda que seu impulso pareça mais para dentro do que para fora.

"O reino do céu é como o fermento..." Na lei de Moisés, o fermento era, com poucas exceções, proibido em oferendas, e durante a Páscoa todo fermento tinha que ser removido da casa (Êxodo 13:3; Levítico 2:11; Amós 4:5). Em todos os outros casos no Novo Testamento onde o fermento é usado como uma figura, ele é usado como uma má influência (Lucas 12:1; 1 Coríntios 5:7; Gálatas 5:9). Por esta razão alguns concluíram que o fermento nesta parábola simboliza uma força malévola, a sub-reptícia chegada da apostasia (J. N. Darby, Brief Exposition of Matthew, 1845, 40). Mas na parábola do fermento, como todas as outras da série junto ao mar, é explicitamente dito que ela pinta o reino do céu, e não o domínio de Satanás (Mateus 13:33; Lucas 13:20-21). Não há problema real aqui, uma vez que toda influência espiritual, tanto má como boa, trabalha do mesmo modo, e o uso diferente da mesma metáfora não é desconhecido nas Escrituras. Tanto Satanás como Cristo são comparados a um leão (1 Pedro 5:8; Apocalipse 5:5); mas no diabo é vista a ferocidade do leão negaceando sua presa, e em Jesus sua força e coragem. A pomba, em um lugar, é usada para ilustrar a tolice (Oséias 7:11) e em outro, a inofensiva simplicidade (Mateus 10:16).

"Que uma mulher escondeu em três medidas de farinha..." Como Buttrick observou, "Esta parábola sofreu muitas ofensas nas mãos dos alegoristas". Houve quem visse na mulher a igreja ou o Espírito Santo quando nada mais parece querer dizer além de que este é o tipo de trabalho feito costumeiramente pelas mulheres. Para Agostinho as três medidas de farinha representavam toda a raça humana nos três filhos de Noé; para Jerônimo e Ambrósio elas significavam a santificação do espírito, alma e corpo. Ainda que estas idéias possam em geral não estar muito longe do significado da farinha, as três medidas com toda probabilidade sugerem simplesmente nada mais do que a quantidade costumeira de massa usada no mundo antigo para assar pão (isto é, cerca de um alqueire, pouco mais do que 35 litros - Gênesis 18:6; Juízes 16:19; 1 Samuel 1:24).

A parábola do fermento parece falar da serena transformação que o reino de Deus opera no espírito humano e do modo sem ostentação pelo qual ele passa de coração a coração. Assim, o fermento, como a luz e o sal (Mateus 5:13-14), é um agente mudo mas poderoso. Justamente desse modo Jesus trabalhou entre os homens: "Não clamará, nem gritará, nem fará ouvir sua voz na praça" (Isaías 42:2-3; Mateus 12:17-21). Contudo, seu trabalho nunca foi secreto nem furtivo: "Eu tenho falado francamente ao mundo; ensinei continuamente tanto nas sinagogas como no templo, onde todos os judeus se reúnem, e nada disse em oculto" (João 18:20).

A obra do fermento também é interna e invisível. Esta parábola é uma declaração poderosa de natureza espiritual do reino. Foi este mesmo ponto que Jesus uma vez apresentou aos fariseus: "Não vem o reino de Deus com visível aparência. Nem dirão: Ei-lo aqui! Ou: Lá está! Porque o reino de Deus está dentro de vós" (Lucas 17:20-21). A revolução radical do reino de Cristo (diferente dos reinos dos homens, João 8:36) iria explodir silenciosamente dentro, operando uma completa transformação do coração. O fermento precisa portanto simbolizar o evangelho como opera invisível no espírito individual (1 Pedro 1:22-23) e então passa silenciosamente de um coração para outro (Atos 8:4).

A palavra de Deus é a semente em germinação da qual vem a nova vida de Deus, mas aqueles que foram tocados por ela também se tornam luz, sal e fermento no mundo (Mateus 5:13-14; Filipenses 2:15). Sua humildade de espírito e piedade de vida ornam "em todas as coisas, a doutrina de Deus" (Tito 2:10) e inevitavelmente atraem e então contaminam outros com o mesmo poderoso contágio celestial que mudou suas próprias vidas. O movimento de uma tão profunda força espiritual não é ruidoso nem clamoroso como um exército em marcha, mas firme, quieto e inexorável como uma planta tenra que primeiro penetra e depois trinca, e finalmente rompe a mais empedernida das rochas.

"Até que toda ficou fermentada..." Se temos que entender a massa como o coração de uma única alma, então é certo tomar o "toda" como um absoluto, porque em Cristo tudo é renovado (2 Coríntios 5:17); O todo da personalidade é penetrado. Mas se a massa simboliza o mundo, a parábola precisa ser entendida como falando da fermentação de todo coração honesto e bom e não de salvação universal (Mateus 7:13-14), ou alguma influência social universal ou uma humanidade não convertida. É inconcebível que aquele que veio "buscar e salvar o que estava perdido" jamais se preocupasse com o mero impacto social do evangelho. Com Jesus e seu reino era redenção pessoal ou nada (João 3:3-5).


As parábolas de Mateus 13 (continuação)

Falamos que Jesus mudou a pregação do oferecimento do Reino à nação de Israel e começou a profetizar acerca de um intervalo chamado de Igreja, o nosso período. Porém, também dissemos que a Igreja faz parte do que Jesus chamou de: "Mistérios do Reino dos Céus". O reino é eterno, nunca acaba, mas a diferença é que nesse período, chamado por Jesus assim, o reino continuaria porém sem o Rei presente fisicamente na terra.
Jesus, nas parábolas de Mateus 13, oito parábolas, vai explicar quais são as características desse período, o Reino dos Céus sem o Rei presente fisicamente. Se identificarmos bem esse período no tempo, início e fim, ficará mais fácil o entendimento da Bíblia, à partir de Mateus 13.


1ª Parábola; a parábola do semeador
Mateus 13:1~23
Esta é a parábola introdutória e que serve de base para as demais. É a única parábola que não tem a frase inicial: "o reino dos céus é semelhante...". Jesus dá a explicação da parábola e fica bem claro que, de um modo geral, a Palavra de Deus vai ser pregada ao longo de todo o período e pessoas vão crer e pessoas não vão crer.

V.4 e V.19; os que ouvem a Palavra e não a compreendem, vem o Maligno e tira o que foi semeado no coração. Vocês já pregaram o Evangelho a alguma pessoa e a encontra novamente após algum tempo e parece que você não pregou nada, ela não entendeu nada e esqueceu tudo? Sempre que pregarmos a alguém, devemos orar em nome de Jesus, para o Diabo não roubar a Palavra plantada em seu coração.
V.5~6 e V.20~21; vemos pessoas que recebem o Evangelho e dizemos delas: "Essa aí recebeu bem, nasceu de novo"; achamos que entendeu tudo, juntou-se a um grupo cristão, começou a se interessar, mas dali a pouco, vai murchando, esfriando, começa a faltar nas reuniões, se desinteressa e vai embora. Achamos que tinha nascido de novo, mas quando começa a menor perseguição, a menor crítica, etc., se escandaliza e abandona.
V.7 e V.22; a semente cai entre espinhos; é para aqueles que quando descobrem que deve haver comprometimento, cai fora.
V.8 e V.23; e os que verdadeiramente nascem de novo, os que verdadeiramente aceitam a Palavra de Deus, vão frutificar; uns mais outros menos, são nascidos de novo, chamados de boa terra.

2ª Parábola; a parábola do trigo e do joio
Mateus 13: 24~30 e 36~43
Embora esta parábola também trate de semeadura, o enfoque é outro; a semeadura verdadeira da 1ª parábola, é aqui imitada por uma FALSA SEMEADURA. Ainda que o falso e o verdadeiro cresçam juntos, o Senhor deixa bem claro que no final, a sua justiça será feita. A ceifa citada aqui, não se refere ao arrebatamento da Igreja, mas sim ao julgamento que será feito no final da tribulação. Notem, no arrebatamento a Igreja será retirada e o mal deixado, aqui na parábola, entretanto, 1º o joio é retirado e depois o trigo é recolhido no celeiro de Deus, quem é trigo entrará no Milênio.
Como na 1ª parábola, Jesus disse que iria explicar os Mistérios do Reino dos Céus, agora ele vai mostrar as características que vão marcar este período. Já sabemos da 1ª, que é a básica, a Palavra será pregada, uns vão crer e outros, por esse ou outro motivo, não vão crer.

V.24; agora todas as parábolas vão ter essa frase: "O Reino dos Céus é semelhante...".
Quem semeia a boa semente é Jesus.
O inimigo é o Diabo.
O campo é o mundo.
A boa semente são os filhos do Reino, o trigo, os salvos.
O joio são os filhos do maligno; os não salvos.
A ceifa é o fim do mundo, aqui se refere ao final deste período que é o final da tribulação, não é o arrebatamento.
Os ceifeiros são os anjos.
Segunda característica; haveria pregação da Palavra, muitos não iam crer, por vários motivos e muitos iam crer. Entre os que cressem, Satanás semearia, enviaria agentes seus, pessoas parecidas com o trigo, mas joio, e só serão separados na consumação desse período, que vai além da Igreja.
V41~42; primeiro o joio é retirado.
V.43; e o trigo, os justos permanecem.
No arrebatamento, os justos, os salvos, são retirados e os não salvos permanecem, é diferente. Então, existirão novos salvos (trigo), que se formarão na tribulação, e que permanecerão após esse período, e os perdidos serão lançados na "fornalha de fogo", no inferno, e "ali haverá choro e ranger de dentes".

3ª Parábola; a parábola do grão de mostarda
Mateus 13:31~32
Desde que o grão de mostarda produz um arbusto, e aqui Jesus fala de uma árvore, estamos diante de algo anormal. O Senhor Jesus, diz na 1ª parábola que as aves são o maligno; precisamos distinguir entre a Igreja verdadeira, a que Deus vê, a igreja invisível universal, e o que hoje é chamado de "Cristandade ou Cristianismo". No contexto do mundo hoje, quando essa palavra Cristianismo é citada, envolve todas as religiões chamadas "CRISTÃS": catolicismo romano, catolicismo ortodoxo, protestantismo, testemunhas de Jeová, mormonismo, adventismo, espiritualismo, etc. Realmente, o Cristianismo de nossos dias, tem se tornado uma árvore enorme, mas anormal, porque há distorção da verdade no seu meio, e todas as religiões estão sendo convidadas a fazerem os seus ninhos aí, isto é o "ecumenismo".
Ecumenismo é uma coisa totalmente contrária a Deus, contrária a Palavra de Deus. O Cristianismo verdadeiro, não se trata de uma união de religiões, mas sim de uma unidade, de um corpo; não é uma união, jamais foi ou será uma união de várias coisas, de vários membros, e sim um organismo, uma unidade. O que o ecumenismo propõe? União; isso é possível? É disso então, que Jesus esta falando, desta união, que vai ficar deformada, união onde muitas aves (o maligno) vem pousar (nessa árvore).

4ª Parábola; a parábola do fermento
Mateus 13:33
Na Bíblia, fermento sempre representa algo ruim, algo que contamina; (Mateus 16:6~12;Marcos 8:15; I Corintios 5:6-8; Gálatas 5:7-9), fermento = pecado, falsa doutrina. A massa fermentada é o Cristianismo, sendo corrompido por falsas doutrinas, doutrinas que dão origem à falsas religiões; notem: "... até ficar tudo levedado", isto significa que a corrupção será total.

Estas quatro parábolas, tratam do desenvolvimento total do Cristianismo, trata de como essa época seria marcada, de como o homem e o mundo, veriam o Cristianismo; era algo deformado, Jesus esta dando as características. A Palavra seria pregada, joio seria plantado no meio do trigo; ia ter uma aparência que Deus não ia aceitar, porém o mundo iria olhar e falar: é "Cristianismo". Mas as aves estariam ali, tudo seria marcado por falsas doutrinas e ficaria levedado. Quem hoje, é verdadeiro cristão, está vendo o "levedo" em tudo aquilo que se intitula "Igreja".
Quantas parábolas Jesus tinha dito até agora? Quatro; a do semeador, a do joio e do trigo, a do grão de mostarda e a do fermento. Ele explicou a seus discípulos, aquelas que eles não entenderam, entrou em casa e então passou a dizer mais quatro parábolas. Essa mudança, é bem procedente, não pensem que na Bíblia alguma coisa está dita por acaso, não é assim não. O Espírito Santo sempre está querendo nos dizer algo e essa mudança mostra uma divisão nas parábolas. As quatro primeiras mostram as características verdadeiras do período que estava sendo profetizado e qual a aparência que o mundo ia ver, e agora nas outras quatro, Jesus vai mostrando como Deus vê essa época.

5ª Parábola; a parábola do tesouro escondido
Mateus 13:44
O que é campo? É o mundo. O Reino dos Céus é semelhante a um tesouro escondido, oculto no campo; o que é tesouro? Jesus é o homem que vende tudo e Israel é o tesouro oculto no mundo. ÞÊxodo 19:5, ÞSalmos 135:4; são Palavras que Deus fala a cerca de Israel, "meu tesouro peculiar". Então o que Jesus faz por Israel? A parábola fala de um tesouro escondido no mundo; onde está Israel? Está espalhada no mundo; Jesus, "movido de gozo, de alegria", vai e vende tudo o que tem, Jesus deu tudo o que tinha, deu sua vida. Há algo mais valioso para se dar, do que sua própria vida? Quando alguém dá a sua vida, sobra algo? Ao dar a sua vida, ao derramar o seu sangue, Jesus estava comprando toda a terra por causa de Israel, e olha a sua atitude, cheio de "alegria". Que amor do Nosso Deus, que amor do Nosso Senhor Jesus Cristo. O fato de Israel ser um tesouro escondido, o é aos olhos do mundo, e só vai aparecer para o mundo, no final do período; ÞSalmo 89:20 e 28~37.

6ª Parábola; a parábola da pérola
Mateus 13:45~46
Pérolas se encontram no mar; mar ou águas, nas Escrituras significam nações, povos (ÞApocalipse 17:1e15). Pérola, é a única jóia feita organicamente. A Igreja é um organismo e está sendo feita assim. A pérola é a Igreja e o Senhor Jesus deu sua vida para também comprar a pérola, a Igreja. Quanto mais a Igreja incomoda o mundo, mais ela cresce; assim também a pérola, entra um grãozinho de areia na ostra, a incomoda, e então a pérola vai sendo formada dentro da ostra; quanto mais a pérola cresce, mais incomoda a ostra, até que a lança fora. Jesus, com o seu sangue, comprou Israel e a Igreja; o plano de redenção para os dois povos (judeus e gentios) formarem um povo, o povo de Deus.
7ª Parábola; a parábola da rede
Mateus 7:47~51
Esta parábola explica claramente o que acontecerá no final da tribulação, antes da implantação do Reino milenar de Jesus. Os anjos sairão e separarão os maus dos justos e então, os maus serão "lançados na fornalha de fogo e ali haverá choro e ranger de dentes". (V.51); "entendestes todas estas coisas?" Quando será isto? No final da tribulação.

8ª Parábola; coisas novas e coisas velhas
Mateus 13:52~53
Escriba, é alguém que tem entendimento. Todo aquele que se fez discípulo neste período, é destes que Jesus está falando. Jesus disse: "Se vocês estão entendendo (se são escribas, discípulos) o que é o Reino dos Céus, então também compreendem que falo das coisas velhas já profetizadas no V.T., mas também falo, introduzo coisas novas, não profetizadas antes".
Estas parábolas encerram o 2º grande discurso de Jesus, que fala de um novo período chamado de "Mistério do Reino dos Céus", período do Reino em que o Rei estaria ausente; podemos resumir assim:
1º) Haverá semeadura da Palavra de Deus durante toda essa época.
2º) A qual será imitada por uma falsa semeadura.
3º) O reino, assumirá uma proporção externa enorme.
4º) Internamente será marcado por uma doutrina corrompida.
5º) Porém, mesmo assim o Senhor ganhará para si, um tesouro peculiar.
6º) Um povo formado dentre Israel e a Igreja.
7º) Esta época terminará em julgamento, com os ímpios excluídos do Reino a ser instaurado, e os justos serão tomados para receberem as bênçãos desse Reino, agora com o Rei fisicamente presente.
Está claro então para nós a seqüência dos discursos de Jesus; o oferecimento do Reino à Israel, a rejeição de Israel e Jesus então começando a profetizar de um novo período: "vejam, Eu não vou implantar o Reino, vou embora e até voltar, haverá uma época com essas características". Jesus voltará a terra novamente, 7 anos após o arrebatamento da Igreja, no final da tribulação. Não é o fim de tudo, mas sim o final desse período que Jesus está profetizando, período que começaria com a ausência do Rei em seu Reino e terminará com a volta do Rei, para reinar então fisicamente na terra. O período profetizado trata portanto, do período em que o Rei estaria ausente fisicamente da terra.

Sermão da Montanha

Sermão da Montanha

Índice
1 Partes e ensinamentos importantes do Sermão
1.1 Introdução narrativa
1.2 As Bem-aventuranças
1.3 Sal da terra, luz do mundo
1.4 Reinterpretação da Lei de Deus
1.5 Ostentação, Pai-Nosso e perdão
1.6 Materialismo e Providência divina
1.7 Julgar os outros
1.8 Regra de ouro
1.9 O verdadeiro discípulo e as suas dificuldades
1.10 Os falsos profetas
1.11 Edificar sobre a rocha
1.12 Fim narrativo
2 Interpretação segundo a Igreja Católica
3 Notas
4 Referências
5 Ligações externas

O Sermão da Montanha é um longo discurso de Jesus Cristo que pode ser lido no Evangelho de São Mateus, mais precisamente nos capítulos 5 a 7. Muito provavelmente, resulta da reunião de intervenções ocorridas em momentos distintos. Nestes discursos, Jesus Cristo profere lições de conduta e moral, ditando os princípios que normam e orientam a verdadeira vida cristã, uma vida que conduz a humanidade ao Reino de Deus e que põe em prática a vontade de Deus, que leva à verdadeira libertação do homem. Estes discursos podem ser considerados por isso como um resumo dos ensinamentos de Jesus a respeito do Reino de Deus, do acesso ao Reino e da transformação que esse Reino produz.

Além de importantes princípios ético-morais, pode-se notar grandes revelações, pois aquilo que muitas vezes é tido por ruim, por desagradável, diante de Deus é o que realmente vai levar muitos à verdadeira felicidade. Esta passagem forma um paradoxo, contrariando a idéia de muitos e mais uma vez mostrando que "...'Deus não vê como o homem vê, o homem vê a aparência, mas Deus sonda o coração" (I Samuel 16.7).

No Sermão da Montanha, o evangelista São Mateus está a apresentar Jesus Cristo como o novo Moisés, daí o discurso ser proferido numa montanha (certamente, apenas uma colina), porque Moisés tinha recebido os 10 Mandamentos na montanha do Sinai. Mas, Jesus não veio para abolir a Lei ou os Profetas [1], mas sim levá-los à perfeição na sua íntegra (Mt 5, 17).

Partes e ensinamentos importantes do Sermão

Introdução narrativa
Na introdução narrativa, o evangelista descreve que Jesus, vendo aquelas multidões, subiu à montanha e sentou-se e seus discípulos aproximaram-se dele, e é aí que Ele começou a pregar o seu famoso sermão ao ar livre (Mt 5, 1-2).


As Bem-aventuranças
As Bem-aventuranças [2] são o anúncio da verdadeira felicidade, porque proclamam a verdadeira e plena libertação, e não o conformismo ou a alienação. Elas anunciam a vinda do Reino de Deus através da palavra e acção de Jesus, que tornam a justiça divina presente no mundo. A verdadeira justiça para aqueles que são inúteis, pobres ou incômodos para uma estrutura de sociedade baseada na riqueza que explora e no poder que oprime. As Bem-aventuranças revela também o carácter das pessoas que pertencem ao Reino de Deus, exortando as pessoas a seguir este carácter exemplar.

Resumindo e usando as palavras do Catecismo da Igreja Católica (CIC), as bem-aventuranças nos ensinam o fim último ao qual Deus nos chama: o Reino de Deus, a visão de Deus, a participação na natureza divina, a vida eterna, a filiação divina, o repouso em Deus (CIC, n. 1726).

Bem-aventurados os que têm um coração de pobre, porque deles é o Reino dos Céus! Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados! Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra! Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados! Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia! Bem-aventurados os puros de coração, porque verão Deus! Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus! Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus! Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de Mim. Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós. (Mateus, 5:3-12)





Sal da terra, luz do mundo
Jesus, através das metáforas de Sal e de Luz, revela a enorme força do testemunho e a importante função dos discípulos, especialmente dos pregadores, que é sobretudo preservar e proteger a humanidade contra as influências malignas da corrupção e da maldade (a função do Sal) e dar a humanidade a conhecer, através da sua fé e seu bom exemplo iluminadores, o caminho da salvação (a função da Luz).

Vós sois o sal da terra. Se o sal perde o sabor, com que lhe será restituído o sabor? Para nada mais serve senão para ser lançado fora e calcado [3] pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder uma cidade situada sobre uma montanha nem se acende uma luz para colocá-la debaixo do alqueire, mas sim para colocá-la sobre o candeeiro, a fim de que brilhe a todos os que estão em casa. Assim, brilhe vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai que está nos céus. (Mateus, 5:13-16)

Reinterpretação da Lei de Deus
Jesus revaloriza e reinterpreta, por vezes parecendo antitética (mas, na realidade não é), da Lei de Deus na sua íntegra, particularmente dos 10 Mandamentos, tendo por objectivo levá-los à perfeição (Mt 5, 17-48).

Não julgueis que vim abolir a Lei ou os Profetas. Não vim para os abolir, mas sim para levá-los à perfeição. Pois em verdade vos digo: passará o céu e a terra, antes que desapareça um jota, um traço da lei [4] Aquele que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e ensinar assim aos homens, será declarado o menor no Reino dos Céus. Mas aquele que os guardar e os ensinar será declarado grande no Reino dos Céus. Digo-vos, pois, se vossa justiça não for maior que a dos escribas e fariseus, não entrareis no Reino dos Céus.
(Mateus, 5:17-20)

Durante esta longa reinterpretação, Jesus exorta as pessoas a não ofender o seu próprio irmão e, se tal acontecer, buscarem uma reconciliação com ele (o ofendido) o mais cedo possível, deixando, se for necessário, a oferta diante do altar para ir primeiro fazer as pazes com o irmão e pedir o seu perdão pelas ofensas cometidas (Mt 5, 21-26).

Jesus amplia o conceito de adultério, afirmando que todo aquele que lançar um olhar de cobiça para uma mulher, já adulterou com ela em seu coração, e opõe-se ao divórcio, ensinando que todo aquele que rejeita sua mulher, a faz tornar-se adúltera, a não ser que se trate de matrimônio falso [5]; e todo aquele que desposa [6] uma mulher rejeitada comete um adultério, defendendo e acentuando assim a indissolubilidade da união conjugal (Mt 5, 27-32).

Jesus também ensinou que os homens nunca deviam jurar de modo algum, muito menos jurar falso (Mt 3, 33-37).

O Sermão da Montanha (1890), pintura de Carl Heinrich Bloch.Jesus apela também para não resistir ao mau, querendo isto dizer que, na medida dos possíveis, não devemos resistir fisicamente às agressões (se alguém te ferir a face direita, oferece-lhe também a outra), mas também não devemos replicar no momento ou posteriormente em tribunal os golpes sofridos, revogando assim a famosa Lei do talião que defende a vingança e a retaliação. Ele exorta também para dar a quem te pede e não te desvies daquele que te quer pedir emprestado (Mt 5, 38-42).

No fim desta reinterpretação da Lei de Deus feita por Jesus, Ele apela aos homens para, se eles quiserem ser os verdadeiros filhos de Deus, amar não só o seu próximo, mas também os seus inimigos, fazendo bem aos que vos odeiam e orando pelos que vos [maltratam e] perseguem, tal como Deus, que faz nascer o sol tanto sobre os maus como sobre os bons, e faz chover sobre os justos e sobre os injustos. No fim, Jesus exorta para todos os homens, com esta prática de amor incondicional e supremo (uma das ideias-chave do Cristianismo), serem perfeitos, tal como Deus Pai, que é também perfeito (Mt 5, 43-48).

Ostentação, Pai-Nosso e perdão
Jesus, a seguir à reinterpretação da Lei de Deus, começa a condenar a ostentação na prática de 3 obras fundamentais do Judaísmo, que são a esmola, o jejum e a oração. Ele não pretende condenar a observância fiel e honesta destas obras boas e o bom exemplo que estas acções produzem, mas somente o vão desejo de ostentar em frente de outras pessoas. Ele alerta para o facto de, se a finalidade das pessoas que praticam estas obras é ostentar, eles já foram recompensados na Terra por outros homens que as elogiaram.

Guardai-vos de fazer vossas boas obras diante dos homens, para serdes vistos por eles. Do contrário, não tereis recompensa junto de vosso Pai que está no céu. (Mateus, 6:1)
Quando, pois, dás esmola, não toques a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem louvados pelos homens. Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa. Quando deres esmola, que tua mão esquerda não saiba o que fez a direita. Assim, a tua esmola se fará em segredo; e teu Pai, que vê o escondido, recompensar-te-á. (Mateus, 6:2-4)
Quando jejuardes, não tomeis um ar triste como os hipócritas, que mostram um semblante abatido para manifestar aos homens que jejuam. Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa. Quando jejuares, perfuma a tua cabeça e lava o teu rosto. Assim, não parecerá aos homens que jejuas, mas somente a teu Pai que está presente ao oculto; e teu Pai, que vê num lugar oculto, recompensar-te-á. (Mateus, 6:16-18)
Quando orardes, não façais como os hipócritas, que gostam de orar de pé nas sinagogas e nas esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade eu vos digo: já receberam sua recompensa. Quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora ao teu Pai em segredo; e teu Pai, que vê num lugar oculto, recompensar-te-á. Nas vossas orações, não multipliqueis as palavras, como fazem os pagãos que julgam que serão ouvidos à força de palavras. Não os imiteis, porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes que vós lho peçais. (Mateus, 6:5-8)

Durante o seu discurso sobre a oração, Jesus deu aos homens uma célebre oração, o Pai-Nosso [7], para ensiná-los como rezar correctamente.

Pai Nosso, que estais no céu, santificado seja o vosso nome; venha a nós o vosso Reino; seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje; perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos aos que nos ofenderam; e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. (Mateus, 6:9-13)

Jesus afirma também que se perdoardes aos homens as suas ofensas, vosso Pai celeste também vos perdoará. Mas se não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai vos perdoará (Mt 6, 14-15).

Também sobre a oração, Ele exorta por fim aos seus discípulos que deviam sempre ter confiança na oração e particularmente em Deus, porque vosso Pai celeste dará boas coisas aos que lhe pedirem durante a oração.

Pedi e se vos dará. Buscai e achareis. Batei e vos será aberto. Porque todo aquele que pede, recebe. Quem busca, acha. A quem bate, abrir-se-á. Quem dentre vós dará uma pedra a seu filho, se este lhe pedir pão? E, se lhe pedir um peixe, dar-lhe-á uma serpente? Se vós, pois, que sois maus, sabeis dar boas coisas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai celeste dará boas coisas aos que lhe pedirem. (Mateus, 7:7-11)

Materialismo e Providência divina
Jesus, condenando indirectamente o materialismo, exorta os seus discípulos para não preocupar demasiado com os seus bens e as suas necessidades materiais, mas sim, preocupar-se mais e em primeiro lugar em guardar tesouros no céu, para preparar o acesso ao Reino de Deus. Sobre a riqueza, Jesus alerta os seus discípulos para o facto de ser impossível servir ao mesmo tempo a Deus e à riqueza. E, relativamente às necessidades materiais dos homens e às suas preocupações quotidianas, Jesus apela para a confiança na Providência divina, afirmando que vosso Pai celeste sabe que necessitais de tudo isso [8] e que o dia de amanhã terá as suas preocupações próprias. A cada dia basta o seu cuidado (Mt 6, 19-34).
Não ajunteis para vós tesouros na terra, onde a ferrugem e as traças corroem, onde os ladrões furtam e roubam. Ajuntai para vós tesouros no céu, onde não os consomem nem as traças nem a ferrugem, e os ladrões não furtam nem roubam. Porque onde está o teu tesouro, lá também está teu coração. (Mateus, 6:19-21)
Ninguém pode servir a dois senhores, porque ou odiará a um e amará o outro, ou dedicar-se-á a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e à riqueza. (Mateus, 6:24)
Não vos aflijais, nem digais: Que comeremos? Que beberemos? Com que nos vestiremos? São os pagãos que se preocupam com tudo isso. Ora, vosso Pai celeste sabe que necessitais de tudo isso. Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e todas estas coisas vos serão dadas em acréscimo. Não vos preocupeis, pois, com o dia de amanhã: o dia de amanhã terá as suas preocupações próprias. A cada dia basta o seu cuidado. (Mateus, 6:31-34)

Julgar os outros
Neste sermão, Jesus condena também aqueles que julgam os outros, mas não sabem julgar-se a si próprio, não conseguindo reconhecer os seus próprios erros. E mais, ele alerta inclusivamente que nunca devíamos julgar os outros, para não sermos julgados, porque o único que tem capacidade e autoridade para julgar os homens é Deus.

Não julgueis, e não sereis julgados [9]. Porque do mesmo modo que julgardes, sereis também vós julgados e, com a medida com que tiverdes medido, também vós sereis medidos. Por que olhas a palha que está no olho do teu irmão e não vês a trave que está no teu? Como ousas dizer a teu irmão: Deixa-me tirar a palha do teu olho, quando tens uma trave no teu? Hipócrita! Tira primeiro a trave de teu olho e assim verás para tirar a palha do olho do teu irmão. (Mateus, 7:1-5)

Regra de ouro
Tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-o vós a eles. Esta é a Lei e os Profetas. (Mateus, 7:12)

O verdadeiro discípulo e as suas dificuldades
Jesus alerta para as dificuldades que os seus discípulos, que pretendem ser os verdadeiros filhos de Deus, irão encontrar no caminho estreito e apertado que conduz à vida eterna e ao Reino de Deus (o chamado caminho da vida).

Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta e espaçoso o caminho que conduzem à perdição e numerosos são os que por aí entram. Estreita, porém, é a porta e apertado o caminho da vida e raros são os que o encontram. (Mateus, 7:13-14)

Jesus também alerta os homens para o facto de só reconhecerem que Ele é o Senhor não é suficiente para eles serem salvos e reconhecidos como os seus verdadeiros discípulos, mas sim, necessitando também de fazer verdadeiramente a vontade de Deus.

Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos Céus, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não pregamos nós em vosso nome, e não foi em vosso nome que expulsamos os demônios e fizemos muitos milagres? E, no entanto, eu lhes direi: Nunca vos conheci. Retirai-vos de mim, operários maus! (Mateus, 7:21-23)

Os falsos profetas
Jesus aconselhou os seus díscipulos a acautelarem dos falsos profetas, que, apesar de parecerem ovelhas, são na verdade uns lobos arrebatadores e maus que têm por finalidade desorientar as pessoas e levá-las à perdição.

Guardai-vos dos falsos profetas. Eles vêm a vós disfarçados de ovelhas, mas por dentro são lobos arrebatadores. Pelos seus frutos [10] os conhecereis. Colhem-se, porventura, uvas dos espinhos e figos dos abrolhos? Toda árvore boa dá bons frutos; toda árvore má dá maus frutos. Uma árvore boa não pode dar maus frutos; nem uma árvore má, bons frutos. Toda árvore que não der bons frutos será cortada e lançada ao fogo. Pelos seus frutos os conhecereis. (Mateus, 7:15-20)

Edificar sobre a rocha
Jesus, concluindo o seu sermão, exorta por fim aos seus díscipulos para, depois de escutar as suas palavras e ensinamentos, pô-los verdadeiramente em prática, para serem semelhantes a um homem prudente que edificou sua casa sobre a rocha. A rocha é resistente a todas as tempestades, por isso, ela é uma excelente base ou fundamento para sustentar a casa, assemelhando-se à Palavra de Deus, que serve como fundamento e sustenta todas as pessoas que põe-na em prática, protegendo-as e ajudando-as a ultrapassar todos os obstáculos e dificuldades que elas poderão encontrar nas suas vidas.

Aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as põe em prática é semelhante a um homem prudente, que edificou sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa; ela, porém, não caiu, porque estava edificada na rocha. Mas aquele que ouve as minhas palavras e não as põe em prática é semelhante a um homem insensato, que construiu sua casa na areia. Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa; ela caiu e grande foi a sua ruína.
(Mateus, 7:24-27)

Fim narrativo
No fim narrativo, o evangelista São Mateus descreve que a multidão que foi ouvir o sermão ficou impressionada com a sua doutrina, porque Jesus a ensinava como quem tinha autoridade e não como os escribas (Mt 7, 28-29).


O Monte da Transfiguração. Mateus 17.1 a 13 –Quando temos como assunto de pesquisa, a polêmica passagem da transfiguração de Jesus Cristo no monte que alguns historiadores dizem ser o tabor, narrada pelos evangelhos Sinóticos, surge a inevitável controvérsia com o espiritismo sobre o tema da “reencarnação” e “comunicação com o mundo dos mortos”.
Passagens como a descrita em Mateus 17.1-13 tem sentido único que é de salientar a natureza e obra do Reino de Cristo, como a sua chamada messiânica. Um verdadeiro vislumbre da glória futura.
Para tanto, vejamos:

Análise Histórica Textual.
Em seu último ano de ministério, quando ainda estava pregando na região da Galiléia, após algum tempo ali, Jesus chamou os discípulos André, Pedro e João para subir com ele ao monte com intuito de orar (Lc. 9.28). Foi quando os discípulos podem contemplar Jesus Cristo se transfigurando diante dos seus olhos. Diz o texto que seu rosto resplandecia como o sol e suas vestes eram brancas como a luz, então neste momento apareceu Moises e o profeta Elias falando com o Senhor, Pedro como sempre tomado por sua espontaneidade disse “Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, farei aqui três tendas; uma será tua, outra para Moisés, outra para Elias”. Então uma nuvem luminosa os envolveu e eis que vinha da nuvem uma voz que dizia “Este é o meu Filho amado em quem me comprazo”.
Esta situação amedrontou os discípulos de tal forma que caíram de bruços por causa de seu medo.

Análise Crítica textual.
O texto de Mateus é muito similar ao de Marcos, existe, porem um detalhe que o diferencia dos demais, Mateus traz o aspecto do rosto de Jesus, de que esta resplandecente como o sol, um dado que não temos nos Evangelhos de Lucas e de Marcos. Existe também o fato do texto de Mateus ser mais sucinto do que os demais.
Outra curiosidade referente a passagem, é o fato de que ela não aparece nos escritos joaninos, visto que o mesmo estava presente no relato bíblico.


Análise Morfológica.
A palavra chave deste texto é “transfiguração” oriunda da palavra grega que transliterado seria “metamorphoo” sendo, “meta”, após e “morpho”, forma; ou seja, outra forma, esta palavra grega tem sua tradução principal no português como “metamorfose”.

Vejamos:

Segundo o dicionário Michaelis: transfiguração:“Mudança que alguém sofre na figura ou na forma” .

Segundo o DITNT “metamorphoo: mudar em outra forma ou imagem”
Tomando como base o texto em questão podemos concluir que Jesus tomou uma forma humana diferenciada, naquele momento, o que possibilitou aquele episódio.

Espiritismo.

Este é um texto muito utilizado pelo espiritismo, para apoiar biblicamente a sua doutrina. Eles alegam através desta passagem existir a comunicação com os mortos e seu mundo. Como este texto faz parte dos sinóticos não devemos trabalhá-lo de forma isolada.

O evangelho de Lucas ao tratar dessa passagem, trouxe alguns dados que nos são imprescindível para esta questão, por exemplo, o assunto que é tratado entre Moises, Elias e Jesus, a saber, a partida de Jesus e o comprimento de sua missão aqui na terra, ou seja, naquele instante Jesus transfigurou o seu corpo para mostrar a seus discípulos que a eternidade verdadeiramente existe.

Os discípulos viram a glória de Deus manifestada e não a região de habitação dos mortos. Basta ver o evento da nuvem luminosa, que o cobriam, onde Deus da mais uma declaração publica a respeito de seu Filho amado.

Outro caso é o da “reencarnação”, se observarmos atentamente o texto, principalmente o v.12 onde observamos que o Elias citado por Jesus é simbólico e não literal, apoiado pelo texto lucano e v11,12 do capitulo 9 do evangelho de marcos, dizendo que joão batista faria a função de preparador para a obra messiânica.

A Transfiguração De Jesus
“Mateus 17.1-13”


Introdução.
Às vezes não conseguimos entender o sofrimento e a morte de Cristo como vontade de Deus. De fato, ficamos perplexos. Então, Jesus propõe: “Peçamos a Deus orientação sobre este delicado assunto”. E a oração é respondida pela transfiguração: (A morte de Cristo mostrada do ponto de vista celestial).
Os discípulos ficam tristes e perplexos quando Jesus revela que haveria de morrer (Mt 16.21-23). Ele prediz sua ressurreição, mas eles enxergam apenas o lado escuro da crucificação. A fim de encorajá-los, Jesus ora e pede ao Pai que lhes conceda um vislumbre da sua glória futura (Veja Lc 9.28,29; Jo 17.24). Em Marcos, a última cláusula de 8.38 deve ser vinculada a 9.1,2. E são verdade que apenas três dos doze foram testemunhas oculares do evento, mas eram os líderes, e sua atitude influenciaria os demais.

I. A preparação para a Glória (Mt 17.1).
· A ocasião. Uma semana depois da primeira predição da morte de Jesus, os autores dos três evangelhos cuidam de mencionar o tempo a fim de impressionar os leitores com esta verdade: Jesus, num determinado período do seu ministério, pensava profundamente na sua morte, e procurava acostumar os discípulos à idéia, desejando que compartilhassem seus sofrimentos.

· O lugar. O fato ocorreu numa montanha à qual não identificamos com precisão. Certo escritor menciona a predileção de Jesus pelas montanhas. De uma delas, proferiu o Sermão do Monte; e era um monte que procurava, quando tinha motivos especiais de oração. As montanhas são lugares tranqüilos, a erguer-se acima do barulho da terra.

· As testemunhas. Três membros do “circulo fechado”, Pedro, Tiago e João acompanhavam Jesus. Parece-nos o crescimento espiritual destes três mais adiantados do que os outros. Mais altas revelações alcançam quem mais se aproxima de Deus.

II. O propósito da glória.
· Com relação aos discípulos. O Senhor orava com eles. E ficaria ali a noite inteira. No início, todos oravam juntos; depois, os três adormeceram (Mt 26.40). Acerca de que orava Jesus? Lucas 9.31,35 sugere um pedido de confirmação aos discípulos da necessidade de sua morte (Jo 12.27-30). Orava, também, buscando forças para percorrer o caminho da cruz (Lc 9.51).

· Com relação ao Senhor. Embora Filho de Deus, Jesus tinha natureza humana (Hb 2.16-18). Conseguintemente, próximo da cruz, sentia necessidade de encorajamento (Mc 1.13; Mt 26.38). Diante da experiência mais profunda de sua vida – o Calvário – e da incompreensão de seus seguidores, era-lhe confortador saber que o Pai a tudo entendia.

III. A manifestação da glória (Mt 17.2).
Os primeiros três evangelhos nos contam que as vestes do Senhor ficaram brancas e brilhantes; Mateus e Lucas dizem que seu rosto resplandecia como o sol. Muito pouco se diz nos evangelhos acerca da majestade externa de Cristo. Enquanto ministrava entre os humildes, a pompa e a magnificência eram-lhe ausentes. Sua beleza e poder eram interiores e espirituais. A glória divina, porém, na transfiguração, irradiava de tal maneira que ultrapassava o véu da carne e, por breves momentos, os discípulos a puderam contemplar. O que para eles era um vislumbre representava para o Mestre um antegozo de glória futura, como se a mensagem fosse: “Ânimo! Logo o sofrimento será passado, e a glória, realidade” (Veja a experiência de Estevão em Atos 6.15; 7.55).

IV. Os visitantes da glória (Mt 17.3).
Eram Moisés e Elias, representando a Lei e os Profetas, que haviam indicado de antemão a vinda do Mestre (Lc 24.24,44).
· Por quê? Assim como o Pai enviaria um anjo para ministrar-lhe no Getsêmane, envia-lhe agora dois seres celestiais com mensagem de consolo e encorajamento. Podiam fazê-lo, porque haviam triunfado sobre a morte. Moisés, mediante a ressurreição imediata (Dt 34.5,6; Jd 9); e Elias, por trasladação. Ninguém pode consolar os sofredores como aqueles que já sofreram. E o assunto era a morte de Jesus (Lc 9.31). Assim, o Senhor teve a certeza de que o ministério da propiciação era entendido pelos habitantes do céu, e os discípulos compreenderam que o Calvário era parte do propósito divino.

· Como? Era uma visão ou um aparecimento real? É descrito como um aparecimento real. A palavra “visão” (Mt 17.9) significa “aquilo que é visto”, seja em sonho, transe ou na vida real. Duas lições práticas este incidente nos sugere: A existência cônscia e feliz do povo d Deus após a morte (Fp 1.23); e o fato de ser possível o reconhecimento de nossos entes queridos no céu. Moisés e Elias não perderam a sua identidade. Continuaram sendo “Moisés” e “Elias”.

V. A voz da glória (Mt 17.5; 2Pe 1.17).

· A sugestão de Pedro. “Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, façamos aqui três tabernáculos, um para Moisés e um para Elias”. Pedro deve ter feito a sugestão ao perceber que os visitantes celestiais estavam indo embora. Sem dúvida, imaginava: “Como é melhor estar aqui, com os salvos, do que lá embaixo, entre os fariseus hipócritas e o povo descrente! Fique, Mestre, e afugente os pensamentos sombrios de sofrimentos vindouros. Permaneça aqui, na montanha abençoada pelo céu. Não retorne ao vale deprimente da humilhação”. No calor do momento, Pedro se esqueceu que havia trabalho a ser feito antes de se entrar na glória celestial.

· A declaração do Pai. “Este é o meu Filho amado”. A voz saiu de uma nuvem brilhante, símbolo da presença e glória divinas. Cristo é o amado de Deus por causa de seu relacionamento sem igual com o Pai, da disposta obediência, perfeita submissão à morte na cruz e caráter inculpável. No ministério terrestre, enfrentava forças contrarias cada vez que firmava resolução de ir à cruz. No batismo, expressou seu propósito de cumprir tudo quanto fosse necessário como redentor do pecado (Mt 3.15). Pouco antes da transfiguração anunciara a intenção de ir a Jerusalém e enfrentar o sofrimento e a morte (Mt 16.21-23). E, dias antes de ser crucificado, repeliu a tentação de dizer: “Pai, salva-me desta hora” (Jo 12.27,28).

· O mandamento do Pai. Declarava, em primeiro lugar, ser Jesus superior à Lei e aos Profetas, porque era Filho de Deus; era, portanto, a autoridade máxima em todas as questões (Hb 1.1-3). Transmitia também mensagem especial aos apóstolos, admoestando-os a aceitarem tudo o que o Mestre ensinava, inclusive acerca de sua morte vindoura. É como se o Pai lhes dissesse: “A Ele ouvi, mesmo quando diz que terá de sofrer e morrer”. A nós, também, cabe ouvi-lo: Suas promessas, como amigo e salvador; suas ordens de líder: “Fazei tudo quanto ele vos disser” (Jo 2.5).

VI. A glória vai passando (Mt 17.6-13).

· A descida. Os discípulos caídos ao chão, aterrorizados, sentiram o toque do Mestre: “Levantai-vos, e não tenhais medo. E, erguendo eles os olhos, ninguém viram senão somente a Jesus”. A glória externa passara. Moisés e Elias haviam partido, e a montanha estava escura e quieta. Porém, o Mestre continuava ali! Ele permanecerá quando os ensinadores humanos se forem (Zc 1.5; Hb 13.7,8). A glória celestial e a voz do Pai foram à antecipação de prazer semelhante ao descanso para o viajante extenuado. Sendo ele santo e justo, bem poderia ter saído da montanha e entrado no céu. Mas, neste caso, entrara no mundo da glória sozinho. Preferiu descer a montanha e contemplar a obra de redenção, “trazendo muitos filhos à glória” (Hb 2.10).

· A ordem. “E, descendo eles do monte, Jesus lhes ordenou, dizendo: A ninguém conteis a visão (literalmente o que vistes), até que o Filho do Homem seja ressuscitado dos mortos”. Os discípulos já estavam proibidos de pregar que ele era o Messias (Mt 16.20), porque o povo, pelo falso conceito que dele fazia, se inclinariam a pensar que sua missão era reunir um exército para expulsar os romanos. Por esta razão proibiu-lhes que contassem acerca da glorificação na montanha. Não desejava que o povo alimentasse falsas esperanças. Depois da ressurreição, não haveria perigo de mal-entendidos, porque então entenderiam que seu Reino não era deste mundo, e apenas mediante o arrependimento e a fé teriam acesso a Ele.

· A pergunta. “E os discípulos o interrogaram, dizendo: Por que dizem então os escribas que é mister que Elias venha primeiro?” Noutras palavras: “Por que Elias adiou a sua vinda até agora e ainda ficou só alguns momentos?” Jesus respondeu: “Em verdade Elias virá primeiro, e restaurará todas as coisas”. Ou seja, levará Israel de volta a Deus, para então passar por uma restauração nacional (Ml 4.5). “Mas digo-vos que Elias já veio, e não o conheceram, mas fizeram-lhe tudo o que quiseram. Assim farão também padecer o Filho do Homem. Então entenderam que lhes falava de João Batista”. João Batista não era Elias em pessoa (Jo 1. 21), mas veio “no espírito e virtude de Elias” (Lc 1.17). Traduzindo: Era um profeta como Elias. Pregava arrependimento, vivia em total abstinência, repreendeu um rei perverso, foi perseguido por uma rainha má, nomeou seu sucessor à beira do rio Jordão (2 Rs 2.10-13; Mt 3.11-17), e entregou-se por um período ao desanimo, próximo ao fim do seu ministério.

VII. Conclusão – Aplicação Prática.

· Subindo ao Monte. Jesus levou os discípulos a um monte. Ele deseja nos levar a lugares altos – acima das planícies do pecado, desanimo, fraqueza e falta de visão. Quer nos erguer acima das ambições, padrões e pensamentos baixos. Que a nossa oração possa ser: “Senhor, leva-me, pela fé ao monte celestial, a um plano de vida superior. Firma os meus pés em terreno alto”. Depois de algum tempo em comunhão com o Senhor, poderemos testificar como os antigos profetas: “Deus é a minha fortaleza e a minha força, e ele perfeitamente desembaraça o meu caminho; ele faz os meus pés como o das cervas, e me põe sobre as minhas alturas” (2 Sm 22.34).

· Oração e problemas. Jesus e três dos apóstolos subiram ao monte com propósito de orar (Lc 9.28). Não conseguiam os discípulos entender o sofrimento e a morte de Cristo como vontade de Deus. De fato, estavam perplexos. Então, Jesus lhes propôs: “Peçamos a Deus orientação sobre este delicado assunto”. A oração foi respondida pela transfiguração: A morte de Cristo mostrada do ponto de vista celestial. Muitas coisas se tornam problemas para nós até que as vejamos do ponto de vista celestial. Então, nossa perplexidade desaparece à luz da revelação. O melhor que se pode fazer com um problema são imaginá-lo e orar a respeito dele.

· Da glória da montanha para o trabalho no vale. “E, descendo eles do monte”… Teremos nossas experiências no cume do monte enquanto avançamos no conhecimento do Senhor. No entanto, por muito que desejamos ficar ali, há trabalho a fazer no vale. Não há motivo para tristeza, porque Jesus descerá conosco (Mt 17.14-21), junto com a lembrança da experiência. Os discípulos encontraram forças para enfrentar muitas provações ao evocarem aquela breve reunião no monte com Jesus: “Vimos a sua glória”, testifica João (Jo 1.14); “E ouvimos esta voz dirigida do céu”, declara Pedro (2 Pe 1.18). Quando a provação nos levar à escuridão espiritual, emprestemos a luz das experiências, até que o caminho se torne luminoso outra vez!

· Segredos sagrados. “A ninguém conteis a visão”. Há crentes que costumam testificar cada sonho, visão ou impulso que recebem. Espalham aos quatro ventos os mais íntimos relacionamentos com o Senhor. Depois não sabem por que os ouvintes não os entendem ou ficam indiferentes. Não compreendem tais pessoas que, talvez, o Senhor esteja tratando com elas assuntos particulares e sagrados? Paulo foi arrebatado até o Paraíso, mas não contou a respeito: “Ouviu palavras inefáveis, de que ao homem não é lícito falar” (2 Co 12.4). Salomão disse que: “a tempo de estar calado, e tempo de falar” (Ec 3.7); e uma sábia mulher “guardava todas estas coisas, conferindo-as em seu coração” (Lc 2.19).

· Transformado enquanto orava. “E, estando ele orando, transfigurou-se a aparência do seu rosto” (Lc 9.29). É fato científico que o caráter da pessoa é revelado no seu rosto. Até os nervos e as células refletem a condição da alma. A gula, o ódio, a concupiscência, a amargura e todas as demais paixões erradas nos marcam o rosto de tal maneira que um observador hábil pode detectá-las. No rosto também são refletidos o amor, a paz, a alegria e outras virtudes espirituais, dando-lhe a beleza que vem das profundezas da alma. Aqueles que costumam viajar por países pagãos podem distinguir, pelos rostos, cristãos e não cristãos: os primeiros transmitem paz e alegria; os últimos, medo e desespero.

Livingstone, grande explorador e missionário disse ter ido à África não tanto para transformar a face do Continente quanto para mudar o rosto do africano.
São no lugar secreto da oração que as rugas das preocupações são removidas, as carrancas aminadas e os rostos compridos alargados. (Veja Salmo 34.5 e Lucas 21.28).
Amém!

Parabolas de Cristo

RELAÇÃO DAS PARÁBOLAS EVANGÉLICAS

PARÁBOLAS
MATEUS
MARCOS
LUCAS
JOÃO
Comum aos Evang. Sinóticos
01. O Semeador
13, 3-9
4, 3-9
8,5-8
02. O grão de mostarda
13, 31-32
4, 30-32
13, 18-19
03. Os maus vinhateiros
21, 1-11
12, 1-11
20, 9-18
04. A figueira
24, 32-33
13, 28-29
21, 29-31
Parábolas de Mateus e Lucas
05. Diante do Juiz
5, 25-26
12, 58-59
06. Os operários na praça
11, 16-19
7, 31-35
07. A volta do espírito imundo
12, 43-45
11, 24-26
08. 0 fermento
13, 33
13, 20-21
09. A ovelha desgarrada
18, 12-14
15, 4-7
10. O banquete de Bodas
22, 2-14
14, 16-24
11. O ladrão
24, 43-44
12, 39-40
12. O servo
24, 45-51
12, 42-48
13. Os talentos
25, 14-30
19, 12-27
Prábolas de Marcos
14.A semente que brota da terra
4, 26-29
15. O porteiro
13, 34-38
Parábolas de Mateus
16. A cizânia
13, 24-30
17. O tesouro escondido
13, 44
18. A pérola
13, 45-46
19. A rede
13, 47-50
20. O servo mau
18, 23-35
21. Os operários da vinha
20, 1-16
22. Os dois filhos
21, 28-32
23. As dez virgens
25, 1-13
24. O juízo final
25, 31-45
Parábolas de Lucas
25. Os dois devedores
7, 41-43
26. O bom samaritano
10, 30-37
27. O amigo importuno
11, 5-8
28. O rico néscio
12, 16-21
29. O retorno do Senhor
12, 35-38
30. A figueira estéril
13, 6-9
31. A porta fechada
13 24-30
32. A escolha dos lugares
14, 8-11
33. A escolha dos convidados
14, 12-14
34. A edificação da torre
14, 28-30
35. A partida para a guerra
14, 31-32
36. A dracma perdida
15, 6-10
37. O filho pródigo
15, 11-32
38. O feitor infiel
16, 1-8
39. O rico avarento e Lázaro
16, 19-31
40. O servo inútil
17, 7-10
41. O juiz iníquo
18, 1-8
42. O fariseu e o publicano
18, 9-14
Parábolas de João
43. O bom Pastor
10, 1-16
44. A videira e os ramos
15, 1-8

O Reino de Deus

O Reino de Deus - Agora ou Depois?


O mundo está repleto de cristãos presunçosos, os quais esquecem que somos apenas “servos inúteis”, que nada somos e nada podemos sem Jesus Cristo, nosso “Deus bendito eternamente”, e que nossas obras não são magníficas, conforme costumamos imaginar; na verdade, elas são apenas “trapo de imundícia”, conforme nos ensina a Palavra Santa (Isaías 64:6).

Temos observado uma crescente tendência no sentido de rejeitar a idéia de que Cristo voltará, literal e fisicamente, a fim de governar as nações, estabelecendo o Seu governo na Terra. Esta idéia tem sido substituída pelo conceito de que a Igreja vai governar o mundo, aqui estabelecendo o Reino de Deus. Este movimento tem predominado na chamada “Igreja Emergente”, a qual tem-se engajado na busca da prosperidade, da vida com propósito, da "espiritualidade contemplativa", etc. Os adeptos dessa teoria de reconstrução do mundo, através da igreja, engajam-se na política, tentando conseguir poder para melhorar as coisas.

Existem mais de 300 referências bíblicas ao período do Milênio, durante o qual o Messias [Jesus] estará presente na Terra, governando as nações. O Livro do Apocalipse fala de uma duração de 1.000 anos para esse período. Apocalipse diz onde e o que vai acontecer, quando esse Reino for estabelecido.

O Reino de Deus e o Reino dos Céus são mencionados quase 100 vezes no Novo Testamento, principalmente nos Evangelhos de Mateus e Lucas, mas também em Atos 1:3; 8:12; 14:22; 19:8; 20:25; 28:23,31; Romanos 14:17; 1 Coríntios 4:20; 6:9-10; 15:50; Gálatas 5:21; Efésios 5:5; Colossenses 1:13; 4:11; 2 Tessalonicenses 1:5; 2 Pedro 1:11 e Apocalipse 12:10.

Biblicamente, existe um reino espiritual sob o governo de Deus, no coração de cada crente nascido de novo, um reino invisível. Neste sentido, podemos dizer que já estamos no Reino. Contudo, existirá um messiânico reino literal, governado por Jesus, em Sua Segunda Vinda à Terra. Cristo estará presente, para governar Israel, por 1.000 anos, com os santos colaborando com Ele no governo. Este é o verdadeiro Reino de Deus na Terra, pelo qual devemos esperar, pacientemente.

O Evangelho do Reino está relacionado com a Sua Segunda Vinda, quando Cristo será Rei sobre toda a Terra (como Davi o foi sobre Israel). Os profetas predisseram a respeito de um tempo, no qual um descendente de Davi iria se assentar, como rei, no seu trono. Ele será o Ungido do Senhor, o Messias (Jeremias 33:15-16; Amós 9:11 e Miquéias 5:2).

No Novo Testamento, muitos cometeram o erro de achar que a primeira vinda de Jesus seria o cumprimento de todas as profecias. Em Lucas 19:11 lemos: “E, ouvindo eles estas coisas, ele prosseguiu, e contou uma parábola; porquanto estava perto de Jerusalém, e cuidavam que logo se havia de manifestar o reino de Deus”. Em Lucas 17:20-21, lemos: “E, interrogado pelos fariseus sobre quando havia de vir o reino de Deus, respondeu-lhes, e disse: O reino de Deus não vem com aparência exterior. Nem dirão: Ei-lo aqui, ou: Ei-lo ali; porque eis que o reino de Deus está entre vós”. E em Lucas 21:31, lemos: “Assim também vós, quando virdes acontecer estas coisas, sabei que o reino de Deus está perto”.

A partir de numerosas passagens, podemos ver que existe mais de uma significação para o Reino. Uma é que ele já estava presente entre os judeus; a outra é que ele virá, no futuro. Em Lucas 17:21, Jesus disse: “o reino de Deus está entre vós” [os judeus]. A palavra grega “entos” significa “no meio”, “entre”. Os fariseus haviam feito a pergunta sobre quando o Reino iria chegar. Certamente, Jesus não quis dizer que “o Reino de Deus estava dentro deles” e, ao mesmo tempo ter-lhes dito, conforme João 8:44: “Vós tendes por pai ao diabo”. O próprio Jesus é o Rei desse Reino e onde o Rei está presente, aí se encontra o Reino [Foi nesse sentido que Jesus falou].

Em seguida, Jesus descreveu o futuro evento de quando o Reino virá. A Escritura nos mostra um reino espiritual na Terra, com Jesus expulsando demônios (Mateus 12:28; 4:23), curando enfermos e salvando almas. Mesmo assim, não foi este o cumprimento principal do Reino de Deus. O Evangelho focaliza esse Reino como a presença de Jesus na Terra, mas também fala de um Reino que será estabelecido no futuro, com a Sua Segunda Vinda.

O Reino não é a Igreja - Se assim fosse, Deus estaria governando a Terra através da igreja, o que não acontece. Existem muitas distinções entre o Reino e a igreja. Os termos “Reino” e “igreja” nunca são intercambiáveis na Escritura, como acontece com os termos “Reino de Deus” e “Reino dos Céus”. Nas 113 ocorrências do termo “igreja” (ekklesia, no Grego), ele jamais é usado como sendo o Reino. Esse Reino vai chegar, quando o Rei estiver presente, literalmente, para governar, o que nos remete à Sua Segunda Vinda, quando haverá o julgamento das nações. É claro que os apóstolos pregaram o Reino de Deus (Atos 8:12; 19:8; 28:23), mas não podemos substituir “igreja” por “Reino”, nestas passagens. Contudo, existe uma relação entre ambos. A igreja é constituída de pessoas nascidas de novo, as quais se submetem ao governo de Cristo em suas vidas, tornando-se, imediatamente, parte do Seu Reino, sendo-lhes assegurada a participação no (futuro) Reino de Deus, quando Cristo regressar.

Mateus 13 fala em parábolas do mistério do Reino. Jesus compara o Reino dos Céus a um homem que semeou boa semente em seu campo (Mateus 13:24); a um grão de mostarda (Mateus 13:31; Marcos 4:31); ao levedo levedando a massa (Mateus 13:33); a um tesouro (Mateus 13:44); a uma pérola (verso 45); a uma rede (versos 47-50); a um rei que chamou os servos para lhe prestar contas (Mateus 18:23-35); a um dono de terra que assalariou trabalhadores (Mateus 20:1-16); a um rei que preparou as bodas do seu filho (Mateus 22:1-14; Lucas 14:16-24; às dez virgens que vão ao encontro do Noivo (Mateus 25:1-13); a um homem que viajou para uma terra distante e deu aos seus servos talentos para serem prosperados (Mateus 25:14-30; Lucas 19:12-27).

O atual Reino de Deus é invisível, discernido apenas espiritualmente (João 3:3). Ele é mencionado duas vezes, por Jesus, a Nicodemos, em João 3:3,5: “Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus. Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, tornar a entrar no ventre de sua mãe, e nascer? Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus”. No verso 6, Jesus explica: “O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito”. Este novo nascimento é necessário para se entrar no Reino de Deus, conforme Lucas 18:17,24,25. Ele é gerado através da semente (evangelho), a qual, quando semeada em boa terra (coração), brota, cresce e dá fruto. As sementes que produzem os filhos do Reino crescem junto com o joio (filhos do Diabo), até que chegue o tempo da colheita. Os que nasceram de novo entrarão no Reino de Deus, ficando ao lado de Cristo, e os que não nasceram de novo serão rejeitados.

Quando mencionamos hoje a expansão do Reino de Deus, estamos falando do Reino espiritual. Em Grego, a palavra “Reino” é “Basiléia”, significando: soberania, poder real e domínio. Também se refere ao território ou povo sobre o qual o rei governa. Desse modo, “reino” é uma designação tanto de poder como de forma de governo e, no porvir, designará o território e o governo - o reino e o reinado. A significação básica de “reino” envolve três coisas: um governante, um povo que é governado e um território, no qual o povo é governado.

Quando estava Terra, sendo julgado por Pilatos, Jesus disse : “O meu reino não é deste mundo” (João 18:36); Então haverá um Reino, com Cristo reinando, no futuro, pois Ele veio ao mundo para ser Rei (João 18:37). Em Lucas 22:18, Ele diz: “Porque vos digo que já não beberei do fruto da vide, até que venha o reino de Deus”, o que implica em um Reino futuro e literal de Cristo na Terra. Isaías 2:2 diz: “E acontecerá nos últimos dias que se firmará o monte da casa do SENHOR no cume dos montes, e se elevará por cima dos outeiros; e concorrerão a ele todas as nações”. Em Zacarias 14:16, lemos: “E acontecerá que, todos os que restarem de todas as nações que vieram contra Jerusalém, subirão de ano em ano para adorar o Rei, o SENHOR dos Exércitos, e para celebrarem a festa dos tabernáculos”. Se os judeus e os cristãos realmente acreditassem nas profecias, ficariam mais tranqüilos em relação ao desejo dos inimigos de Israel de exterminar esta nação. Se não existir Israel, também não haverá um Reino. Em Isaías 2:3, lemos: “E irão muitos povos, e dirão: Vinde, subamos ao monte do SENHOR, à casa do Deus de Jacó, para que nos ensine os seus caminhos, e andemos nas suas veredas; porque de Sião sairá a lei, e de Jerusalém a palavra do SENHOR”. E o verso 4-c mostra que não haverá mais guerra, mas somente paz entre as nações: “uma nação não levantará espada contra outra nação, nem aprenderão mais a guerrear”. Como isso ainda não está acontecendo, fica bem claro que o Reino de Deus ainda não chegou e, portanto, esta profecia se refere ao futuro, pois ainda não temos paz no mundo, mas somente convulsões e desastres ecológicos, muito mais do que jamais houve antes (exatamente como Jesus disse que iria acontecer, antes de Sua volta). Muitos citam Marcos 9:11, tentando provar que o Reino já chegou. Mas esta passagem apenas mostra Cristo revelando Sua glória futura aos discípulos mais íntimos. Tanto que, quando Pedro se ofereceu para construir tendas para Ele, Moisés e Elias, Jesus “ordenou-lhes que a ninguém contassem o que tinham visto, até que o Filho do homem ressuscitasse dentre os mortos” (verso 9).

Na 2 Pedro 1:16-17, lemos: “Porque não vos fizemos saber a virtude e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas artificialmente compostas; mas nós mesmos vimos a sua majestade. Porquanto ele recebeu de Deus Pai honra e glória, quando da magnífica glória lhe foi dirigida a seguinte voz: Este é o meu Filho amado, em quem me tenho comprazido”.

Em Lucas 22:25-27, Jesus explica que a posição do cristão no Reino é a de servo. Em Seu Reino haverá servos porque Ele é o Rei. Ele ensinou que o servo não é maior do que o seu Senhor. Todos nós ficaremos sob a Sua autoridade, pois Ele disse: “É-me dado todo o poder no céu e na terra”. (Mateus 28:18). Somente Ele tem toda autoridade; somente Ele é digno de governar. Em Apocalipse 19:15, lemos: “E da sua boca saía uma aguda espada, para ferir com ela as nações; e ele as regerá com vara de ferro...”. Deus Pai jamais concedeu autoridade de governar a homem algum, nem à igreja, mas somente ao Seu Filho: “Pede-me, e eu te darei os gentios por herança, e os fins da terra por tua possessão” (Salmos 2:8). Em Daniel 7:27, lemos: “E o reino, e o domínio, e a majestade dos reinos debaixo de todo o céu serão dados ao povo dos santos do Altíssimo; o seu reino será um reino eterno, e todos os domínios o servirão, e lhe obedecerão”.

Em Mateus 6:10, Jesus ensinou sobre um Reino futuro aos Seus discípulos: “Venha o teu reino”. Está claro, nas Escrituras, que o Rei Jesus virá à Terra, fisicamente, e que este evento acontecerá pouco antes do julgamento das nações, após o qual haverá o estabelecimento do Seu Reino Milenar. (Mateus 25:31-34). Entrementes, devemos pregar o Reino de Deus através da semeadura do Evangelho. Quem o receber, nascerá de novo e entrará no Reino de Deus, no Reino Milenar. Quem o rejeitar, ficará do lado de fora. Jesus disse: “Ninguém pode vir a mim, se por meu Pai não lhe for concedido.” (João 6:65)... “Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora (João 6:37).

O Colelho e o Cordeiro

O coelho e o cordeiro

Chegou a páscoa, feriadão, viagem, comida, coelhos, ovos e muito, muito chocolate, melhor só mesmo o natal!

Mas qual o real significado da Páscoa? Você sabe? Se não, permita-me expor alguns pontos:

1: A Páscoa é uma festa dos judeus e foi iniciada por ordem direta de Deus;

2: Ela está relacionada com a décima praga para que os judeus fossem libertos da escravidão egípcia;

3: Cada família deveria sacrificar um cordeiro para si;

4: O sangue do cordeiro deveria então ser colocado nos umbrais e verga da porta de cada casa;

5: O juízo de Deus viria sobre as famílias que não tivessem a marca do sangue do cordeiro em suas portas;

6: As famílias que tivessem a marca do sangue do cordeiro em suas portas seriam poupadas do juízo, Deus as protegeria, pois seu anjo "passaria por cima" sem ferir as famílias. A palavra Páscoa significa "passar por cima protegendo".

NO NOVO TESTAMENTO, APÓS O NASCIMENTO DE JESUS...

1: João batista apontou para Jesus e disse: "Eis o CORDEIRO DE DEUS que tira o pecado do mundo." (Evangelho de João 1:29);

2: O apóstolo Paulo disse que Cristo, nossa Páscoa, foi sacrificado por nós."(I Coríntios 5:7);

3: A respeito de Jesus, o apóstolo João escreveu: "Digno és de tomar o livro e de abrir os seus selos, porque foste morto e com teu sangue compraste para Deus homens de toda tribo, língua, povo e nação."(Apocalipse 5:9);

4: Assim, de acordo com a Bíblia, a Páscoa hoje significa a lembrança:
- Da escravidão do homem ao pecado;

- Do cordeiro (Jesus) que foi morto;

- Do sangue do Cordeiro que tem lavado e purificado os nossos pecados; e

- Do cuidado e proteção de Deus sobre aqueles que estão abrigados sob o sangue de Cristo derramado na cruz do calvário.

Portanto, a Páscoa não fala de coelhos, chocolate ou ovos, mas de um Cordeiro, Jesus, do Seu amor, morte e Ressureição. A Páscoa não fala de proibição, mas de libertação do pecado, naquela noite no Egito Deus abençoou aqueles que tinham o sangue do cordeiro. Hoje, você tem este Sangue em sua vida?


Os símbolos da Páscoa

Do hebreu Peseach, Páscoa significa a passagem da escravidão para a liberdade. É a maior festa do cristianismo e, naturalmente, de todos os cristãos, pois nela se comemora a Passagem de Cristo - "deste mundo para o Pai", da "morte para a vida", das "trevas para a luz". Considerada, essencialmente, a Festa da Libertação, a Páscoa é uma das festas móveis do nosso calendário, vinda logo após a Quaresma e culminando na Vigília Pascal.
Entre os seus símbolos encontram-se:

O Ovo de Páscoa
A existência da vida está intimamente ligada ao ovo, que simboliza o nascimento.

O Coelhinho da Páscoa
Por serem animais com capacidade de gerar grandes ninhadas, sua imagem simboliza a capacidade da Igreja de produzir novos discípulos constantemente.

A Cruz da Ressurreição
Traduz, ao mesmo tempo, sofrimento e ressurreição.

O Cordeiro
Simboliza Cristo, que é o cordeiro de Deus, e se sacrificou em favor de todo o rebanho.

O Pão e o Vinho
Na ceia do senhor, Jesus escolheu o pão e o vinho para dar vazão ao seu amor. Representando o seu corpo e sangue, eles são dados aos seus discípulos, para celebrar a vida eterna.

O Círio
É a grande vela que se acende na Aleluia. Quer dizer: "Cristo, a luz dos povos". Alfa e Ômega nela gravadas querem dizer: "Deus é o princípio e o fim de tudo".

Historia e Caracteristicas de Paulo

O APÓSTOLO PAULO

O APÓSTOLO PAULO – HISTÓRIA E CARACTERÍSTICAS
Neste primeiro tópico do nosso estudo, abordaremos questões referentes à pessoa do apóstolo Paulo, suas viagens, sua obra, seu zelo e sua doutrina. Suas viagens se revestem de fundamental importância e estão ligadas ao propósito do seu ministério. Apóstolo significa "enviado". Sendo assim, o apóstolo precisa ir. Suas viagens produziram uma obra, que foi o estabelecimento de igrejas em diversas cidades do Império Romano. Após a fundação das igrejas, Paulo poderia, simplesmente, seguir adiante sem se importar com o rebanho. Entretanto, destaca-se o seu zelo, demonstrado pelo envio de cartas às igrejas, inclusive a uma que não foi por ele fundada, a igreja de Roma. Essa correspondência poderia conter apenas assuntos de interesse pessoal do autor e dos destinatários. Entretanto, contêm a mais sublime exposição da doutrina cristã. Depois de todo esse trabalho, o apóstolo não recebeu recompensa humana. Pelo contrário, foi perseguido, preso, açoitado e morto. As suas viagens e as suas prisões foram necessárias para que hoje tivéssemos as epístolas paulinas no Novo Testamento.

FAMÍLIA E INFÂNCIA

Paulo se chamava também Saulo (At.13.9), nome hebraico derivado de "Saul", que significa "pedido". Nasceu em Tarso, na Cilícia, no ano 1 d.C. (At.21.39). Era judeu por descendência e romano devido ao status de sua cidade natal no Império (At.16.37; 22.25-30). Paulo era seu nome romano, derivado do latim "Paulus", que significa "pequeno" (At.13.9). O livro "Atos de Paulo e Tecla" nos apresenta o apóstolo como um homem de "baixa estatura, que possuía cabelos ralos na cabeça, sobrancelhas ligadas e nariz convexo."

“Ele era um homem de pequena estatura”, afirmam os Atos de Paulo, escrito apócrifo do segundo século, “parcial-mente calvo, pernas arqueadas, de compleição robusta, olhos próximos um do outro, e nariz um tanto curvo.”

Se esta descrição merecer crédito, ela fala um bocado mais a respeito desse homem natural de Tarso, que viveu quase sete décadas cheias de acontecimentos após o nascimento de Jesus. Ela se encaixaria no registro do próprio Paulo de um insulto dirigido contra ele em Corinto. “As cartas, com efeito, dizem, são graves e fortes; mas a presença pessoal dele é fraca, e a palavra desprezível” (2 Co 10:10).

Sua verdadeira aparência teremos de deixar por conta dos artistas, pois não sabemos ao certo. Matérias mais importantes, porém, demandam atenção — o que ele sentia, o que ele ensinava, o que ele fazia.

Sabemos o que esse homem de Tarso chegou a crer acerca da pessoa e obra de Cristo, e de outros assuntos cruciais para a fé cristã. As cartas procedentes de sua pena, preservadas no Novo Testamento, dão eloqüente testemunho da paixão de suas convicções e do poder de sua lógica.
Aqui e acolá em suas cartas encontramos pedacinhos de autobiografia. Também temos, nos Atos dos Apóstolos, um amplo esboço das atividades de Paulo. Lucas, autor dos Atos, era médico e historiador gentio do primeiro século.

Assim, enquanto o teólogo tem material suficiente para criar intérminos debates acerca daquilo em que Paulo acreditava, o historiador dispõe de parcos registros. Quem se der ao trabalho de escrever a biografia de Paulo descobrirá lacunas na vida do apóstolo que só poderão ser preenchidas por conjeturas.

A semelhança de um meteoro brilhante, Paulo lampeja repentinamente em cena como um adulto numa crise religiosa, resolvida pela conversão. Desaparece por muitos anos de preparação. Reaparece no papel de estadista missionário, e durante algum tempo podemos acompanhar seus movimentos através do horizonte do primeiro século. Antes de sua morte, ele flameja até entrar nas sombras além do alcance da vista.

Jerônimo escreveu que os antepassados de Paulo viviam na Galiléia e depois migraram para Tarso. Eram, portanto, judeus da diáspora. Não sabemos os motivos da mudança, já que eram várias as razões que faziam com que muitos judeus abandonassem a Judéia. O próprio crescimento do comércio no Império era motivo de muitos deslocamentos.

Tarso era a principal cidade da Cilícia, célebre (At.21.39) e bela. Era um centro cultural, religioso e filosófico. Possuía um templo dedicado a Baal e uma universidade tão importante quanto as de Atenas e de Alexandria.

A família de Paulo pertencia à tribo de Benjamim. Não se sabe o nome dos seus pais, mas apenas que eram da seita dos fariseus, à qual o próprio Saulo aderiu. (At.23.6; Fp.3.5 Rm. 11.1).

JUVENTUDE, EDUCAÇÃO, OFÍCIO E SEITA RELIGIOSA

Embora Tarso fosse uma ótima cidade, sua cultura e costumes eram estranhos ao judaísmo. Os pais de Saulo parecem ter se preocupado com a formação religiosa do filho. Por isso, Saulo foi morar em Jerusalém (At.26.4), onde estavam sua irmã e seu sobrinho (At.23.16). Tal mudança deve ter ocorrido por volta dos 13 anos de idade, quando todo judeu deveria se apresentar no templo judaico. Daí em diante, o jovem Saulo passou a ser instruído pelo mestre fariseu Gamaliel (At.5.34; 22.3). Tornou-se também um fariseu convicto e extremamente zeloso (Gál.1.14). Pela análise de todos os textos mencionados, entendemos que a família de Saulo era influente. Ele mesmo chegou a possuir algum nível de autoridade política e religiosa em Jerusalém. Pode ter participado do Sinédrio ou simplesmente de uma sinagoga, onde votava contra os cristãos (At.26.10). Parte de sua instrução foi o aprendizado da confecção de tendas, ofício que mais tarde lhe serviria como fonte de renda em algumas viagens.

Tendo nascido no ano 1, Paulo era contemporâneo de Jesus. Contudo, não sabemos se chegaram a ter algum contato antes da crucificação. Isso é bastante possível, mas, por falta de provas, torna-se apenas objeto de especulação. Os versículos de II Cor.5.16 e I Cor.9.1 podem indicar esse conhecimento, mas isso não é absolutamente certo. Mesmo que tenha tomado conhecimento a respeito de Jesus, Paulo, como fariseu, não via em Cristo a realização de suas esperanças, uma vez que os fariseus aguardavam a emancipação política de Israel. Assim, o cristianismo, que anunciava um reino espiritual, apresentava-se como abominação aos olhos de Paulo, o qual se tornou um perseguidor implacável contra os cristãos (Gál. 1.13; I Cor. 15.9). Não satisfeito com as perseguições dentro de Jerusalém, Paulo os perseguia em outras cidades, procurando prendê-los afim de que fossem mortos. Notamos nisso um ímpeto "missionário" às avessas. Nesse tempo de perseguidor, Saulo ainda era um jovem, conforme está escrito em At.7.58; 8.1-3.

Antes, porém, que possamos entender Paulo, o missionário cristão aos gentios, é necessário que passemos algum tempo com Saulo de Tarso, o jovem fariseu. Encontramos em Atos a explicação de Paulo sobre sua identidade: “Eu sou judeu, natural de Tarso, cidade não insignificante da Cilícia” (At 21:39). Esta afirmação nos dá o primeiro fio para tecermos o pano de fundo da vida de Paulo.

A) Da Cidade de Tarso. No primeiro século, Tarso era a principal cidade da província da Cilícia na parte oriental da Ásia Menor. Embora localizada cerca de 16 km no interior, a cidade era um importante porto que dava acesso ao mar por via do rio Cnido, que passava no meio dela.

Ao norte de Tarso erguiam-se imponentes, cobertas de neve, as montanhas do Tauro, que forneciam a madeira que constituía um dos principais artigos de comércio dos mercadores tarsenses. Uma im­portante estrada romana corria ao norte, fora da cidade e através de um estreito desfiladeiro nas montanhas, conhecido como “Portas Cilicianas”. Muitas lutas militares antigas foram travadas nesse passo entre as montanhas.

Tarso era uma cidade de fronteira, um lugar de encontro do Leste e do Oeste, e uma encruzilhada para o comércio que fluía em ambas as direções, por terra e por mar. Tarso possuía uma preciosa herança. Os fatos e as lendas se entremesclavam, tornando seus cidadãos ferozmente orgulhosos de seu passado.

O general romano Marco Antônio concedeu-lhe o privilégio de libera civitas (“cidade livre”) em 42 a.C. Por conseguinte, embora fizesse parte de uma província romana, era autônoma, e não estava sujeita a pagar tributo a Roma. As tradições democráticas da cidade-estado grega de longa data estavam estabelecidas no tempo de Paulo.

Nessa cidade cresceu o jovem Saulo. Em seus escritos, encontramos reflexos de vistas e cenas de Tarso de quando ele era rapaz. Em nítido contraste com as ilustrações rurais de Jesus, as metáforas de Paulo têm origem na vida citadina.

O reflexo do sol mediterrânico nos capacetes e lanças romanos teriam sido uma visão comum em Tarso durante a infância de Saulo. Talvez fosse este o fundo histórico para a sua ilustração concernente à guerra cristã, na qual ele insiste em que “as armas da nossa milícia não são carnais, e, sim, poderosas em Deus, para destruir fortalezas” (2 Co 10:4).

Paulo escreve de “naufragar” (1 Tm 1:19), do “oleiro” (Rm 9:21), de ser conduzido em “triunfo” (2 Co 2:14). Ele compara o “tabernáculo terrestre” desta vida a um edifício de Deus, casa não feita por mãos, eterna, nos céus” (2 Co 5:1). Ele toma a palavra grega para teatro e, com audácia, aplica-a aos apóstolos, dizendo: “nos tornamos um espetáculo (teatro) ao mundo” (1 Co­ 4:9).

Tais declarações refletem a vida típica da cidade em que Paulo passou os anos formativos da sua meninice. Assim as vistas e os sons deste azafamado porto marítimo formam um pano de fundo em face do qual a vida e o pensamento de Paulo se tornaram mais compreensíveis. Não é de admirar que ele se referisse a Tarso como “cidade não insignificante”.

Os filósofos de Tarso eram quase todos estóicos. As idéias estóicas, embora essencialmente pagãs, produziram alguns dos mais nobres pensadores do mundo antigo. Atenodoro de Tarso é um esplêndido exemplo.

Embora Atenodoro tenha morrido no ano 7 d.C., quando Saulo não passava de um menino pequeno, por muito tempo o seu nome permaneceu como herói em Tarso. E quase impossível que o jovem Saulo não tivesse ouvido algo a respeito dele.

Quanto, exatamente, foi o contato que o jovem Saulo teve com esse mundo da filosofia em Tarso? Não sabemos; ele não no-lo disse. Mas as marcas da ampla educação e contato com a erudição grega o acompanham quando homem feito. Ele sabia o suficiente sobre tais questões para pleitear diante de toda sorte de homens a causa que ele representava. Também estava cônscio dos perigos das filosofias religiosas especulativas dos gregos. “Cuidado que ninguém vos venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens... e não segundo Cristo”, foi sua advertência à igreja de Colossos (Cl 2:8).

B) Cidadão Romano. Paulo não era apenas “cidadão de uma cidade não insignificante”, mas também cidadão romano. Isso nos dá ainda outra pista para o fundo histórico de sua meninice.
Em At 22:24-29 vemos Paulo conversando com um centurião romano e com um tribuno romano. (Centurião era um militar de alta patente no exército romano com 100 homens sob seu comando; o tribuno, neste caso, seria um comandante militar.) Por ordens do tribuno, o centurião estava prestes a açoitar Paulo. Mas o Apóstolo protestou: “Ser-vos-á porventura lícito açoitar um cidadão romano, sem estar condenado?” (At 22:25). O centurião levou a notícia ao tribuno, que fez mais inquirição. A ele Paulo não só afirmou sua cidadania romana mas explicou como se tornara tal: “Por direito de nascimento” (At 22:28). Isso implica que seu pai fora cidadão romano.

Podia-se obter a cidadania romana de vários modos. O tribuno, ou comandante, desta narrativa, declara haver “comprado” sua cidadania por “grande soma de dinheiro” (At 22:28). No mais das vezes, porém, a cidadania era uma recompensa por algum serviço de distinção fora do comum ao Império Romano, ou era concedida quando um escravo recebia a liberdade.

A cidadania romana era preciosa, pois acarretava direitos e privilégios especiais como, por exemplo, a isenção de certas formas de castigo. Um cidadão romano não podia ser açoitado nem crucificado.

Todavia, o relacionamento dos judeus com Roma não era de todo feliz. Raramente os judeus se tornavam cidadãos romanos. Quase todos os judeus que alcançaram a cidadania moravam fora da Palestina.

C) De Descendência Judaica. Devemos, também, considerar a ascendência judaica de Paulo e o impacto da fé religiosa de sua família. Ele se descreve aos cristãos de Filipos como “da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; quanto à lei, fariseu” (Fp 3:5). Noutra ocasião ele chamou a si próprio de “israelita da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim” (Rm 11:1).

Dessa forma Paulo pertencia a uma linhagem que remontava ao pai de seu povo, Abraão. Da tribo de Benjamim saíra o primeiro rei de Israel, Saul, em consideração ao qual o menino de Tarso fora chamado Saulo.

A escola da sinagoga ajudava os pais judeus a transmitir a herança religiosa de Israel aos filhos. O menino começava a ler as Escrituras com apenas cinco anos de idade. Aos dez, estaria estudando a Mishna com suas interpretações emaranhadas da Lei. Assim, ele se aprofundou na história, nos costumes, nas Escrituras e na língua do seu povo. O vocabulário posterior de Paulo era fortemente colorido pela linguagem da Septuaginta, a Bíblia dos judeus helenistas.

Dentre os principais “partidos” dos judeus, os fariseus eram os mais estritos (veja o capítulo 5, “Os Judeus nos Tempos do Novo Testamento”). Estavam decididos a resistir aos esforços de seus conquistadores romanos de impor-lhes novas crenças e novos estilos de vida. No primeiro século eles se haviam tornado a “aristocracia espiritual” de seu povo. Paulo era fariseu, “filho de fariseus” (At 23.6). Podemos estar certos, pois, de que seu preparo religioso tinha raízes na lealdade aos regulamentos da Lei, conforme a interpretavam os rabinos. Aos treze anos ele devia assumir responsabilidade pessoal pela obediência a essa Lei.

Saulo de Tarso passou em Jerusalém sua virilidade “aos pés de Gamaliel”, onde foi instruído “segundo a exatidão da lei. . .“ (At 22:3). Gamaliel era neto de Hillel, um dos maiores rabinos judeus. A escola de Hilel era a mais liberal das duas principais escolas de pensamento entre os fariseus. Em Atos 5:33-39 temos um vislumbre de Gamaliel, descrito como “acatado por todo o povo.”

Exigia-se dos estudantes rabínicos que aprendessem um ofício de sorte que pudessem, mais tarde, ensinar sem tornar-se um ônus para o povo. Paulo escolheu uma indústria típica de Tarso, fabricar tendas de tecido de pêlo de cabra. Sua perícia nessa profissão proporcionou-lhe mais tarde um grande incremento em sua obra missionária.

Após completar seus estudos com Gamaliel, esse jovem fariseu provavelmente voltou para sua casa em Tarso onde passou alguns anos. Não temos evidência de que ele se tenha encontrado com Jesus ou que o tivesse conhecido durante o ministério do Mestre na terra.

Da pena do próprio Paulo bem como do livro de Atos vem-nos a informação de que depois ele voltou a Jerusalém e dedicou suas energias à perseguição dos judeus que seguiam os ensinamentos de Jesus de Nazaré. Paulo nunca pôde perdoar-se pelo ódio e pela violência que caracterizaram sua vida durante esses anos. “Porque eu sou o menor dos apóstolos”, escreveu ele mais tarde, “. . . pois persegui a igreja de Deus” (1 Co 15:9). Em outras passagens ele se denomina “perseguidor da igreja” (Fp 3:6), “como sobremaneira perseguia eu a igreja de Deus e a devastava” (Gl 1:13).

Uma referência autobiográfica na primeira carta de Paulo a Timóteo jorra alguma luz sobre a questão de como um homem de consciência tão sensível pudesse participar dessa violência contra o seu próprio povo. “. . . noutro tempo era blasfemo e perseguidor e insolente. Mas obtive misericórdia, pois o fiz na ignorância, na incredulidade” (1 Tm 1:13). A história da religião está repleta de exemplos de outros que cometeram o mesmo erro. No mesmo trecho, Paulo refere a si próprio como “o principal” dos pecadores” (1 T 1:15), sem dúvida alguma por ter ele perseguido a Cristo e seus seguidores.

D) A Morte de Estevão. Não fora pelo modo como Estevão morreu (At 7:54-60), o jovem Saulo podia ter deixado a cena do apedrejamento sem comoção alguma, ele que havia tomado conta das vestes dos apedrejadores. Teria parecido apenas outra execução legal.

Mas quando Estevão se ajoelhou e as pedras martirizantes choveram sobre sua cabeça indefensa, ele deu testemunho da visão de Cristo na glória, e orou: “Senhor, não lhes imputes este pecado” (Atos 7:60).

Embora essa crise tenha lançado Paulo em sua carreira como caçador de hereges, é natural supor que as palavras de Estevão tenham permanecido com ele de sorte que ele se tornou “caçado” também —caçado pela consciência.

E) Uma Carreira de Perseguição. Os eventos que se seguiram ao martírio de Estevão não são agradáveis de ler. A história é narrada num só fôlego: “Saulo, porém, assolava a igreja, entrando pelas casas e, arrastando homens e mulheres, encerrava-os no cárcere” (Atos 8:3).

CONVERSÃO

A conversão de Saulo se deu por volta dos anos 33 ou 34 d.C.. Converteu-se sem a pregação do evangelho por parte de outro homem (Gál.1.11-12). Afinal, quem pregaria para Saulo? O próprio Ananias ficou temeroso quando Deus lhe enviou a orar por aquele que era conhecido como o grande perseguidor da igreja (At.9.13). Uma conversão sem pregação constitui-se exceção. O normal é que alguém pregue o evangelho para que outros se convertam (Rm.10.14).

A perseguição em Jerusalém na realidade espalhou a semente da fé. Os crentes se dispersaram e em breve a nova fé estava sendo pregada por toda a parte (cf. Atos 8:4). “Respirando ainda ameaças e morte contra os discípulos do Senhor” (Atos 9:1), Saulo resolveu que já era tempo de levar a campanha a algumas das “cidades estrangeiras” nas quais se abrigaram os discípulos dispersos. O comprido braço do Sinédrio podia alcançar a mais longínqua sinagoga do império em questões de religião. Nesse tempo, os seguidores de Cristo ainda eram considerados como seita herética.

Assim, Saulo partiu para Damasco, cerca de 240 km distante, provido de credenciais que lhe dariam autoridade para, encontrando os “que eram do caminho, assim homens como mulheres, os levasse presos para Jerusalém” (Atos 9:2).

Que é que se passava na mente de Saulo durante a viagem, dia após dia, no pó da estrada e sob o calor escaldante do sol? A auto-revelação intensamente pessoal de Romanos 7:7-13 pode dar-nos uma pista. Vemos aqui a luta de um homem consciencioso para encontrar paz mediante a observância de todas as pormenorizadas ramificações da Lei.

Isso o libertou? A resposta de Paulo, baseada em sua experiência, foi negativa. Pelo contrário, tornou-se um peso e uma tensão intoleráveis. A influência do ambiente helertístico de Tarso não deve ser menosprezada ao tentarmos encontrar o motivo da frustração interior de Saulo. Depois de seu retorno a Jerusalém, ele deve ter achado irritante o rígido farisaísmo, muito embora professasse aceitá-lo de todo o coração. Ele havia respirado ar mais livre durante a maior parte de sua vida, e não poderia renunciar à liberdade a que estava acostumado.

Contudo, era de natureza espiritual o motivo mais profundo de sua tristeza. Ele tentara guardar a Lei, mas descobrira que não poderia fazê-lo em virtude de sua natureza pecaminosa decaída. De que modo, pois, poderia ele ser reto para com Deus?

Com Damasco à vista, aconteceu uma coisa momentosa. Num lampejo cegante, Paulo se viu despido de todo o orgulho e presunção, como perseguidor do Messias de Deus e do seu povo. Estevão estivera certo, e ele errado. Em face do Cristo vivo, Saulo capitulou. Ele ouviu uma voz que dizia: “Eu sou Jesus, a quem tu persegues;. . . levanta-te, e entra na cidade, onde te dirão o que te convém fazer” (At 9:5-6). E Saulo obedeceu.

Durante sua estada na cidade, “Esteve três dias sem ver, durante os quais nada comeu nem bebeu” (Atos 9:9). Um discípulo residente em Damasco, por nome Ananias, tornou-se amigo e conselheiro, um homem que não teve receio de crer que a conversão de Paulo’ fora autêntica. Mediante as orações de Ananias, Deus restaurou a vista a Paulo.

PRIMEIRAS VIAGENS APÓS A CONVERSÃO

Em Gálatas 1, Paulo apresenta seu itinerário após a conversão para mostrar que não aprendeu de nenhum apóstolo a doutrina cristã:

Damasco (At.9.8)

Deserto da Arábia – Gál. 1.17

Damasco – Gál 1.17

Jerusalém – 3 anos depois da conversão, onde esteve 15 dias com Pedro – Gál. 1.18. Seu objetivo nesse ponto era deixar claro que não esteve com Pedro tempo suficiente para aprender com ele as doutrinas do cristianismo.

Síria e Cilícia - Gál. 1.21 – Esteve, por aproximadamente 10 anos, morando em sua cidade natal, Tarso. Talvez tenha passado esse período sozinho. Tinha sido rejeitado pela família, pelos judeus e encontrava dificuldades entre os cristãos, pois estes tinham receio dele. Por suas epístolas, entendemos que muitos não aceitavam seu apostolado pelo fato de não ter vivido com Jesus. Em Atos 1, na hora de escolher o substituto de Judas Iscariotes, Pedro apresentou os requisitos: o candidato deveria ter acompanhado Jesus desde o batismo de João até a ressurreição (At.1.21-22). Portanto, se Paulo estivesse ali, não seria escolhido para ser apóstolo.

Antioquia – Por fim, Barnabé foi até Tarso à procura de Paulo e logo depois conduziu-o a Antioquia da Síria, onde passou a participar da igreja (At.11.25-26). Antioquia foi o oásis de Paulo. Barnabé foi aquele irmão de que Paulo tanto necessitava para introduzi-lo no convívio cristão. Em Antioquia Paulo permaneceu um ano.

Jerusalém – Depois disso, Paulo foi a Jerusalém com Barnabé e Tito afim de levar a ajuda enviada pelos irmãos de Antioquia (At.11.27-30). Era então o ano 47 ou 48, 14 anos depois de sua conversão, conforme Gálatas 1.18.



Antioquia – Paulo volta para Antioquia, que passou a ser um tipo de "quartel-general".
De acordo com os Atos e as epístolas, entendemos que Paulo era um homem muito instruído, tanto em relação ao judaísmo quanto na filosofia grega. Contudo, seu conhecimento espiritual sobre os mistérios de Deus sobrepujava a tudo isso. Era também homem impetuoso, disposto e extremamente zeloso em tudo.

A EVANGELIZAÇÃO DOS GENTIOS.

Pedro iniciou a evangelização dos gentios em Atos 10, mas isso não foi algo natural para ele que era um judeu de Jerusalém. Somente após um arrebatamento, uma visão e uma palavra direta de Deus, é que Pedro admitiu a idéia de pregar aos gentios. Paulo, porém, era um judeu romano. Isso facilitava sua visão rumo aos povos não judeus. Deus o escolheu para essa missão: ser apóstolo aos gentios (At.22.21; Gál. 2.2,8).

Nas cidades em que chegava, Paulo normalmente ia primeiro às sinagogas (At.13.13-14, 42-48; 14.1; 17.1-2). Ainda não havia igrejas ou templos cristãos nesses lugares. Por outro lado, ele ainda honrava os judeus com a primazia no anúncio da fé cristã. Entretanto, eles não viam por essa ótica. As pregações nas sinagogas terminavam com a revolta dos judeus. Paulo era expulso, agredido e muitos queriam até apedrejá-lo. Desse modo, ocorria um escândalo em público, mas a essa altura, alguns judeus já haviam se convertido. Até as disputas em praça pública eram proveitosas para que os gentios ouvissem a palavra de Deus. Com esse grupo de convertidos se formava a igreja e as reuniões mudavam de local (At.18.4-7).

PRIMEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA – entre os anos 47 e 49 (At.13 e 14)

Paulo esteve durante algum tempo participando da igreja em Antioquia. Esta cidade era muito importante. Chegou a ser uma grande metrópole ainda nos tempos dos reis gregos da Síria, os selêucidas. Após a conquista por Roma, continuou como capital da província e ali se encontravam os governadores romanos. Era bela, com muitos palácios e templos, dentre os quais se destacava o Santuário de Apolo. Nessa cidade havia uma grande colônia judaica, correspondendo à sétima parte da população.

Estando reunido com os irmãos em Antioquia, Paulo recebeu uma direção do Espírito Santo para empreender sua primeira viagem missionária juntamente com Barnabé. Partiram então, levando João Marcos.

Eis o roteiro da primeira viagem missionária de Paulo: Antioquia da Síria; Ilha de Chipre (Salamina e Pafos); Antioquia da Psídia; Icônio, Listra, Derbe; Perge; Antioquia da Síria.

No meio da viagem, Marcos abandonou o grupo e voltou para Jerusalém. Por esse motivo, Paulo não quis levá-lo em sua próxima viagem (At.13.13).

TERCEIRA VISITA A JERUSALÉM

Após a primeira viagem missionária, Paulo faz sua terceira visita a Jerusalém, por volta do ano 49. Nessa oportunidade ocorre a famosa discussão dos apóstolos sobre o que deveria ser exigido dos gentios convertidos no que se refere à observância da lei mosaica. (At.15)

SEGUNDA VIAGEM MISSIONÁRIA

Entre os anos 50 e 52 d.C. (At.15.40 a 18.22)

Terminado o concílio de Jerusalém (At.15), Paulo e Barnabé voltaram para Antioquia, levando consigo Judas, chamado Barsabás, e Silas. Alguns dias depois (At.15.36), Paulo inicia sua segunda viagem missionária, em companhia de Silas, com o principal propósito de visitar as igrejas estabelecidas nas cidades anteriormente visitadas.

Eis o roteiro da segunda viagem: Antioquia da Síria; Cilícia; Listra; Frígia; Galácia; Trôade; Macedônia/Grécia: Filipos; Tessalônica; Beréia; Acaia; Atenas; Corinto; Éfeso; Jerusalém; Antioquia da Síria.

Em Listra, Timóteo entrou na equipe de Paulo. Em Trôade foi a vez do médico Lucas. Paulo ficou um ano e meio em Corinto, ocasião em que estabeleceu a igreja. Daí escreveu aos Tessalonicenses.

TERCEIRA VIAGEM MISSIONÁRIA – 53 a 58 d.C. (At.18.23 a 20.38).

Tendo ficado "algum tempo" em Antioquia (At.18.23), Paulo parte para sua terceira viagem missionária.

O apóstolo muda então sua "base" para Éfeso, que passa a ser sua cidade de retorno. Ali esteve durante dois anos (At.19.10). O versículo mencionado diz que toda a Ásia foi evangelizada naquele período. Portanto, parece certo que Paulo fez diversas viagens às cidades da Ásia Menor, voltando sempre para Éfeso.

O itinerário da terceira viagem foi: Antioquia da Síria, Galácia, Frígia, Éfeso, Macedônia, Grécia, Trôade, Mileto, Tiro e Cesaréia.

VIAGEM A JERUSALÉM

Percebe-se na história de Paulo seu amor pelo seu povo e pela cidade de Jerusalém (At.20.16). Agora, esse amor se dirigia, mais especialmente, aos cristãos daquela cidade. Ali chegando, o apóstolo foi recebido com alegria pelos irmãos. Vinha trazendo uma oferta para eles (I Cor.16.3; II Cor.9; Rom.15.25; At.21.17). Afinal, todo o receio contra o ex-perseguidor estava dissipado. A igreja havia finalmente abraçado o apóstolo. Contudo, a fúria dos judeus continuava crescendo contra aquele que consideravam um traidor da pátria e da religião judaica. Com esse espírito de ódio, os judeus prenderam Paulo em Jerusalém e o espancaram. O grande tumulto que se formou chamou a atenção das autoridades romanas, que prenderam Paulo. Aproveitando a oportunidade, o apóstolo pediu para falar à multidão que se ajuntou. Nesse momento, ele deu seu testemunho de conversão até ser interrompido por aqueles que queriam sua morte (At.22.1-22).

PRISÃO EM CESARÉIA

Os judeus de Jerusalém decidiram matar Paulo. Por isso, as autoridades romanas o conduziram em segurança até Cesaréia, onde esteve preso durante dois anos (At.23.23 a 26). Nesse período, ele se apresentou a várias autoridades: ao governador Félix e sua mulher Drusila, ao governador Pórcio Festo, sucessor de Félix, e ao rei Agripa e sua mulher Berenice. Diante deles, o apóstolo proferiu suas defesas, que foram verdadeiros testemunhos e pregações do evangelho. Estas autoridades não viam motivo para matar Paulo. Resolveram então devolvê-lo aos judeus para que eles mesmos resolvessem o problema. Diante dessa possibilidade, Paulo, sabendo que os judeus o matariam, apelou para César, ou seja, o imperador Nero.

PRISÃO EM ROMA

Sendo cidadão romano, Paulo tinha o direito de ser julgado em Roma. Foi então enviado para lá. Afinal, convinha que chegasse à capital do Império e ali pregasse o evangelho (At.19.21; 23.11). Após uma viagem conturbada e um naufrágio, Paulo finalmente chega a Roma (At.27). Ali permanece preso em uma casa alugada por ele mesmo durante dois anos (At.28). Nesse tempo, pregou o evangelho a todos quantos se interessavam por ouvi-lo.

A MORTE DE PAULO

As últimas palavras bíblicas sobre a vida do apóstolo Paulo encontram-se em At.28 e II Tm.4.6-8. Informações extra-bíblicas dão conta de que ele teria sido solto em 63 d.C.. Talvez tenha visitado a Espanha e outros lugares (de acordo com epístola de Clemente, Cânon Muratoriano e Atos de Pedro.). Finalmente, a tradição nos informa que o apóstolo Paulo foi preso e decapitado pelo imperador Nero em 67 d.C.
Resumindo a cronologia da vida de Paulo:
Data aproximada
Fato ou localidade visitada
Ano 1 d.C.
Nascimento de Paulo
Ano 33 ou 34 d.C.
Conversão
Entre 33 e 36
Deserto da Arábia
Ano 36
Primeira visita a Jerusalém
Entre 36 e 46
Síria, Cilícia (principalmente Tarso)
entre 46 e 47 (Atos 11.25-26)
Antioquia da Síria
47
Segunda visita a Jerusalém
47
Antioquia da Síria
47 a 49
Primeira viagem missionária
49 (Atos 15)
Terceira visita a Jerusalém
50 a 52
Segunda viagem missionária
53 a 58
Terceira viagem missionária
58
Quarta visita a Jerusalém
58 a 59
Prisão em Cesaréia
60 a 62
Prisão em Roma
63 a 66
Liberdade e viagens diversas (???)
67
Morte em Roma

O MINISTÉRIO DO APOSTOLO PAULO

Paulo começou, na sinagoga de Damasco, a dar testemunho de sua fé recém-encontrada. O tema de sua mensagem concernente a Jesus era: “Este é o Filho de Deus” (At 9:20). Mas Paulo tinha de aprender amargas lições antes que pudesse apresentar-se como líder cristão confiável e eficiente. Descobriu que as pessoas não se esquecem com facilidade; os erros do homem podem persegui-lo por um longo tempo, mesmo depois que ele os tenha abandonado. Muitos dos discípulos suspeitavam de Paulo, e seus ex-companheiros de perseguições o odiavam. Ele pregou por breve tempo em Damasco, foi-se para a Arábia e depois voltou para Damasco.

A segunda tentativa de Paulo de pregar em Damasco igualmente não teve bom resultado. Um ano ou dois haviam decorrido desde a sua conversão, mas os judeus se lembravam de como ele havia desertado de sua primeira missão em Damasco. O ódio contra ele inflamou-se de novo e “deliberaram entre si tirar-lhe a vida” (At 9:23). A dramática história da fuga de Paulo por sobre a muralha, num cesto, tem prendido a imaginação de muitos.

Os dias de preparação de Paulo não estavam terminados. O relato que ele faz aos gálatas continua, dizendo: “Decorridos três anos, então subi a Jerusalém. . .“ (Gl 1:18). Ali ele encontrou a mesma hostil recepção que teve em Damasco. Uma vez mais foi obrigado a fugir.

Paulo desapareceu por alguns anos. Esses anos que ele passou escondido deram-lhe convicções amadurecidas e estatura espiritual de que ele necessitaria em seu ministério.

Em Antioquia, os gentios estavam sendo convertidos a Cristo. A Igreja em Jerusalém teve de decidir como cuidar desses novos crentes. Foi então que Barnabé se lembrou de Paulo e se dirigiu a Tarso à sua procura (At 11:25). Barnabé já tinha sido instrumento na apresentação de Paulo em Jerusalém, num esforço por afastar suspeita contra ele.

A esses dois homens foi confiada a tarefa de levar socorro à Judéia onde os seguidores de Jesus estavam passando fome. Quando Barnabé e Paulo voltaram a Antioquia, missão cumprida, trouxeram consigo o jovem João, apelidado Marcos, sobrinho de Barnabé (At 12:25).

As Viagens Missionárias:

A jovem e florescente igreja de Antioquia resolve enviar a Barnabé e a Paulo como missionários. O primeiro porto de escala na primeira viagem missionária foi Salamina, na ilha de Chipre, terra natal de Barnabé. Este fato, juntamente com a freqüente apresentação que a Bíblia faz desses missionários como “Barnabé e Saulo” indica que Paulo desempenhava papel secundário. Esta era a viagem de Barnabé; Paulo exercia o segundo posto de comando, e os dois tinham “João [Marcos] como auxiliar” (At 13:5).

O êxito de seus esforços missionários nessa ilha incentivaram Paulo e seus parceiros a avançar para território mais difícil. Fizeram uma viagem mais longa por mar, desta vez até Perge, já em terras continentais da Ásia Menor. Dali Paulo pretendia viajar pelo interior numa missão perigosa até à Antioquia da Pisídia.

Mas, exatamente neste ponto, aconteceu algo que causou muita dor de cabeça aos três. O ajudante, João Marcos, “apartando-se deles, voltou para Jerusalém” (At 13:13), onde morava. A Bíblia não nos diz por quê, embora seja natural conjeturar que lhe faltaram coragem e confiança. A súbita mudança dos planos de Marcos causaria, mais tarde, conflito entre Paulo e Barnabé.

Em Antioquia, Paulo tomou-se o porta-voz e criou-se um padrão conhecido de todos. Alguns criam em sua mensagem e se regozijavam; outros a rejeitavam e provocavam oposição. Aconteceu pela primeira vez em Antioquia, depois em Icônio. Em Listra ele foi apedrejado e dado por morto (At 14:19), mas sobreviveu e pôde prosseguir até à cidade de Derbe.

A visita de Paulo e Barnabé a Derbe completou a sua primeira viagem. Logo Paulo resolveu percorrer de novo a difícil rota sobre a qual ele tinha vindo, a fim de fortalecer, encorajar e organizar os grupos cristãos que ele e Barnabé haviam estabelecido.

Nisto discernimos o plano de Paulo de estabelecer congregações nas principais cidades do Império. Ele não deixava seus convertidos desorganizados e sem liderança capaz, mas, pelo mesmo motivo, não permanecia muito tempo num só lugar.

Os judeus muitas vezes faziam convertidos entre os gentios, mas estes eram mantidos numa posição de “segunda classe”. A não ser que estivessem preparados para submeter-se à circuncisão e aceitar a interpretação da Lei segundo os fariseus, eles permaneciam à margem da congregação judaica. Mesmo que chegassem a esse ponto, o fato de não terem nascido judeus ainda os barrava de usufruir completa comunhão.

Assim, qual seria a relação dos convertidos gentios com a comunidade cristã? Paulo e Barnabé viajaram a Jerusalém a fim de conferenciar com os dirigentes ali a respeito desse problema fundamental.

Em Jerusalém, Paulo expôs as suas convicções e saiu vencedor. A descrição da controvérsia que o próprio Paulo apresenta aos gálatas declara que lhe estenderam “a destra de comunhão” e igualmente a Barnabé. Os dirigentes da igreja concordaram em que “nós fôssemos para os gentios” (Gl 2:9).

Após a conferência de Jerusalém, Paulo e Barnabé “demoraram-se em Antioquia, ensinando e pregando,.. . a palavra do Senhor” (Atos 15:35). Aqui, dois incidentes causaram severas tensões às relações de trabalho de Paulo com Pedro e Barnabé.
O primeiro desses incidentes surgiu dos mesmos problemas que provocaram a conferência de Jerusalém. A conferência havia liberado os gentios do regulamento judaico da circuncisão. Contudo, não havia decidido se os cristãos de origem judaica poderiam comer com os convertidos gentios. Pedro tomou posição ao lado de Paulo nessa praxe, o que envolvia relaxar os regulamentos dos judeus com vistas a alimentos. Na realidade, Pedro deu o exemplo comendo com gentios. Mais tarde, porém, ele “afastou-se e, por fim, veio a apartar-se” (Gl 2:12), e Barnabé se deixou levar “pela dissimulação deles” (v. 13).

Paulo, considerando esses atos como nova ameaça à sua missão entre os gentios, recorreu a uma medida drástica. “Resisti-lhe [a Pedro] face a face, porque se tornara repreensível” (Gálatas 2:11). Ele fez isso “na presença de todos” (v. 14). Em outras palavras, ele recorreu à censura pública.

Esse incidente ajuda-nos a entender o segundo, que Lucas registra em Atos 15:36-40. Barnabé desejava que o jovem Marcos os acompanhasse na segunda viagem missionária; Paulo opôs-se à idéia. E a narrativa diz que “houve entre eles tal desavença que vieram a separar-se” (v. 39).

Não sabemos se Paulo e Barnabé voltaram a encontrar-se. Eles concordaram em discordar” e empreenderam viagens, cada um para seu lado. Sem dúvida o evangelho foi desse modo promovido mais do que se tivessem permanecido juntos.

Então “Paulo, tendo escolhido a Silas, partiu. . . E passou pela Síria e Cilícia, confirmando as igrejas” (Atos 15:40, 41). Depois de nova visita a Derbe, o último ponto visitado na primeira viagem, Paulo e seu grupo prosseguiram até Listra para ver seus convertidos nesta cidade. Aqui Paulo encontrou um jovem cristão chamado Timóteo (Atos 16:1), e viu nele um substituto potencial para Marcos.

O que aconteceu aqui redimiu Paulo de qualquer acusação de não se mostrar disposto a depositar confiança em homens mais moços do que ele. Em 1 Tm 1:2 dirigiu-se ao jovem Timóteo “verdadeiro filho”, e na segunda epístola fala dele como “amado filho” (2 Tm 1:2). Na segunda epístola lemos também: “pela recordação que guardo da tua fé, a mesma que primeiramente habitou em tua avó Lóide, e em tua mãe Eunice, e estou certo de que também em ti” (2 Tm 1:5). Esta referência pode significar que a família de Timóteo fora ganha para Cristo por Paulo e Barnabé na sua primeira viagem. Por certo, quando Paulo voltou, ele quis que Timóteo “fosse em sua companhia” (At 16:3). Este mesmo versículo acrescenta que Paulo “circuncidou-o por causa dos judeus”. Era esta atitude coerente com o julgamento anterior de Paulo sobre Pedro? Ou se devia ao fato de ter ele aprendido a não criar problemas desnecessários? De qualquer modo, uma vez que Timóteo era meio-judeu, esta decisão evitaria problemas muitas vezes. Paulo sabia como lutar por um principio e como ceder por conveniência quando não estava em jogo nenhum princípio. Paulo sustentava que a circuncisão não era necessária à salvação (cf. Gálatas), mas estava pronto para circuncidar um judeu cristão como uma questão de conveniência.

Quando o grupo de evangelistas (dirigido de algum modo não especificado pelo Espírito Santo — At 16:6-8) chegou a Trôade e se pôs a contemplar o outro lado da estreita península, deve ter ponderado sobre a perspectiva de avançar sua campanha ao continente europeu. A decisão foi tomada quando “à noite, sobreveio a Paulo uma visão, na qual um varão macedônio estava em pé e lhe rogava, dizendo: Passa à Macedônia e ajuda-nos” (At 16:9). A resposta de Paulo foi imediata. O grupo navegou para a Europa. Muitos escritores têm sugerido que esse “varão macedônio” pode ter sido o médico Lucas. De qualquer maneira, parece que neste ponto ele entrou no drama de viagem, porque agora ele começa a referir-se aos missionários como “nós”.

A viagem continuou ao longo da grande estrada romana que corre para o Ocidente através das principais cidades da Macedônia — desde Filipos até Tessalônica, e de Tessalônica a Beréia. Durante três semanas, Paulo falou na sinagoga de Tessalônica; depois foi para Atenas, centro da erudição grega, e cidade onde dominava a idolatria (At 17:16). Incansável, ele partiu para Corinto.

Sua primeira e grande missão no mundo gentio estendeu-se por quase três anos. Depois ele voltou a Antioquia.

Após uma curta permanência em Antioquia, Paulo partiu em sua terceira viagem missionária no ano 52 d.C. Desta vez suas primeiras paradas foram na Galácia e na Frígia. Depois de visitar as igrejas em Derbe, Listra, Icônio e Antioquia, ele resolveu fazer algum trabalho missionário intensivo em Éfeso, a capital da província romana da Ásia. Estrategicamente localizada para comércio, era superada somente por Roma, Alexandria e Antioquia em tamanho e importância. Como resultado dos trabalhos de Paulo ali, ela tornou-se a terceira mais importante cidade na história do Cristianismo primitivo — Jerusalém, Antioquia, depois Éfeso.

Paulo chegou a Éfeso para empreender o que provou ser as mais extensas e exitosas de suas atividades missionárias em qualquer localidade. Mas esses anos lhe foram estrênuos. Visto que ele sustentava a si próprio trabalhando em sua profissão, seus dias eram longos. Seguindo o costume dos trabalhadores de um clima tão quente, ele levantava-se antes de raiar o dia e começava a trabalhar. As horas da tarde ele as empregava no ensino e pregação, e é provável que também as horas vespertinas. Isto ele fez “diariamente” durante “dois anos”. Em sua própria descrição desses trabalhos, Paulo acrescenta que ele não só ensinava em público, mas “também de casa em casa” (At 20:20). Teve êxito — muito bom êxito. Somos informados de “milagres extraordinários” (At 19:11) ocorridos durante esses dias agitados em Éfeso. A nova fé causou tal impacto sobre a cidade que “muitos dos que haviam praticado artes mágicas, reunindo os seus livros, os queimaram diante de todos” (At 19:19). Isso suscitou o ódio dos adoradores pagãos, temerosos de que os cristãos solapassem a influência de sua religião.

Depois de três invernos em Éfeso, Paulo passou o seguinte em Corinto, em concordância com a promessa e a esperança expressas em 1 Co 16:5-7. Ali Paulo fez outros preparativos para uma visita a Roma. Escreveu uma carta, dizendo aos cristãos de Roma: “Muito desejo ver-vos, . . . muitas vezes me propus ir ter convosco” (Rm 1:11, 13), e “penso em fazê-lo quando em viagem para a Espanha” (Rm 15:24).

Paulo ignorou as advertências sobre os perigos que o ameaçavam se ele aparecesse de novo em Jerusalém. Ele achava que era decisivo voltar em pessoa, como portador da oferta das congregações gentias. Ele estava “pronto não só para ser preso, mas até para morrer em Jerusalém, pelo nome do Senhor Jesus” (At 21:13). De modo que Paulo foi de novo a Jerusalém, e Lucas escreve que “os irmãos nos receberam com alegria” (At 21:17). Mas espreitando nas sombras estava uma comissão de recepção com intenções diferentes.

PAULO, PRESO E JULGADO

Os cristãos de Jerusalém ficaram felizes ao ouvir o relatório de Paulo sobre a divulgação da fé cristã. Contudo, alguns cristãos judeus duvidaram da sinceridade de Paulo. Para mostrar seu respeito pela tradição judaica, Paulo juntou-se a quatro homens que cumpriam um voto de nazireu no templo. Alguns judeus da Ásia agarraram Paulo e falsamente o acusaram de introduzir gentios no templo (At 21:27-29). O tribuno da guarnição romana levou Paulo em custódia para impedir um levante. Ao saber que Paulo era cidadão romano, o tribuno retirou-lhe as cadeias e pediu aos judeus que convocassem o Sinédrio para interrogá-lo.

Paulo percebeu que a multidão enfurecida poderia matá-lo. Assim, ele disse ao Sinédrio que fora preso por ser fariseu e crer na ressurreição dos mortos. Esta afirmação dividiu o Sinédrio em suas facções de fariseus e saduceus, e o comandante romano teve de salvar Paulo de novo.

Ouvindo dizer que os judeus tramavam uma emboscada contra Paulo, o comandante enviou-o de noite a Cesaréia, onde ficou guardado no palácio de Herodes. Paulo passou dois anos presos aí.

Quando os acusadores de Paulo chegaram, acusaram-no de haver tentado profanar o templo e de ter criado uma revolta civil em Jerusalém (At 24:1-9). Félix, procurador romano, exigiu mais provas do tribuno em Jerusalém. Mas antes que estas chegassem, Félix foi substituído por um novo procurador, Pórcio Festo. Este novo oficial pediu aos acusadores de Paulo que viessem de novo a Cesaréia. Ao chegarem, Paulo fez valer os seus direitos como cidadão romano de apresentar seu caso perante César.

Enquanto aguardava o navio para Roma, Paulo teve oportunidáde de defender a sua causa perante o rei Agripa II que visitava Festo. O capítulo 26 de Atos registra o discurso de Paulo no qual ele contou de novo os eventos de sua vida até aquele ponto.

Festo entregou Paulo aos cuidados de um centurião chamado Júlio, que estava levando um navio carregado de prisioneiros para a cidade imperial. Após uma viagem acidentada, o navio naufragou na ilha de Malta. Três meses depois, Paulo e os demais prisioneiros tomaram outro navio para Roma.

Os cristãos de Roma viajaram quase cinqüenta quilômetros para dar as boas-vindas a Paulo (At 28:15). Em Roma Paulo foi posto sob prisão domiciliar, e em At 28:30 lemos que ele alugou uma casa por dois anos enquanto aguardava que César ouvisse o seu caso.

O Novo Testamento não nos fala da morte de Paulo. Muitos estudiosos modernos crêem que César libertou o apóstolo, e que ele empenhou-se em mais trabalho missionário antes de ser preso pela segunda vez e executado.3

Dois livros escritos antes do ano 200 d.C. — a Primeira Epístola de Clemente e os Atos de Paulo — asseveram que isso aconteceu. Indicam que Paulo foi decapitado em Roma perto do fim do reinado do imperador Nero (c. 67 d.C.).

A personalidade do Apostolo:

As epístolas de Paulo são o espelho de sua alma. Revelam seus motivos íntimos, suas mais profundas paixões, suas convicções fundamentais. Sem a sobrevivência das cartas de Paulo, ele seria para nós uma figura vaga, confusa.

Paulo estava mais interessado nas pessoas e no que lhes acontecia do que em formalidades literárias. A medida que lemos os escritos de Paulo, notamos que suas palavras podem vir aos borbotões, como no primeiro capítulo da carta aos Gálatas. As vezes ele irrompe abruptamente para mergulhar numa nova linha de pensamento. Nalguns pontos ele toma um longo fôlego e dita uma sentença quase sem fim.

Temos em 2 Co 10:10 uma pista de como as epístolas de Paulo eram recebidas e consideradas. Mesmo seus inimigos e críticos reconheciam o impacto do que ele tinha para dizer, pois sabemos que comentavam: “As cartas, com efeito, dizem, são graves e fortes.. (2 Co 10:10).

Líderes fortes, como Paulo, tendem a atrair ou repelir os que eles buscam influenciar. Paulo tinha tanto seguidores devotados quanto inimigos figadais. Como conseqüência, seus contemporâneos mantinham opiniões variadíssimas a seu respeito.

Os mais antigos escritos de Paulo antedata a maioria dos quatro Evangelhos. Refletem-no como um homem de coragem (2 Co 2:3), de integridade e elevados motivos (vv. 4-5), de humildade (v. 6), e de benignidade (v. 7).

Paulo sabia diferençar entre sua própria opinião e o “mandamento do Senhor” (1 Co 7:25). Era humilde bastante para dizer “se­gundo minha opinião” sobre alguns assuntos (1 Co 7:40). Ele estava bem cônscio da urgência de sua comissão (1 Co 9:16-17), e do fato de não estar fora do perigo de ser “desqualificado” por sucumbir à tentação (1Co 9.27). Ele se recorda com pesar de que outrora perseguia a Igreja de Deus (1Co 15.9).

Leia o capítulo 16 da carta aos Romanos com especial atenção à atitude generosa de Paulo para com os seus colaboradores. Ele era um homem que amava e prezava as pessoas e tinha em alto apreço a comunhão dos crentes. Na carta aos Colossenses vemos quão afetivo e amistoso Paulo poderia ser, mesmo com cristãos com os quais ainda não se havia encontrado. “Gostaria, pois, que saibais, quão grande luta venho mantendo por vós. . . e por quantos não me viram face a face”, escreve ele (Cl 2:1).

Na carta aos Colossenses lemos também a respeito de um homem chamado Onésimo, escravo fugitivo (Cl 4:9; Fm 10), que evidentemente havia acrescentado ao furto o crime de abandonar o seu dono, Filemom. Agora Paulo o havia conquistado para a fé cristã e o persuadira de voltar ao seu senhor. Mas conhecendo a severidade

do castigo imposto aos escravos fugitivos, o apóstolo desejava convencer a Filemom a tratar Onésimo como irmão. Aqui vemos Paulo, o reconciliador. E tudo isso ele fez a favor de um homem que estava no degrau mais baixo da escada da sociedade romana. Contraste essa atitude com o comportamento do jovem Saulo guardando as vestes dos apedrejadores de Estevão. Observe quão profundamente Paulo havia mudado em sua atitude para com as pessoas.

Nesses escritos vemos Paulo como amigo generoso, afetivo, um homem de grande fé e coragem— mesmo em face de circunstâncias extremas. Ele estava totalmente comprometido com Cristo, quer na vida, quer na morte. Seu testemunho é profundamente firmado nas realidades espirituais: “Tanto sei estar humilhado, como também ser honrado; de tudo e em todas as circunstâncias já tenho experiência, tanto de fartura, como de fome; assim de abundância, como de escassez; tudo posso naquele que me fortalece” (Fp 4:12-13).

O APÓSTOLO PAULO

Depois de Jesus, Paulo deve ser a pessoa mais influente na história da fé cristã. A conversão de um inimigo zeloso dos cristãos para um advogado incansável do evangelho, se classifica entre uma das histórias mais dramáticas das escrituras. Seus anos de ministério o levaram a inúmeras cidades na Ásia Menor e na Europa. Ele também escreveu treze cartas que estão incluídas no Novo Testamento.

EDUCAÇÃO

Apesar de ter nascido em Tarso, Paulo testifica que cresceu em Jerusalém e que estudou sob a tutela de Gamaliel (Atos 22:3). Não é muito claro quando que Paulo chegou a Jerusalém, mas é provável que ele tenha começado os seus estudos rabínicos entre seus 13 e 20 anos.

SAULO O PERSEGUIDOR

Pouco tempo depois dos eventos que mudaram o mundo, a ressurreição de Jesus e o pentecostes, os membros de certas sinagogas em Jerusalém, inclusive uma sinagoga da Cilícia (Atos 6:9), da terra nativa de Paulo, resolveram anular a nova igreja. Eles lutaram contra a sabedoria e o espírito (6:10) de Estevão (6:5,8). Eles o acusaram de blasfêmia diante do sinédrio (6:11-15) e, depois de sua defesa eloqüente (7:1-53), arrastaram-no para fora da cidade, aonde ele foi apedrejado até a morte. Ele se tornou o primeiro mártir cristão.
O registro não revela inteiramente qual era o papel de Paulo nesses procedimentos, mas sabemos que ele era um participante ativo. As testemunhas contra Estevão, que eram encarregados de jogar as pedras na execução, "puseram as suas vestes aos pés de um jovem chamado Saulo" (Atos 7:58). A morte de Estevão iniciou os eventos que resultariam na conversão e na empreitada de Paulo como o apóstolo dos gentios. Mas, naquele tempo, Paulo era um líder dos opressores da igreja. Ele respirava ameaças e mortes contra os discípulos do Senhor (Atos 9:1); ele perseguiu a igreja de Deus e tentou destruí-la (Gálatas 1:13) prendendo mulheres e homens cristãos (Atos 22:4) em muitas cidades.

A CONVERSÃO E O CHAMADO

Paulo recebeu cartas do sumo sacerdote em Jerusalém, endereçadas às sinagogas em Damasco, autorizando-o a prender os crentes de lá e trazê-los a Jerusalém para julgamento (Atos 9:1-2). Quando ele estava perto de Damasco, uma luz vinda do céu "a qual excedia o esplendor do sol" apareceu em volta de Paulo e os que estavam viajando com ele, e eles caíram no chão (26:13-14). Somente Paulo, no entanto, podia ouvir a voz de Jesus, que lhe dizia que ele seria o instrumento escolhido por Cristo para trazer as boas novas aos gentios (26:14-18). Paulo foi guiado até Damasco, temporariamente cego (9:8). Lá, o discípulo Ananias e a comunidade cristã o ajudaram através do evento inquietador de sua conversão (9:10-22). Depois de um curto período com a igreja de lá, Paulo começou a proclamar a Cristo ressurreto publicamente, e os judeus ameaçaram Paulo de morte (9:20-22). Ele foi protegido pelos que criam e escapou de seus perseguidores (9:23-25).

A conversão de Paulo foi de uma importância tão revolucionária e duradoura que há três relatos detalhados desse evento no livro de Atos (Atos 9:1-19; 22:1-21; 26:1-23). Paulo se refere a ela muitas vezes nas suas próprias cartas (1 Coríntios 9:1; 15:8; Gálatas 1:15-16; Efésios 3:3; Filipenses 3:12). A transformação deste perseguidor zeloso de Jesus Cristo em o defensor chefe do evangelho (1 Coríntios 3:10; 1 Timóteo 1:13) mudaria profundamente o curso da história mundial.

OS ANOS FINAIS E O MARTÍRIO

Se assumirmos que Paulo é o autor das cartas pastorais (1 Timóteo, 2 Timóteo e Tito), podemos traçar o provável curso dos eventos dos últimos anos de Paulo. Romanos 15:28 mostra que a intenção de Paulo era entregar as arrecadações e ir em direção a Roma e depois para a Espanha. O fato de ele ter sido preso em Jerusalém não só atrapalhou seus planos mas também o fez perder tempo que ele queria gastar em outro lugar. Nós sabemos que algum tempo depois de 61 D.C., Paulo deixou Tito em Creta (Tito 1:5) e viajou através de Mileto, sul de Éfeso. Viajando em direção a Macedônia, Paulo visitou Timóteo em Éfeso (1 Timóteo 1:3). No caminho, Paulo deixou seu manto e seus livros com Carpo em Trôade (2 Timóteo 1:3). Isso indica que a intenção dele era voltar ali para pegar as suas coisas.
De Macedônia, Paulo escreveu sua carta afetuosa porém apreensiva a Timóteo (62-64 D.C). Ele havia decidido passar o inverno em Nicópolis (Tito 3:12), noroeste de Corinto, mas ainda se encontrava na Macedônia quando escreveu esta carta a Tito. Essa carta é parecida com 1 Timóteo, mas com um tom mais rigoroso. Nela há uma última referência ao eloqüente e zeloso Apolo (Tito 3:13), que ainda trabalhava para o evangelho por mais de dez anos depois de ter conhecido Paulo em Éfeso (Atos 18:24). Neste ponto da história o caminho de Paulo é desconhecido. Ele pode ter passado o inverno em Nicópolis, mas ele não retornou a Trôade como ele havia planejado (2 Timóteo 4:13).
Em algum ponto os romanos provavelmente o prenderam novamente, pois ele passou um inverno em Roma na Mamertime Prison, passando frio na cela gelada de pedra enquanto escrevia a sua segunda carta a Timóteo (66-67 D.C). Ele podia estar antecipando isso quando pediu para Timóteo lhe trazer o seu manto (2 Timóteo 4:13,21). Nós só podemos especular quais eram as acusações contra Paulo; alguns sugerem que Paulo e os outros cristãos podiam ter sido acusados (falsamente) de terem incendiado Roma. Era, no entanto, contra a lei pregar a fé cristã. A proteção que havia sido dada aos judeus tinha sido retirada dessa nova religião estranha. Paulo sentiu o peso dessa perseguição. Muitos o abandonaram (2 Timóteo 4:16), inclusive todos os seus colegas na Ásia (1:15) e Demas que amava ao mundo (4:10). Apenas Lucas, o médico e autor do livro de Lucas e Atos, estava com ele quando ele escreveu a sua segunda carta a Timóteo (4:11). Crentes fiéis que estavam escondidos em Roma também manteram contato (1:16; 4:19, 21).
Ele pediu a Timóteo que viesse ao seu encontro em Roma (4:11), e aparentemente Timóteo foi. O pedido de Paulo que Timóteo o trouxesse seus livros e o seu pergaminho indica que ele estava estudando a palavra até o fim. O apóstolo Paulo teve duas audiências diante dos romanos. Na sua primeira defesa só o Senhor ficou do seu lado (2 Timóteo 4:16). Lá não só ele se defendeu como também defendeu o evangelho, ainda na esperança que os gentios escutassem sua mensagem. Aparentemente não houve um veredicto, e Paulo foi "livre da boca do leão" (4:17). Apesar de Paulo saber que morreria em breve, ele não temeu. Ele foi assegurado que o Senhor o daria a coroa da justiça no último dia (4:8). Finalmente, o apóstolo em si escreveu encorajar todos os que criam "O Senhor seja com o teu espírito. A graça seja com vosco" (2 Timóteo 4:22, RSV). Depois disso, a escritura não menciona mais Paulo.
Nada sabemos sobre a segunda audiência de Paulo, mas provavelmente resultou em sentença de morte.
Não temos nenhum relato escrito do fim de Paulo, mas foi provavelmente executado antes da morte de Nero no verão de 68 D.C.. Como um cidadão romano, ele deve ter sido poupado das torturas que os seus companheiros de mártir haviam sofrido recentemente. A tradição diz que ele foi decapitado fora de Roma e enterrado perto dali. A sua morte libertou Paulo "partir e estar com Cristo, o que é muito melhor" (Filipenses 1:23).



JULGAMENTO, PRISAO E MORTE DE PAULO

PRISIONEIRO DE FESTO

Alguns dias mais tarde, Agripa rei de Cálcis, em companhia de Berenice, sua irmã com quem vivia, foram passar uns dias com Festo em Cesaréia. O Governador querendo saber a opinião do rei, descreveu-lhe o caso de Paulo. Festo acrescentou que os judeus “somente tinham certas contestações no tocante as suas crenças e a respeito de um certo JESUS, já morto, e que PAULO afirma estar vivo. Quanto a mim, embaraçado diante de tal debate, perguntei-lhe se queria ir a Jerusalém para ser julgado lá. Mas Paulo interpôs apelação, a fim de que sua causa fosse reservada ao julgamento do augusto imperador; ordenei que fosse mantido preso até que eu o envie a César.” (At 25,19-21)

Agripa manifestou o desejo de ver Paulo.

No dia seguinte, Pórcio Festo, o rei Agripa e Berenice, se instalaram no grande salão, que também ficou repleto de judeus, e mandaram chamar Paulo. Ele delicadamente pediu permissão para fazer a sua própria defesa. Respondeu Agripa: “Tens permissão de pleitear a tua causa.” (At 26,1)

Estendendo a mão, o Apóstolo fez sua defesa de maneira brilhante, como em outras oportunidades, realçando o acontecimento de sua conversão e o poder de DEUS.

Neste momento, Festo levantou-se e gritou: “Está louco, Paulo; as muitas letras te fizeram perder a cabeça”. (At 26,24)

Respondeu o Apóstolo: “Não estou louco, excelentíssimo Festo, mas falo palavras de verdade e bom senso.” (At 26,25)

E voltando-se para o rei, perguntou: “Crês nos Profetas, rei Agripa? Eu sei que tu crês.” (At 26,27)

O rei respondeu a Paulo: “Ainda um pouco e por teus raciocínios fazes de mim um cristão!” (At 26,28)

E Paulo disse: “Por pouco ou por muito, queira DEUS fazer que não somente tu, mas todos aqueles que hoje me escutam, tornem-se como eu, exceto essas algemas.” (At 26,29)

E o rei se levantou, assim como o Governador, Berenice e os que estavam sentados com eles. Falavam entre si: “Este homem nada fez que mereça a morte, nem as cadeias.” (At 26,31)

Agripa disse a Festo: “Poder-se-ia soltar este homem, se não houvesse apelado para César.” (At 26,32)

ENVIADO A ROMA

No Outono do ano 60, o Governador Festo enviou Paulo e outros prisioneiros, sob a escolta do centurião Júlio, com destino a Roma. A frágil embarcação embora viajasse próximo ao continente, enfrentou uma difícil tempestade no Mar Mediterrâneo, entre a Grécia e a Itália. Só depois de quatorze dias de muito sofrimento, conseguiram lançar o barco numa pequena enseada, encalhando-o propositalmente, porque ele já estava com sua estrutura de madeira parcialmente destruída. A população da embarcação com mais de 270 homens, sem demora, pularam na água para se salvarem, utilizando tábuas do próprio barco como bóia ou nadando para a terra. Pensavam que tinham chegado na Itália, mas depois descobriram que era a ilha de Malta.

Permaneceram cerca de três meses, esperando que o tempo melhorasse e que chegasse ao porto uma embarcação que pudesse transporta-los.

Durante os 90 dias em que passaram em Malta, Paulo embora timidamente (porque era um prisioneiro) aproveitou para evangelizar o povo. Num pequeno povoado da ilha, um senhor idoso estava acamado com febre e disenteria. Paulo foi vê-lo, orou e lhe impôs as mãos, ele ficou imediatamente curado. A notícia espalhou! Diante disso, outros doentes da ilha também vieram procura-lo e foram todos curados.
Por ocasião da partida para Itália, do Apóstolo e de todos que ali estavam, em agradecimento, os nativos e habitantes da ilha os cumularam de atenções e os proveram do necessário para a viagem.

CHEGADA NA CAPITAL DO IMPÉRIO

Os irmãos cristãos de Roma, informados sobre a chegada de Paulo, foram ao encontro dele no Foro de Ápio e nas Três Tabernas. O Apóstolo vendo os irmãos, deu graças a DEUS e criou mais coragem para enfrentar o cativeiro. Num regime especial de custódia, as autoridades romanas permitiram-lhe residir numa casa particular, que a Comunidade Cristã de Roma alugou. Nela, Paulo se encontrava e conversava normalmente com as pessoas. Só não podia se ausentar da residência. A casa era vigiada diariamente por um soldado.

Depois de dois anos de cativeiro, de 61 a 63, o seu processo terminou sem uma sentença condenatória e ele foi colocado em liberdade, sendo Imperador de Roma, o terrível Nero (54-68).

Assim que foi colocado em liberdade não permaneceu muito tempo em Roma. É possível que tenha viajado para evangelizar a Espanha, porque este era um antigo desejo. (Rm 15,24.28)

NERO INCENDEIA ROMA

No ano 64, o Imperador Nero mandou incendiar um bairro da cidade de Roma, a fim de presenciando ao incêndio, se inspirasse e escrevesse um poema épico (um poema extraordinário, fora do comum). Contudo, o incêndio teve conseqüências dramáticas, se alastrou e destruiu quase quatro bairros, deixando desabrigados milhares de pessoas. Em face da conseqüência danosa do irresponsável gesto, ele e seus asseclas precisavam tomar alguma providência, e então, colocaram a culpa nos cristãos para cobrir o abominável desatino. E por essa razão, a partir do ano 64, Nero empreendeu uma busca impiedosa aos cristãos: homens, mulheres, velhos e crianças, eram presos e encarcerados, eram lançados aos leões na arena e devorados pelas feras, outros eram envoltos em betumem, amarrados em postes e incendiados para iluminar o palco tétrico das covardias que aconteciam no Coliseu Romano.

Paulo ao deixar a Espanha, percorreu as Igrejas do Oriente. Nomeou Tito, Bispo de Creta (Ti 1,5) . Em Éfeso, nomeou Timóteo, Bispo de Éfeso. (1 Tim 1,3).

Em Nicópolis, passou o inverno, mas sentiu uma vontade irresistível de voltar a Roma. Tito e Lucas, estavam em sua companhia. Por necessidade de atendimento aos núcleos cristãos, Tito foi enviado a Dalmácia. (2 Tim 4,10)

PRISÃO, CONDENAÇÃO E MORTE

Assim sendo, voltou a Roma na primavera do ano 67, somente acompanhado por Lucas. Empenhou-se no trabalho de reconstituir a Comunidade, dizimada pelas perseguições cruéis e covardes de Nero. Segundo a Tradição, Paulo encontrou pousada na margem esquerda do Rio Tibre, perto da ilha Tiberina. No local de sua última residência, ergue-se uma antiga Capela dedicada a sua memória “San Paolo alla Regola”. Aqui o Santo foi preso, acusado de chefiar a seita cristã. Neste segundo cativeiro, sua situação ficou completamente inversa da anterior, pelo fato de pesar sobre os cristãos a acusação de terem incendiado Roma, e por essa razão, arrastava pesados grilhões e era tratado “como malfeitor”. (2 Tim 2,9) Estava completamente isolado, porque os amigos de Roma não conseguiam visitá-lo facilmente; Êubulo, Pudente, Lino e Cláudia só podiam procura-lo com muita precaução.

O caso de Paulo devia ser julgado pelo Tribunal Imperial. Nessa época, Nero percorria a Grécia disfarçado em comediante, mas deixou em Roma, como substituto o terrível Élio. No primeiro Interrogatório permitiram ao Apóstolo fazer a sua própria defesa, da acusação de cumplicidade no incêndio de Roma. Mas ninguém o ajudou, senão DEUS. (2 Tim 4,16-17) Contudo, deve ter se saído bem, pois a audiência foi suspensa sem qualquer condenação.
No calabouço, reuniu suas forças restantes e escreveu a sua derradeira carta ao estimado discípulo Timóteo (a Segunda Epístola a Timóteo), a quem cuidava como um filho e o nomeou executor de seu testamento. Tinha esperança de vê-lo ainda uma vez, mas tinha receio de que fosse demasiado tarde. Todavia, na missiva pede que ele venha o mais depressa possível e que trouxesse Marcos em sua companhia. Pede também uma velha capa que deixara em Trôade. A friagem do calabouço estava minando rapidamente a sua saúde.

No outono do ano 67 foi agendada a realização da Segunda Sessão do Tribunal. Paulo não tem ilusões, sabe que esta Sessão terminará com sua entrada no reino dos Céus: “Combati o bom combate, concluí a minha carreira, guardei a fé. De resto, me está reservada a coroa da justiça, que o SENHOR, justo juiz, me dará naquele dia” (2 Tim 4,7-8).

O segundo Interrogatório terminou com a sentença de morte.

Certa manhã, o velho Apóstolo foi levado por um grupo de litores ao longo da Via Ostiense. Seguiram pela Porta Trigemina, passaram ao lado da Pirâmide de Céstio e também pelo terreno onde hoje se encontra a Basílica de São Paulo Extramuros com o seu túmulo. A seguir os carrascos que o levavam, deixaram a estrada e entraram á direita pela pastagem até o local onde ele foi executado. Hoje naquele lugar, existe a Piazza Tre Fontane. Uma lenda romana conta que no momento da execução, se aproximou do Apóstolo uma cega, chamada Petronila, que lhe ofereceu um véu para vendar-lhe os olhos. (Numa antiga porta de bronze da Basílica de São Pedro, no Vaticano, observa-se um relevo que mostra São Paulo devolvendo à cega Petronila o véu que ela lhe havia oferecido. Quando a jovem colocou o véu sobre os seus olhos, recobrou milagrosamente a visão. ) No local da execução, a cabeça do Apóstolo tombou decepada por um vigoroso golpe de espada. Os lábios de Paulo de Tarso que só pronunciaram palavras ungidas por CRISTO, se fecharam para sempre.

De acordo com a opinião mais comum, Paulo sofreu o martírio no mesmo dia e no mesmo ano que o Apóstolo Pedro. Todavia, alguns estudiosos disputam se foi no mesmo dia, mas não duvidam que aconteceu no mesmo ano. A testemunha mais antiga, São Dionísio, o Corinto, afirma que as execuções foram de fato, no mesmo dia, em locais diferentes.

A conversão de Paulo de Tarso é comemorada no dia 25 de Janeiro e sua festa, é celebrada pela Igreja, no dia 29 de Junho, junto com a Festa de São Pedro Apóstolo.