TEISMO
Teísmo Aberto é a teologia que nega a onipresença, a onipotência e a onisciência de Deus.
Seus defensores apresentam outra definição onde afirmam pretender uma reavaliação do conceito da onisciência de Deus, na qual se afirma que Deus não conhece o futuro completamente, e pode mudar de idéia conforme as circunstâncias.
Afirmam também, alguns defensores, que o termo “Todo-poderoso” não pode ser extraído do contexto bíblico pois, segundo eles, a tradução original da palavra do qual é traduzida tal expressão havia se perdido ao longo dos séculos.
Origem
O Teísmo Aberto tem origem na Teologia do Processo. Surgido na década de 30, a Teologia do Processo, tendo como principais representantes Charles Hartshorne, Alfred North Whitehead e John Cobb, é uma tendência filosófico-teológica chamada panenteísmo, que consiste na aproximação do pensamento teísta e panteísta; herdando as características de tais inovações mais filosóficas que teológicas, surgindo a seguir o Teísmo Aberto.
O termo Teísmo Aberto teria sido cunhado pelo adventista Richard Rice em 1979, quando publicou pela Review and Herald Publishing, o livro "A Abertura de Deus: a Relação entre a Presciência Divina e o Livre-arbítrio" (The Openness of God: The Relationship of Divine Foreknowledge and Human Free Will).
Jonh MacArthur, no ensaio Megamudança Evangélica [1] chegou a apontar para o surgimento desse ensino tendo origem em Robert Brow, através de preleções em praça pública.
Apesar das origens na Teologia do Processo, na década de 1930, e das afirmações de Jonh MacArthur, em 1990, só houve uma infiltração desse modelo teológico no meio evangelical em 1986, por intermédio de Clark Pinnock, num ensaio denominado "Deus Limita seu Conhecimento" [God Limits His Knowledge] [2]
Clark Pinnock e John Sanders tornaram-se os principais teólogos defensores desse ensino que ainda brota em diversos meios de divulgação da filosofia cristã.
Luiz Sayão, da revista Enfoque Gospel, em matéria sobre o tema[3] resume uma frase a sucinta explicação do Teísmo Aberto para quem não conhece teologia: “Teísmo Aberto representa uma reação exagerada contra o calvinismo”.
O Teísmo Aberto defende que Deus se relaciona intimamente com o homem, em detrimento de sua onisciência que seria prejudicada com a dádiva do livre arbítrio; Deus saberia o futuro, mas não todo o futuro, pois esse futuro ainda não teria existência na presença de Deus, dado o livre arbítrio do homem concedido por Deus.
Os defensores da Teologia Tradicional afirmam que seria um completo absurdo Deus se despojar do direito de saber todas as coisas, pois, sendo assim, Deus viveria incertezas, não tendo controle sobre os eventos futuros do Universo.
Contudo, defende o Teísmo Aberto que Deus é Todo-poderoso exatamente por causa desse despojamento, visto que mesmo tendo ausência de controle sobre as escolhas humanas, Deus é capaz de governar o futuro vaticinado. Ou seja, exatamente porque Deus não se preocupa em estar no controle de suas criaturas é que ele demonstra estar realmente no controle.
Tudo teria surgido na bem intencionada apologética de alguns teólogos de livrar Deus da maldade existente no mundo, como explica Luiz Sayão, lingüista e hebraísta pela USP, é uma teologia tipicamente Norte Americana: prática e simples. Em outra curta frase apresenta as conclusões do Teísmo Aberto: “Deus precisa deixar de ser Deus, tornando-se menos onipotente e onisciente para que não seja responsabilizado pelo sofrimento do mundo” .[4]
Introdução no Evangelicalismo
Num famoso ensaio sobre o tema, o renomado teólogo Clark Pinnock, representante do Teísmo Aberto, em seu ensaio Deus Limita seu Conhecimento cita o livro de Richard Rice e afirma, entre outras, que "Deus antecipa o futuro de uma maneira analógica a nossa própria experiência" e apresenta a inovadora formulação teológica ao evangelicalismo da seguinte forma:
Deus é onisciente no sentido de que conhece tudo o que pode ser conhecido, assim como Deus é onipotente no sentido de que pode fazer tudo que é possível ser feito. Contudo, ações existem para serem conhecidas. Deus pode conjecturar o que você vai fazer na próxima sexta-feira, mas não pode saber com certeza, porque você ainda não fez. [5]
Coqueluche teológica
O teísmo Aberto não rendeu muitos adeptos e minguou sua divulgação, ou se restringia o debate em “salas” de teologia. No Brasil, quase não se conhecia sobre o assunto senão em salas teológicas até bem pouco tempo, quando dois expoentes do meio evangélico escreveram sobre a impossibilidade de onisciência plena de Deus. Por um deles ser membro maior congregação religiosa entre os evangélicos, a Igreja Batista, congregação das mais conservadoras entre os protestantes, o assunto causou polêmica. Seriam eles Ricardo Gondim e Ed René Kivitz. Surgiu então uma variedade de debates em blogs e salas de debate sobre o assunto, sendo os mesmos "acusados" de apóstatas da fé.
Oficialmente, afirmam que Deus é onisciente, contudo mesmo alguns estudiosos que saltam em defesa desses homens ousados e contestadores, expõem defesas apontando em direção ao Teísmo Aberto, ou parcialmente. Alguns questionamentos que conduzem a essa temática, recentemente apresentada por Paulo Brabo são:
“O que alguém está realmente dizendo quando recorre a abstrações como “Deus é eterno por natureza”? O que é ser eterno por natureza? O raciocínio pode ser considerado um guia claro para a natureza da eternidade? O que é ser onipresente? Pode Deus estar presente em lugares que não existem? O futuro é um lugar? O futuro existe? Faz sentido falar do futuro como algo além de possibilidade? Faz sentido esperar que a perspectiva do tempo seja capaz de produzir vislumbres acurados sobre a natureza da eternidade? Faz sentido esperar que Deus faça sentido racional? Podemos tirar conclusões seguras a respeito de Deus a partir do raciocínio dedutivo?”[6]
Os defensores procuram caminhar em direção ao “Teísmo Aberto” sem, contudo defender tal corrente teológica abertamente. Outros sugerem que Ricardo Gondim teria cunhado o termo “Teologia Relacional”, para defender parcialmente o Teísmo Aberto, contudo é sabido que a expressão fôra usada anteriormente por Clark Pinnock.
Na “Teologia Relacional”, defende-se a exclusão da interferência do Ser Supremo nas escolhas de suas criaturas, em detrimento do saber absoluto de Deus.
A tese dos defensores da Teologia Relacional, mais que apresentar uma formulação e a defenderem, consiste primordialmente em criticar os conceitos estabelecidos pelo calvinismo. Quase toda a apresentação é voltada para uma argumentação crítica sem contudo firmar posição.
Na defesa de Ricardo Gondim, Paulo Brabo nega que seja defensor do Teísmo Aberto quando afirma:
“Como Gondim e Kivitz, prefiro a confortável posição de denunciar o calvinismo sem endossar a doutrina do Teísmo Aberto – doutrina que é no fim das contas tão limitante e extrema quanto a que pretende invalidar. Agir diferente seria glorificar uma ortodoxia em detrimento da outra; desmanchar um ídolo para colocar outro no lugar.” (Considerações de Paulo Brabo sobre Calvinismo e Teísmo Aberto)
Contudo, teólogos como Eduardo Joiner e muitos outros fizeram variadas críticas ao calvinismo sem, entretanto, abandonar os atributos da onisciência ou imutabilidade de Deus.
O próprio Ricardo Gondim, depois de alegações que estaria apostatando a fé, em uma das defesas que faz de seu credo, escreve com todas as letras que Deus é onisciente, onipresente e onipotente. Ainda que depois dessa declaração faça uma limitação em função do livre arbítrio e da bondade de Deus apresentar um futuro a ser escolhido pelo homem. Segundo ele, o homem tem livre escolha do bem e do mal, e a bondade de Deus em conceder liberdade ao homem impediria, moralmente, o Soberano de intervir e estabelecer os eventos futuros. Em sua defesa, Paulo Brabo apresenta que se há maldade no mundo, Deus não seria o construtor dessas desgraças e destruição. O livre arbítrio do homem o levara ao futuro estabelecido pelo próprio homem e Deus não teria participação nos eventos catastróficos e malévolos desse século.
As explicações da Teologia Relacional consistem em apresentar críticas sobre a teologia tradicional, que estabeleça que Deus está no controle de tudo.
Já Spurgeon, teólogo do século XIX, defende que o livre arbítrio do homem é ilusório, e que até mesmo a capacidade de fazer o bem por parte do homem tem a interveniência do Espírito de Deus, assim, o livre arbítrio humano seria absurdo, fazendo duras críticas à teologia arminiana, defensora do livre arbítrio.
“Em livre-agência nós podemos crer, mas livre-arbítrio é simplesmente absurdo”.[7]
Tal posição é criticada pelos defensores da Teologia Relacional, que afirma que a restrição do livre arbítrio depreciaria o atributo mais excelente, segundo eles, o amor de Deus; e que se o homem não tem completo livre arbítrio, Deus não seria bom. Afirmam que Deus, em sua santa bondade se permite relacionar com o homem sem interferir nas suas escolhas. Assim, defende a Teologia Relacional, que não teria como Deus saber de algo que ainda não existe: um futuro a ser escolhido pelo homem. Para sustentar tais teses, os defensores da Teologia Relacional afirmam que Deus “se esvazia” de sua soberania para se relacionar com o homem.
“Um Deus que não se esvazia é um Diabo. Deus não age como tirano e não força seu poder para cima de suas criaturas sob pena de esmagá-las, tirando-lhes todo o espaço de liberdade de que precisam para existir. Deus não invade. Não usurpa. Não manipula”[8]
Afirmações como a de Ed Kivitz provocaram fortes reações teológicas, apesar do contexto dar a conotação de que Deus não trata o homem arrogantemente, dado o poder que teria para fazê-lo. Contudo reações contrárias a tais declarações são previsíveis, pois afirmam alguns teólogos que Deus não se esvazia quando está assentado como Todo-poderoso, ou sobre o ‘trono branco’ julgando as criaturas, no futuro vaticinado pelo livro de Apocalipse. (20:11)
Entendendo o contexto histórico
Para entender melhor o conceito debatido, o atributo da onisciência foi mais bem explicado pelo Calvinismo, e muito das explicações para esse atributo entre as igrejas protestantes e mesmo católico romana "copiaram" ou “recepcionaram” a teologia calvinista que formulou a existência atemporal para Deus. O tempo estaria estabelecido para o homem, contudo DEUS teria sua existência anterior à criação do tempo. O tempo teria sido criado por Deus para o homem, entretanto estaria insubmisso aos "desgastes" e ao controle do tempo. Segundo o conceito calvinista, para Deus não existiria passado, presente e futuro; para Deus haveria apenas a existência do "agora". Segundo o calvinismo, que se tornou o conceito da Teologia Tradicional aceita pela maioria das religiões cristãs protestantes e católicas, sobre as análises do “tempo”, Deus contempla todo um ano decorrido em um único instante como se fosse "agora".
Para que seja mais bem compreendido segundo a presente “Teologia Calvinista”, imagine-se o próximo desfile de 7 de setembro, representativo da Independência do Brasil; segundo tal idéia, Deus já viu todos os que marcharam (no presente e não futuro), quem deu passos errados e todos os que vieram para a apresentação do desfile. Para Deus, nada estaria encoberto, ele veria todas as coisas independentes do tempo, Deus caminharia e observaria a existência do homem independente do tempo; passado, presente e futuro.
Essa “Teologia Calvinista” já era aceita pela maioria das igrejas cristãs e deixou de ser ‘calvinista’ para fazer parte da “Teologia Tradicional”.
Muito do que é apresentado, eram conceitos aceitos apenas por uma questão de fé, dada a apresentação da exegese. Contudo quando a Teoria da Relatividade foi provada na cidade de Sobral, Estado do Ceará, deixando de ser uma teoria e passando formular uma nova física que englobava os conceitos de Isaac Newton, revolucionando o mundo científico, também deu força aos conceitos calvinistas de que o tempo poderia perfeitamente se mostrar diferente para Deus, como já estava escrito nas Escrituras Sagradas.
Segundo os defensores da Teologia Tradicional, Deus teria dado prova de que o tempo para ele seria um mero "agora" quando explicou sobre a existência encarnada de Jesus e o seu sacrifício vicário antes mesmo da fundação do mundo.
"E adorá-la-ão todos os que habitam sobre a terra, aqueles cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo." [9]
O próprio Ricardo Gondim dá explicação condizente para presente doutrina, ainda que sendo defensor da Teologia Relacional:
"Quando Deus nos criou, ele não podia gerar seres mais perfeitos do que ele, pois assim criaria deuses mais deuses do que Ele próprio. Não poderia formar um ser igual a si, pois assim criaria um par – Deus, por definição, é incriado. Ele nos formou seres menos perfeitos – somos finitos, mortais, limitados. Entretanto, possuímos capacidade de escolhas e com a real possibilidade de praticarmos o mal – por esse motivo o Cordeiro intencionalmente foi crucificado antes da fundação do mundo: a salvação precede à criação. Conhecendo o risco, Deus providenciou a cura”.[10]
Deus já sabia de todas as coisas, e por conta do livre arbítrio que havia concedido as criaturas, não impediria o homem de errar para não ferir tal livre arbítrio concedido. Se as criaturas não tivessem a liberdade de seguir ou não seguir a luz, então seriam robôs sem vontade própria, assim o livre arbítrio que garantia a liberdade das criaturas, poderia dar-lhes a condição de caminhar também em direção as trevas. Segundo a teologia tradicional, Deus daria a liberdade de escolha, contudo já saberia quem tomaria cada caminho.
Predestinação & Onisciência
O pelagianismo ensinava a transgressão teria origem pela livre vontade do indivíduo, negando o pecado original. O agostianismo ensinava que o pecado teria originado em Adão, e que todos eram pecadores em Adão, além de pecadores e culpados em si mesmos. O semi-pelagianismo trouxe um meio termo às idéias extremáticas de Pelágio e Agostinho, afirmando que o homem teria sim energias para que iniciassem sua salvação, contudo para desenvolver e aperfeiçoar essa salvação, seria necessário à graça divina. Os que crêem na predestinação pessoal, são assim influenciados pela teologia agostiniana que teve ascendência sobre tais credos no tocante a predestinação.
Esse conceito fez surgir à doutrina da predestinação, de cunho calvinista, contudo não aceita pela maioria das igrejas cristãs. O conceito de 144.000 eleitos foi defendido por muitas religiões, hora de forma estricta hora num sentido amplo. A teologia ariana moderna agregou tais orientações agostinianas, apesar de muitos desses defensores da predestinação se dizerem portadores de uma teologia renovada e se nomearem ferrenhos críticos de Agostinho, conquanto tais formulações apresentem “origem” nesse conhecido teólogo.
Eduardo Joiner, teólogo do século XIX, afirma: “O agostianismo ganhou ascendência, e ainda reina em todos os sistemas que crêem na predestinação pessoal”. (Manual Prático de Teologia)
O que tudo isso teria com o Teísmo Aberto? A teologia da predestinação foi defendida exatamente por causa do conceito atemporal da teologia tradicional; como Deus teria ciência de todos os passos do homem desde o seu nascimento ou mesmo antes deste, então Deus já saberia quem iria se salvar ou não. Assim surgiu a doutrina da Predestinação.
Essa teologia é muito criticada por teólogos do presente século e alguns denunciaram tal idéia como heresia. Os críticos da predestinação defendem que Deus seria muito mesquinho se criasse o homem já com o propósito do fogo eterno, bem como defendem que a onisciência seria o poder de "saber" e não a determinação de "escolher" a um e não a outro para gozar a vida eterna.
Como poder-se-á perceber, muitas das formulações de ambos os lados se sustentam no atributo da bondade. Sim, Deus seria bom e a origem de toda bondade residiria em Deus.
Os defensores da Teologia Relacional, a defesa parcial do Teísmo Aberto, chegam a afirmar que o conceito já era muito conhecido e que o embate teológico entre Lutero e Rotterdam trataria já de tais formulações. Como sempre foi no campo da teologia, se uma idéia não é originária em grandes teólogos são passíveis de desmerecimento. A maneira de se fugir do descrédito seria buscar grandes expoentes que teria sustentado tal doutrina.
É bem verdade que Rotterdam pediu para Lutero deixar Deus ser bom, enquanto Lutero pediu para Rotterdam deixar Deus ser Deus. Não houve vencedor nesse debate, pois Deus sempre será Deus e sua bondade dura para sempre. Assim, afirmar que esse debate tratava-se da defesa de um Teísmo Aberto é um ledo engano apresentado pelos defensores da Teologia Relacional, visto que Deus pode ser bom, sem deixar de ser o Soberano Deus, afirmam assim os opositores; além do que, o debate entre esses grandes teólogos de respeitáveis grandezas, nunca se prestou a contestar a onisciência de Deus. Assim, os que criticam a “Teologia Relacional”, afirmam que cunhar esse termo com base em debates entre Lutero e Rotterdam não passa de uma ilusão de convencimento visto que tais expoentes não contestaram a onisciência, a onipresença nem a onipotência de Deus. Afirmam que o termo Teísmo Aberto é uma criação do final do século XX, mais precisamente cunhada em 1980 por Richard Rice e nascida da gravidez da Teologia do Processo, fecundada na década de 30 e também conhecida por panenteísmo.
Imutabilidade & Teísmo Aberto
O termo “Teísmo Aberto” foi cunhado pelo adventista Richard Rice contudo, segundo Paulo Brabo, tais idéias circulavam entre Wesley e Arminius. Semelhantemente a teologia adventista, pontua que muitos dos conceitos da teologia clássica seriam importados da filosofia grega, do qual muito herdaríamos. Segundo Paulo Brabo, o conceito de Deus imutável, impassível e fora do tempo, é acertadamente de origem grega. E salienta que os defensores do Teísmo Aberto afirmavam que termos como onisciência, onipotência e onipresença não aparecem na Bíblia.[11]
Ricardo Gondim é mais profundo nesse pensamento contra a imutabilidade de Deus:
“Os gregos não concebiam a possibilidade de Deus mudar. Segundo eles, Deus não pode mudar por ser perfeito. Ora, a misericórdia só é possível de ser exercida se houver mudança no coração de quem a exerce. Aliás, misericórdia não exige mudança de quem é alvo dela e sim de quem a pratica. Há inúmeros exemplos bíblicos de que Deus mudou o que faria e tomou medidas até emergenciais, devido às ações humanas”. [Ricardo Gondim][12]
Segundo Sanders, em “Deus que arrisca”, Deus mudaria sua mente, continuaria a aprender e fazer exame de risco. Já Gregory Boyd, no livro "Deus do possível", defende que até as decisão divinas são incertas num cosmo livre. Os críticos contra-atacam que se as conclusões de Boyd estiverem corretas, a humanidade tem mais liberdade do que o Criador. E Deus estaria limitando seu conhecimento e poder a fim preservar o livre arbítrio, o que para os opositores é um absurdo.
Onisciência em movimento
O Teísmo Aberto acredita que Deus procura estar em um relacionamento recíproco com humanidade, não exercitando o controle meticuloso do universo, mas deixa que a humanidade faça as escolhas significativas. Apresentam pontos das escrituras que Deus se relaciona diretamente com o homem, e que as escolhas “livres” do homem estabelecerá a forma como Deus lhe responderá. Afirma o Teísmo Aberto, que o controle rigoroso não está baseada na Bíblia, mas na filosofia grega, onde os filósofos gregos viam a Deus como uma força totalmente controladora e imutável. O termo "Aberto" se usa porque Deus se 'abre' para um relacionamento com o homem, se expondo a riscos, como teria acontecido com Jesus ao ser despojado, humilhado, e posto em risco a glória que tinha nos céus.
No Teísmo Aberto o futuro é “não definido” e “incerto”, logo faz a suposição de não haver “verdade” sobre as determinações futuras. O princípio está na “incerteza”. Ou seja, uma verdade futura, só será verdade “se” determinadas escolhas “próprias” do livre arbítrio forem tomadas. O Teísmo Aberto não “viaja” no tempo indo e voltando, fazendo formulações próprias dos filósofos, o Teísmo Aberto é simples e sincero com alguns padrões racionais, e complicado nas deduções a que pode reduzir Deus. O Teísmo Aberto segue uma linha reta no sentido que o tempo toma em direção ao futuro, e pondo Deus dentro do tempo. O Teísmo Aberto não é negligente em desprezar alguns parâmetros, tem que ser dito, para não tomarmos teólogos sérios que ousaram discordar da Teologia Tradicional e pintarmos homens sérios como brincalhões filosóficos-religioso. Por isso, são coerentes em afirmar que há verdades necessárias que estão estabelecidas no futuro, respeitando assim o que já fôra vaticinado nas Escrituras, apenas não permitem que as contingências, ou eventos incertos, sejam “verdadeiras” ou “falsas” pré definidamente. A incerteza do futuro, o torna “especial”, nunca “verdadeiro”.
Isso vai de encontro com a teologia tradicional, negando às contingências a certeza de uma opção “verdadeira” ou “falsa”. Pois assim sendo, as criaturas detentoras do livre arbítrio possuem em suas escolhas a completa incerteza, ou completa falta de verdade para eventos que não estiverem já vaticinados ou pré-estabelecidos. Tudo que foi poderia ter sido de outra maneira, e nada era para ser como foi se as escolhas tivessem sido outras. Conseqüentemente, defendem os críticos, se não há tantas verdades sobre o futuro do homem, Deus não tem como sabê-las, pois Deus é Senhor de verdades e não de incertezas.
Como já foi explicado, não defende abertamente que Deus não seria onisciente, o que afirmam em seus "postulados" é que sendo Deus onipotente, não quer dizer que teria ausência de poder no atributo da onisciência, ao respeitar o livre arbítrio. Afirmam que um ser onipotente somente "pode" fazer qualquer coisa possível quando é limitado a o que é verdadeiro, visto que ser onisciente significa somente saber tudo que é verdadeiro. Assim, nesse sentido, Deus não seria completamente onisciente, pois isso faria Deus “estático”, ou detentor de uma “onisciência estática”, enquanto os pressupostos do Teísmo Abertos defendem a “onisciência em movimento”.
Livre arbítrio libertariano
Alguns pontos devem ser diferençados para que não se dê a conotação generalista sobre o que as demais linhas teológicas pensam sobre o livre-arbítrio, visto que a posição Calvinista, que defende a completa ausência de livre arbítrio, não é dominante entre os cristãos.
Predomina entre os cristãos o livre arbítrio compatibilista, que “sustenta que uma pessoa pode escolher somente o que é consistente com sua natureza e que há coações e influências sobre sua capacidade de escolher. No livre-arbítrio libertariano, um pecador é igualmente capaz de escolher ou rejeitar Deus, a despeito de sua condição pecaminosa”. [13] Ou seja, o livre-arbítrio libertariano despreza as ações externas e defende o livre-arbítrio pleno, independente das pressões e coações internas e externas.
Segundo o livre-arbítrio compatibilista, um homem que é escravo do pecado não poderá entender as coisa espirituais, logo não terá capacidade de escolher Deus senão por ingerência do Espírito Santo.
Os críticos do Teísmo Aberto afirmam que se ações externas promovem que determinada pessoa busque a Deus, e essas ações externas, ou mesmo ações internas, que independem do indivíduo diretamente, são provocadas por ingerência de circunstância superiores, então para que o homem encontrasse salvação ou condução ao caminho da verdade teria que haver ingerência divina.
Contrariamente o livre-arbítrio libertariano define e não aceita que o homem necessite da ingerência divina para a escolha do caminho, pois se o homem necessitar de um empurrãozinho de Deus para pegar o trem da salvação, ou do paraíso, então nega-se a teologia do Teísmo Aberto em que Deus deu plena liberdade de escolhas ao ser humano.
Tanto o livre-arbítrio libertariano como o compatibilista defendem que o pecado, a corrupção do coração cheio de maldade que não ama a luz, mas as trevas, e por conseguinte não entendem as coisas espirituais, influenciam a vontade humana. A diferença á que o livre-arbítrio compatibilista afirma que que o homem não tem como violar sua natureza, e sua escolha natural só poderia ser a morte; a não ser que o Espírito da Verdade lhe abra os olhos, num determinado momento, para que possa alcançar escolhas certas e contrárias a sua natureza. Já o livre arbítrio libertariano afirma que a natureza caída do homem não restringi nas escolhas certas, e que suas escolhas não são limitadas, ou seja, mesmo tendo uma natureza má, contaminada pelo pecado, o homem é livre completamente para fazer boas escolhas.
Opiniões
Caio Fábio
Diz que o tema “não passa de sexo dos anjos, posto que dissimula o que é revelado”.
Caio Fabio resume que buscar “além da revelação que Jesus fez e faz do Pai” “ é loucura humana”, pois “Deus é Deus”. E destaca: “tudo isso uma grande tolice do tipo dos escribas dos saduceus — que não criam na revelação em sua simplicidade e, assim, criaram uma teologia na qual as ações dos homens e as de Deus se tornavam a mesma coisa”.
“Não levo a sério quem pensa assim, pois quem pensa assim não pensa, posto que pelo seu próprio pensar (se pensa de fato) vê que não é possível “pensar Deus”, pois Deus está acima do próprio pensamento”.
Entende Caio Fábio que não há diferença entre a Teologia Relacional e a Teologia do Processo, senão pela escolática que os estuda e defende.
É mais direto em algumas de suas análises sobre a Teologia Relacional, abaixo pinceladas:
“O mundo está estrebuchando. Mas há pessoas dedicadas a fazer fimose de Deus, ao invés de simplesmente viverem o Evangelho conforme a simplicidade de Jesus”.
“Chega de Disneylândia teológica.”
"Assim, a Teologia Relacional de Jesus não diz como Deus é, mas Quem Deus é. Desse modo apenas diz para se ver o Pai no Filho revelado e encarnado. ... o que está disponível aos nossos sentidos são obras divinas a serem vistas e discernidas pela fé na revelação. Diz que tal relacionalidade é com Deus, e que ela se manifesta mediante a obediência e o amor. E conclui afirmando que a especulação sobre o Pai é tolice, pois o que do Pai se pode conhecer está revelado em Jesus".
“Se pelo menos os teólogos entendessem um pouquinho acerca de física quântica, saberiam quão tola tal discussão é em sua busca de discutir a atemporal soberania de Deus e a temporal e relativa liberdade humana. Sem um mínimo de consciência sobre o significado físico do tempo, não se tem nem como entender que não se pode entender a eternidade. Sim! Porque já que não crêem, poderiam pelo menos ir além das categorias medievais de nossas teologias a fim de pensarem de modo a fazer sentido com o que pensar significa." [14]
Paulo Brabo
Diz ter-se enamorado pelo teísmo aberto, que o levara ao livro "The Openness Of God", que o ajudara a libertar-se de uma centena de preconceitos, e afirma ter chegado ao ápice de convencer um calvinista, ainda que brevemente, “que o Deus do teísmo aberto é necessariamente mais poderoso do que o Deus do calvinismo, por garantir a felicidade do resultado final, abrindo ao mesmo tempo da solução fácil que seria manipular todas as variáveis”.
Suas conclusões no entanto, evoluem como sendo o teísmo aberto uma proposta teológica que ficou para trás na fila (e refletindo sobre a possibilidade compatibilista) pela risco de se tornar numa “ortodoxolatria”, neologismo crítico dirigido aos fundamentalistas, no presente contexto, calvinistas:
“Basicamente o que me incomoda no teísmo aberto convencional é que sua posição me parece, ela mesma teológica e apologética demais. Seus defensores procuram anular todos os argumentos do calvinismo... Esse apelo radical ao racionalismo dialético também me cheira a biblicismo e literalismo, e no fim das contas a gnosticismo. Raciocínos como "se Deus já sabe o que vai acontecer, de que adianta orar?" me parecem limitados por não passarem no fundo disso mesmo, raciocínios, que pressupõem que a razão pode produzir a resposta mais adequada; que devemos (como os calvinistas) adotar a razão como medida final para todas as coisas. Corremos o risco de gerar uma nova “ortodoxolatria” se vendermos a idéia de que a salvação está mais propriamente associada aos que abraçam a mesma crença à prova de balas que nós mesmos.”
“Minha posição se assemelha mais à dos pós-modernos, que crêem que duas coisas aparentemente contraditórias podem ser verdade ao mesmo tempo. Prefiro confessar que não sei como Deus funciona, e que a Bíblia traz curiosa evidência das duas coisas ...: [1] que a história ainda não está pronta e [2] que Deus em alguma medida por nós desconhecida intervém e patrocina e assina embaixo garantindo o resultado favorável que prometeu para a história universal.”
“Creio que é apenas do nosso ponto de vista muito limitado que as duas coisas são contraditórias. ... mas isso não quer dizer que não se cruzem e se alinhem perfeitamente na eternidade. Sei que isso soa a "mistério" brochante, mas vejo-me apaixonado por esse mistério e cautelosamente não posso me pronunciar taxativamente sobre o que creio, mesmo porque sei não ter cacife para falar sobre o imarcescível.”
“Creio que minha fé na teologia relacional e na generosa disponibilidade de Deus para o diálogo não exige que neguemos a postura bíblica de que Deus está de alguma forma no controle, que todos os nossos cabelos estão contados e tudo mais. As duas realidades convivem pacificamente na minha Bíblia, ebony and evory, e fazem juntas a mais bela das músicas.”
“... os calvinistas - pasme - poderiam estar certos.”
“Levanto essa última idéia como curiosidade especulativa, porque o extraordinário - o impensável, o tremendo - é que a Bíblia dá evidência mais do que abundante de que não é assim. ...”
“Toda teologia tem na minha opinião essa tremenda desvantagem - para não dizer pretensão - de se propor à hercúlea (para não dizer imbecil) tarefa de explicar Deus, quando Deus fez questão de não se explicar. O que estou mais perto de endossar é o que se chama hoje teologia narrativa, teologia que é assistemática e aberta, evocativa ao invés de explicativa, e é portanto essencialmente teologia alguma. É ainda mais aberta do que o teísmo aberto, por assim dizer, e sua linguagem é como a de Cristo [n]a parábola.”
“Nada disso naturalmente tem importância se tudo que nossas certezas forem produzir é uma nova manifestação de “ortodoxolatria”. Mais preciosas sejam então para sempre as nossas dúvidas, que se Deus quiser não permitirão que nossa fé se transforme em crença.”[15]
Ed René Kivitz
Refletindo sobre “a vontade de Deus”, Ed René Kivitz faz uma breve explanação do seu pensamento sobre o teísmo aberto.
A vontade específica seria aquela que determina o plano detalhado de Deus para cada circunstância da vida de cada pessoa em particular, como por exemplo, o lugar onde vai estudar, a pessoa com quem vai casar, o emprego e a cidade onde vai morar. ... tudo o que acontece, desde que não seja um pecado cometido pela própria pessoa, é da vontade de Deus ... A vontade específica, entretanto, mais se parece com a perspectiva pagã do determinismo e do fatalismo, a crença no destino, do que com a abordagem bíblica de um Deus que cria seres humanos à sua imagem e semelhança, e portanto livres, e os convoca a que se tornem parceiros na administração da criação e na construção da história. Os cristãos não cremos em destino. Os cristãos acreditamos que Deus tem propósitos para a história humana, mas não tem tudo decidido, como se a humanidade fosse um conjunto de bonecos iludidos, acreditando que são responsáveis por suas histórias, mas na verdade são manipulados pelos dedos de Deus que determinam suas decisões. [16]
Veritatis Splendor
O apostolado Veritatis Splendor também se pronuncia, ao responder quetionamentos, quando reflete sobre a necessidade de orar e a onisciência de Deus.
Ora, se Deus conferiu livre-arbítrio ao ser humano, não o fez para o transformar numa marionete de um teatro de bonecos, com um roteiro rígido e sem chances de improvisação, fechado e irretocável. É certo que existe para cada indíviduo humano uma predestinação divina de salvação, mas tal predestinação jamais correrá na contra-mão da liberdade humana. Concorrerá sempre na mesma medida da abertura do ser humano a luz da graça e na sua capacidade de corresponder com a vontade divina, que é a de que "todos se salvem". Deus não nos força e nem nos obriga em nada, trabalha num plano de salvação para nós, mas desde que encontre uma liberdade orientada para este fim. Por isso a necessidade de orar e pedir ao Senhor sempre, tudo aquilo quanto acharmos ser conveniente para nossa salvação, e a do nosso próximo. Para ter em mente: Deus é conhecedor de tudo em nosso tempo, mas Deus não é causador de tudo em nosso tempo. Esta, em última instância, dependerá sempre das nossas decisões. Deus construiu um caminho de salvação para nós, sim, mas só chegaremos lá, com tudo quanto precisarmos para caminhar, se nos dispusermos a andar. Livres, até o fim (...)[17]
Peter Kreeft & Ronald K. Tacelli
Esses professores de teologia escreveram conjuntamente um tópico intitulado "providência divina e liberdade humana", não se referindo diretamente sobre o presente tema, mas que muito esclarece sobre o que pensa os autores sobre a liberdade de escolha:
Se Deus nos criou para sermos livres, nossa liberdade é uma dádiva. Isso é o mesmo que dizer que o poder criador e mantenedor de Deus tem de estar presente em todos os nossos atos de escolha livre. Não é possível existir liberdade humana absoluta no sentido de que ela elimine a necessidade de Deus. Se Ele realmente é o Criador, a Fonte de existência de todas as coisas, também tem de fornecer a existências de nossa liberdade. Seu poder não pode ser um impedimento para nossas escolhas, como aconteceria se Ele fosse apenas uma criatura poderosa e suprema, um “hipnotizador cósmico”, forçando-nos a fazer sua vontade, enquanto pensamos estar agindo de maneira livre e espontânea. As criaturas podem agir sozinhas apenas com respeito a outras criaturas, mas nunca com relação ao Criador. Sem Deus, nossa liberdade nem existiria. Portanto, não teríamos existência para possuir essa liberdade.[18]
Fé e Mensagem Batista
Alterado em 14 de julho de 2000 e publicado pela Convenção Batista do Sul dos Estados Unidos, no artigo II, afirma:
Deus é todo poderoso e onisciente; seu conhecimento perfeito estende-se a todas as coisas, presentes, passadas e futuras, incluindo as decisões futuras de suas criaturas livres.
John Piper
O premiado autor e doutor em teologia, pastor titular da Bethlehem Baptist Church, em Minneapolis, que compilou com outros outrores a opinião de diversos teólogos, escreveu um capítulo desse livro, Teísmo Aberto: Uma Teologia Além dos Limites Bíblicos, onde apresentou conclusões o qual extraímos um pequeno trecho:
A Bíblia ensina que Deus preparou a salvação dos efeitos da Queda antes da fundação do mundo. Assim, ele anteviu que haveria uma Queda e que haveria efeitos dela que careceriam de um plano de redenção. Em 2 Timóteo 1.9, por exemplo, Paulo diz que, desde toda eternidade, Deus havia planejado nos conceder graça em Cristo Jesus como nosso Salvador. ... Deus não apenas anteviu na eternidade a escolha pecaminosa que Adão (e Lúcifer antes dele) faria, mas também planejou conceder graça em Jesus Cristo em resposta à miséria. Portanto, dizer que “Deus não pode antever as decisões boas ou ruins das pessoas que ele cria até que crie essas pessoas e elas, por sua vez, criem suas decisões” [19] é supor que Deus não poderia ver infalivelmente a Queda se aproximar e assim fazer planos para ela como Paulo asseverou que ele fez. Desse modo, nossa confiança na realização da redenção seria enfraquecida porque nossa perspectiva de Deus anularia o plano eterno de redenção descrito nas Escrituras. [20]
Trata-se de um novo conceito de Deus que vem causando polêmica e acirrado debate teológico acerca dos atributos divinos como Onisciência, Onipotência, Onipresença e Soberania. Tendo origem na Teologia do Processo na década de 30, seus primeiros defensores foram Charles Hartshorne, Alfred North Whitehead e John Jacob. Contudo a expressão teísmo aberto foi usada pela primeira vez por Richard Rice, escritor adventista, em seu livro “A Abertura de Deus: A Relação entre a Presciência Divina e o Livre-arbítrio”. Apesar de Jonh MacArthur fazer referência a Robert Brow, a maioria concorda que quem cunhou o termo Teísmo Aberto foi Clark Pinnock em sua obra: “Deus limita Seu Conhecimento” em 1986. Ao lado de Pinnock, Jonh Sanders também teria sido um divulgador dessa doutrina.
Ensina a doutrina em questão que Deus é Todo-Poderoso e conhece todas as coisas, mas não conhece as coisas que ainda não aconteceram. Pelo fato de não terem acontecido (ainda) elas não estariam na presença de Deus. Ou seja, Deus não sabe ainda, pois devido ao livre-arbítrio que concedeu ao homem, não sabe que decisão o homem vai tomar. Assim, Deus conhece o futuro, mas não todo. Deus está no controle, mas não interfere na vontade do homem. Isso, afirmam eles, faz com que Ele seja Soberano, pois mesmo não sabendo o que os homens irão fazer, tem o controle em Suas mãos. Desse modo, Deus abriria mão de conhecer o futuro devido à liberdade de escolha que deu ao ser humano, logo, Deus se esvaziaria de sua soberania, diminuiria em onisciência, onipotência e onipresença. Richard Rice, citado por Pinnock, teria escrito que Deus tem certa noção do que alguém vai fazer na sexta-feira próxima, mas não tem a exata certeza, porque a pessoa ainda não fez. Tem um exemplo intrigante da pizza: Deus sabe que domingo depois do culto, você vai comer uma pizza com sua família, mas não sabe o sabor, porque você e sua família só vão decidir (o sabor) no domingo após o culto.
Outro problema do Teísmo Aberto é a visão que têm de que Deus não intervém na História, posto que a história se descarrilou, como um trem que saiu dos trilhos, e que tudo que está aí não tem o aval de Deus, sendo as decisões humanas ou os homens os únicos responsáveis.
No Brasil os maiores defensores da chamada abertura do teísmo são, Ricardo Gondim Rodrigues, pastor da Assembléia de Deus Betesda, Ed René Kivitz, pastor da Igreja Batista e o escritor Paulo Brabo. Embora em seus escritos afirmem que Deus seja Onisciente, Onipotente, Onipresente e Soberano, e não confessem serem defensores da abertura do teísmo, preferindo seguir os caminhos da Teologia Relacional, seus escritos os denunciam como doutrinadores da heresia em questão.
A Doutrina Ortodoxa ensina que: 1) Deus é Onisciente: conhece todas as coisas: passado, presente e futuro (quanto ao homem, Davi diz no Salmo 139 que Deus escrevia seus dias um a um antes mesmo de existirem e “antes que a palavra saísse à boca”, Deus já a conhecia toda); 2) Deus é Onipotente: tem poder para fazer todas as coisas; 3) Deus é Onipresente: está presente em todos os lugares; e 4) Deus é Soberano: faz tudo o que Lhe apraz.
E você o que acha do Teísmo Aberto? É Doutrina Bíblica ou Heresia Moderna?
Teísmo Aberto é a teologia que nega a onipresença, a onipotência e a onisciência de Deus.
Seus defensores apresentam outra definição onde afirmam pretender uma reavaliação do conceito da onisciência de Deus, na qual se afirma que Deus não conhece o futuro completamente, e pode mudar de idéia conforme as circunstâncias.
Afirmam também, alguns defensores, que o termo “Todo-poderoso” não pode ser extraído do contexto bíblico pois, segundo eles, a tradução original da palavra do qual é traduzida tal expressão havia se perdido ao longo dos séculos.
Origem
O Teísmo Aberto tem origem na Teologia do Processo. Surgido na década de 30, a Teologia do Processo, tendo como principais representantes Charles Hartshorne, Alfred North Whitehead e John Cobb, é uma tendência filosófico-teológica chamada panenteísmo, que consiste na aproximação do pensamento teísta e panteísta; herdando as características de tais inovações mais filosóficas que teológicas, surgindo a seguir o Teísmo Aberto.
O termo Teísmo Aberto teria sido cunhado pelo adventista Richard Rice em 1979, quando publicou pela Review and Herald Publishing, o livro "A Abertura de Deus: a Relação entre a Presciência Divina e o Livre-arbítrio" (The Openness of God: The Relationship of Divine Foreknowledge and Human Free Will).
Jonh MacArthur, no ensaio Megamudança Evangélica [1] chegou a apontar para o surgimento desse ensino tendo origem em Robert Brow, através de preleções em praça pública.
Apesar das origens na Teologia do Processo, na década de 1930, e das afirmações de Jonh MacArthur, em 1990, só houve uma infiltração desse modelo teológico no meio evangelical em 1986, por intermédio de Clark Pinnock, num ensaio denominado "Deus Limita seu Conhecimento" [God Limits His Knowledge] [2]
Clark Pinnock e John Sanders tornaram-se os principais teólogos defensores desse ensino que ainda brota em diversos meios de divulgação da filosofia cristã.
Luiz Sayão, da revista Enfoque Gospel, em matéria sobre o tema[3] resume uma frase a sucinta explicação do Teísmo Aberto para quem não conhece teologia: “Teísmo Aberto representa uma reação exagerada contra o calvinismo”.
O Teísmo Aberto defende que Deus se relaciona intimamente com o homem, em detrimento de sua onisciência que seria prejudicada com a dádiva do livre arbítrio; Deus saberia o futuro, mas não todo o futuro, pois esse futuro ainda não teria existência na presença de Deus, dado o livre arbítrio do homem concedido por Deus.
Os defensores da Teologia Tradicional afirmam que seria um completo absurdo Deus se despojar do direito de saber todas as coisas, pois, sendo assim, Deus viveria incertezas, não tendo controle sobre os eventos futuros do Universo.
Contudo, defende o Teísmo Aberto que Deus é Todo-poderoso exatamente por causa desse despojamento, visto que mesmo tendo ausência de controle sobre as escolhas humanas, Deus é capaz de governar o futuro vaticinado. Ou seja, exatamente porque Deus não se preocupa em estar no controle de suas criaturas é que ele demonstra estar realmente no controle.
Tudo teria surgido na bem intencionada apologética de alguns teólogos de livrar Deus da maldade existente no mundo, como explica Luiz Sayão, lingüista e hebraísta pela USP, é uma teologia tipicamente Norte Americana: prática e simples. Em outra curta frase apresenta as conclusões do Teísmo Aberto: “Deus precisa deixar de ser Deus, tornando-se menos onipotente e onisciente para que não seja responsabilizado pelo sofrimento do mundo” .[4]
Introdução no Evangelicalismo
Num famoso ensaio sobre o tema, o renomado teólogo Clark Pinnock, representante do Teísmo Aberto, em seu ensaio Deus Limita seu Conhecimento cita o livro de Richard Rice e afirma, entre outras, que "Deus antecipa o futuro de uma maneira analógica a nossa própria experiência" e apresenta a inovadora formulação teológica ao evangelicalismo da seguinte forma:
Deus é onisciente no sentido de que conhece tudo o que pode ser conhecido, assim como Deus é onipotente no sentido de que pode fazer tudo que é possível ser feito. Contudo, ações existem para serem conhecidas. Deus pode conjecturar o que você vai fazer na próxima sexta-feira, mas não pode saber com certeza, porque você ainda não fez. [5]
Coqueluche teológica
O teísmo Aberto não rendeu muitos adeptos e minguou sua divulgação, ou se restringia o debate em “salas” de teologia. No Brasil, quase não se conhecia sobre o assunto senão em salas teológicas até bem pouco tempo, quando dois expoentes do meio evangélico escreveram sobre a impossibilidade de onisciência plena de Deus. Por um deles ser membro maior congregação religiosa entre os evangélicos, a Igreja Batista, congregação das mais conservadoras entre os protestantes, o assunto causou polêmica. Seriam eles Ricardo Gondim e Ed René Kivitz. Surgiu então uma variedade de debates em blogs e salas de debate sobre o assunto, sendo os mesmos "acusados" de apóstatas da fé.
Oficialmente, afirmam que Deus é onisciente, contudo mesmo alguns estudiosos que saltam em defesa desses homens ousados e contestadores, expõem defesas apontando em direção ao Teísmo Aberto, ou parcialmente. Alguns questionamentos que conduzem a essa temática, recentemente apresentada por Paulo Brabo são:
“O que alguém está realmente dizendo quando recorre a abstrações como “Deus é eterno por natureza”? O que é ser eterno por natureza? O raciocínio pode ser considerado um guia claro para a natureza da eternidade? O que é ser onipresente? Pode Deus estar presente em lugares que não existem? O futuro é um lugar? O futuro existe? Faz sentido falar do futuro como algo além de possibilidade? Faz sentido esperar que a perspectiva do tempo seja capaz de produzir vislumbres acurados sobre a natureza da eternidade? Faz sentido esperar que Deus faça sentido racional? Podemos tirar conclusões seguras a respeito de Deus a partir do raciocínio dedutivo?”[6]
Os defensores procuram caminhar em direção ao “Teísmo Aberto” sem, contudo defender tal corrente teológica abertamente. Outros sugerem que Ricardo Gondim teria cunhado o termo “Teologia Relacional”, para defender parcialmente o Teísmo Aberto, contudo é sabido que a expressão fôra usada anteriormente por Clark Pinnock.
Na “Teologia Relacional”, defende-se a exclusão da interferência do Ser Supremo nas escolhas de suas criaturas, em detrimento do saber absoluto de Deus.
A tese dos defensores da Teologia Relacional, mais que apresentar uma formulação e a defenderem, consiste primordialmente em criticar os conceitos estabelecidos pelo calvinismo. Quase toda a apresentação é voltada para uma argumentação crítica sem contudo firmar posição.
Na defesa de Ricardo Gondim, Paulo Brabo nega que seja defensor do Teísmo Aberto quando afirma:
“Como Gondim e Kivitz, prefiro a confortável posição de denunciar o calvinismo sem endossar a doutrina do Teísmo Aberto – doutrina que é no fim das contas tão limitante e extrema quanto a que pretende invalidar. Agir diferente seria glorificar uma ortodoxia em detrimento da outra; desmanchar um ídolo para colocar outro no lugar.” (Considerações de Paulo Brabo sobre Calvinismo e Teísmo Aberto)
Contudo, teólogos como Eduardo Joiner e muitos outros fizeram variadas críticas ao calvinismo sem, entretanto, abandonar os atributos da onisciência ou imutabilidade de Deus.
O próprio Ricardo Gondim, depois de alegações que estaria apostatando a fé, em uma das defesas que faz de seu credo, escreve com todas as letras que Deus é onisciente, onipresente e onipotente. Ainda que depois dessa declaração faça uma limitação em função do livre arbítrio e da bondade de Deus apresentar um futuro a ser escolhido pelo homem. Segundo ele, o homem tem livre escolha do bem e do mal, e a bondade de Deus em conceder liberdade ao homem impediria, moralmente, o Soberano de intervir e estabelecer os eventos futuros. Em sua defesa, Paulo Brabo apresenta que se há maldade no mundo, Deus não seria o construtor dessas desgraças e destruição. O livre arbítrio do homem o levara ao futuro estabelecido pelo próprio homem e Deus não teria participação nos eventos catastróficos e malévolos desse século.
As explicações da Teologia Relacional consistem em apresentar críticas sobre a teologia tradicional, que estabeleça que Deus está no controle de tudo.
Já Spurgeon, teólogo do século XIX, defende que o livre arbítrio do homem é ilusório, e que até mesmo a capacidade de fazer o bem por parte do homem tem a interveniência do Espírito de Deus, assim, o livre arbítrio humano seria absurdo, fazendo duras críticas à teologia arminiana, defensora do livre arbítrio.
“Em livre-agência nós podemos crer, mas livre-arbítrio é simplesmente absurdo”.[7]
Tal posição é criticada pelos defensores da Teologia Relacional, que afirma que a restrição do livre arbítrio depreciaria o atributo mais excelente, segundo eles, o amor de Deus; e que se o homem não tem completo livre arbítrio, Deus não seria bom. Afirmam que Deus, em sua santa bondade se permite relacionar com o homem sem interferir nas suas escolhas. Assim, defende a Teologia Relacional, que não teria como Deus saber de algo que ainda não existe: um futuro a ser escolhido pelo homem. Para sustentar tais teses, os defensores da Teologia Relacional afirmam que Deus “se esvazia” de sua soberania para se relacionar com o homem.
“Um Deus que não se esvazia é um Diabo. Deus não age como tirano e não força seu poder para cima de suas criaturas sob pena de esmagá-las, tirando-lhes todo o espaço de liberdade de que precisam para existir. Deus não invade. Não usurpa. Não manipula”[8]
Afirmações como a de Ed Kivitz provocaram fortes reações teológicas, apesar do contexto dar a conotação de que Deus não trata o homem arrogantemente, dado o poder que teria para fazê-lo. Contudo reações contrárias a tais declarações são previsíveis, pois afirmam alguns teólogos que Deus não se esvazia quando está assentado como Todo-poderoso, ou sobre o ‘trono branco’ julgando as criaturas, no futuro vaticinado pelo livro de Apocalipse. (20:11)
Entendendo o contexto histórico
Para entender melhor o conceito debatido, o atributo da onisciência foi mais bem explicado pelo Calvinismo, e muito das explicações para esse atributo entre as igrejas protestantes e mesmo católico romana "copiaram" ou “recepcionaram” a teologia calvinista que formulou a existência atemporal para Deus. O tempo estaria estabelecido para o homem, contudo DEUS teria sua existência anterior à criação do tempo. O tempo teria sido criado por Deus para o homem, entretanto estaria insubmisso aos "desgastes" e ao controle do tempo. Segundo o conceito calvinista, para Deus não existiria passado, presente e futuro; para Deus haveria apenas a existência do "agora". Segundo o calvinismo, que se tornou o conceito da Teologia Tradicional aceita pela maioria das religiões cristãs protestantes e católicas, sobre as análises do “tempo”, Deus contempla todo um ano decorrido em um único instante como se fosse "agora".
Para que seja mais bem compreendido segundo a presente “Teologia Calvinista”, imagine-se o próximo desfile de 7 de setembro, representativo da Independência do Brasil; segundo tal idéia, Deus já viu todos os que marcharam (no presente e não futuro), quem deu passos errados e todos os que vieram para a apresentação do desfile. Para Deus, nada estaria encoberto, ele veria todas as coisas independentes do tempo, Deus caminharia e observaria a existência do homem independente do tempo; passado, presente e futuro.
Essa “Teologia Calvinista” já era aceita pela maioria das igrejas cristãs e deixou de ser ‘calvinista’ para fazer parte da “Teologia Tradicional”.
Muito do que é apresentado, eram conceitos aceitos apenas por uma questão de fé, dada a apresentação da exegese. Contudo quando a Teoria da Relatividade foi provada na cidade de Sobral, Estado do Ceará, deixando de ser uma teoria e passando formular uma nova física que englobava os conceitos de Isaac Newton, revolucionando o mundo científico, também deu força aos conceitos calvinistas de que o tempo poderia perfeitamente se mostrar diferente para Deus, como já estava escrito nas Escrituras Sagradas.
Segundo os defensores da Teologia Tradicional, Deus teria dado prova de que o tempo para ele seria um mero "agora" quando explicou sobre a existência encarnada de Jesus e o seu sacrifício vicário antes mesmo da fundação do mundo.
"E adorá-la-ão todos os que habitam sobre a terra, aqueles cujos nomes não foram escritos no Livro da Vida do Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo." [9]
O próprio Ricardo Gondim dá explicação condizente para presente doutrina, ainda que sendo defensor da Teologia Relacional:
"Quando Deus nos criou, ele não podia gerar seres mais perfeitos do que ele, pois assim criaria deuses mais deuses do que Ele próprio. Não poderia formar um ser igual a si, pois assim criaria um par – Deus, por definição, é incriado. Ele nos formou seres menos perfeitos – somos finitos, mortais, limitados. Entretanto, possuímos capacidade de escolhas e com a real possibilidade de praticarmos o mal – por esse motivo o Cordeiro intencionalmente foi crucificado antes da fundação do mundo: a salvação precede à criação. Conhecendo o risco, Deus providenciou a cura”.[10]
Deus já sabia de todas as coisas, e por conta do livre arbítrio que havia concedido as criaturas, não impediria o homem de errar para não ferir tal livre arbítrio concedido. Se as criaturas não tivessem a liberdade de seguir ou não seguir a luz, então seriam robôs sem vontade própria, assim o livre arbítrio que garantia a liberdade das criaturas, poderia dar-lhes a condição de caminhar também em direção as trevas. Segundo a teologia tradicional, Deus daria a liberdade de escolha, contudo já saberia quem tomaria cada caminho.
Predestinação & Onisciência
O pelagianismo ensinava a transgressão teria origem pela livre vontade do indivíduo, negando o pecado original. O agostianismo ensinava que o pecado teria originado em Adão, e que todos eram pecadores em Adão, além de pecadores e culpados em si mesmos. O semi-pelagianismo trouxe um meio termo às idéias extremáticas de Pelágio e Agostinho, afirmando que o homem teria sim energias para que iniciassem sua salvação, contudo para desenvolver e aperfeiçoar essa salvação, seria necessário à graça divina. Os que crêem na predestinação pessoal, são assim influenciados pela teologia agostiniana que teve ascendência sobre tais credos no tocante a predestinação.
Esse conceito fez surgir à doutrina da predestinação, de cunho calvinista, contudo não aceita pela maioria das igrejas cristãs. O conceito de 144.000 eleitos foi defendido por muitas religiões, hora de forma estricta hora num sentido amplo. A teologia ariana moderna agregou tais orientações agostinianas, apesar de muitos desses defensores da predestinação se dizerem portadores de uma teologia renovada e se nomearem ferrenhos críticos de Agostinho, conquanto tais formulações apresentem “origem” nesse conhecido teólogo.
Eduardo Joiner, teólogo do século XIX, afirma: “O agostianismo ganhou ascendência, e ainda reina em todos os sistemas que crêem na predestinação pessoal”. (Manual Prático de Teologia)
O que tudo isso teria com o Teísmo Aberto? A teologia da predestinação foi defendida exatamente por causa do conceito atemporal da teologia tradicional; como Deus teria ciência de todos os passos do homem desde o seu nascimento ou mesmo antes deste, então Deus já saberia quem iria se salvar ou não. Assim surgiu a doutrina da Predestinação.
Essa teologia é muito criticada por teólogos do presente século e alguns denunciaram tal idéia como heresia. Os críticos da predestinação defendem que Deus seria muito mesquinho se criasse o homem já com o propósito do fogo eterno, bem como defendem que a onisciência seria o poder de "saber" e não a determinação de "escolher" a um e não a outro para gozar a vida eterna.
Como poder-se-á perceber, muitas das formulações de ambos os lados se sustentam no atributo da bondade. Sim, Deus seria bom e a origem de toda bondade residiria em Deus.
Os defensores da Teologia Relacional, a defesa parcial do Teísmo Aberto, chegam a afirmar que o conceito já era muito conhecido e que o embate teológico entre Lutero e Rotterdam trataria já de tais formulações. Como sempre foi no campo da teologia, se uma idéia não é originária em grandes teólogos são passíveis de desmerecimento. A maneira de se fugir do descrédito seria buscar grandes expoentes que teria sustentado tal doutrina.
É bem verdade que Rotterdam pediu para Lutero deixar Deus ser bom, enquanto Lutero pediu para Rotterdam deixar Deus ser Deus. Não houve vencedor nesse debate, pois Deus sempre será Deus e sua bondade dura para sempre. Assim, afirmar que esse debate tratava-se da defesa de um Teísmo Aberto é um ledo engano apresentado pelos defensores da Teologia Relacional, visto que Deus pode ser bom, sem deixar de ser o Soberano Deus, afirmam assim os opositores; além do que, o debate entre esses grandes teólogos de respeitáveis grandezas, nunca se prestou a contestar a onisciência de Deus. Assim, os que criticam a “Teologia Relacional”, afirmam que cunhar esse termo com base em debates entre Lutero e Rotterdam não passa de uma ilusão de convencimento visto que tais expoentes não contestaram a onisciência, a onipresença nem a onipotência de Deus. Afirmam que o termo Teísmo Aberto é uma criação do final do século XX, mais precisamente cunhada em 1980 por Richard Rice e nascida da gravidez da Teologia do Processo, fecundada na década de 30 e também conhecida por panenteísmo.
Imutabilidade & Teísmo Aberto
O termo “Teísmo Aberto” foi cunhado pelo adventista Richard Rice contudo, segundo Paulo Brabo, tais idéias circulavam entre Wesley e Arminius. Semelhantemente a teologia adventista, pontua que muitos dos conceitos da teologia clássica seriam importados da filosofia grega, do qual muito herdaríamos. Segundo Paulo Brabo, o conceito de Deus imutável, impassível e fora do tempo, é acertadamente de origem grega. E salienta que os defensores do Teísmo Aberto afirmavam que termos como onisciência, onipotência e onipresença não aparecem na Bíblia.[11]
Ricardo Gondim é mais profundo nesse pensamento contra a imutabilidade de Deus:
“Os gregos não concebiam a possibilidade de Deus mudar. Segundo eles, Deus não pode mudar por ser perfeito. Ora, a misericórdia só é possível de ser exercida se houver mudança no coração de quem a exerce. Aliás, misericórdia não exige mudança de quem é alvo dela e sim de quem a pratica. Há inúmeros exemplos bíblicos de que Deus mudou o que faria e tomou medidas até emergenciais, devido às ações humanas”. [Ricardo Gondim][12]
Segundo Sanders, em “Deus que arrisca”, Deus mudaria sua mente, continuaria a aprender e fazer exame de risco. Já Gregory Boyd, no livro "Deus do possível", defende que até as decisão divinas são incertas num cosmo livre. Os críticos contra-atacam que se as conclusões de Boyd estiverem corretas, a humanidade tem mais liberdade do que o Criador. E Deus estaria limitando seu conhecimento e poder a fim preservar o livre arbítrio, o que para os opositores é um absurdo.
Onisciência em movimento
O Teísmo Aberto acredita que Deus procura estar em um relacionamento recíproco com humanidade, não exercitando o controle meticuloso do universo, mas deixa que a humanidade faça as escolhas significativas. Apresentam pontos das escrituras que Deus se relaciona diretamente com o homem, e que as escolhas “livres” do homem estabelecerá a forma como Deus lhe responderá. Afirma o Teísmo Aberto, que o controle rigoroso não está baseada na Bíblia, mas na filosofia grega, onde os filósofos gregos viam a Deus como uma força totalmente controladora e imutável. O termo "Aberto" se usa porque Deus se 'abre' para um relacionamento com o homem, se expondo a riscos, como teria acontecido com Jesus ao ser despojado, humilhado, e posto em risco a glória que tinha nos céus.
No Teísmo Aberto o futuro é “não definido” e “incerto”, logo faz a suposição de não haver “verdade” sobre as determinações futuras. O princípio está na “incerteza”. Ou seja, uma verdade futura, só será verdade “se” determinadas escolhas “próprias” do livre arbítrio forem tomadas. O Teísmo Aberto não “viaja” no tempo indo e voltando, fazendo formulações próprias dos filósofos, o Teísmo Aberto é simples e sincero com alguns padrões racionais, e complicado nas deduções a que pode reduzir Deus. O Teísmo Aberto segue uma linha reta no sentido que o tempo toma em direção ao futuro, e pondo Deus dentro do tempo. O Teísmo Aberto não é negligente em desprezar alguns parâmetros, tem que ser dito, para não tomarmos teólogos sérios que ousaram discordar da Teologia Tradicional e pintarmos homens sérios como brincalhões filosóficos-religioso. Por isso, são coerentes em afirmar que há verdades necessárias que estão estabelecidas no futuro, respeitando assim o que já fôra vaticinado nas Escrituras, apenas não permitem que as contingências, ou eventos incertos, sejam “verdadeiras” ou “falsas” pré definidamente. A incerteza do futuro, o torna “especial”, nunca “verdadeiro”.
Isso vai de encontro com a teologia tradicional, negando às contingências a certeza de uma opção “verdadeira” ou “falsa”. Pois assim sendo, as criaturas detentoras do livre arbítrio possuem em suas escolhas a completa incerteza, ou completa falta de verdade para eventos que não estiverem já vaticinados ou pré-estabelecidos. Tudo que foi poderia ter sido de outra maneira, e nada era para ser como foi se as escolhas tivessem sido outras. Conseqüentemente, defendem os críticos, se não há tantas verdades sobre o futuro do homem, Deus não tem como sabê-las, pois Deus é Senhor de verdades e não de incertezas.
Como já foi explicado, não defende abertamente que Deus não seria onisciente, o que afirmam em seus "postulados" é que sendo Deus onipotente, não quer dizer que teria ausência de poder no atributo da onisciência, ao respeitar o livre arbítrio. Afirmam que um ser onipotente somente "pode" fazer qualquer coisa possível quando é limitado a o que é verdadeiro, visto que ser onisciente significa somente saber tudo que é verdadeiro. Assim, nesse sentido, Deus não seria completamente onisciente, pois isso faria Deus “estático”, ou detentor de uma “onisciência estática”, enquanto os pressupostos do Teísmo Abertos defendem a “onisciência em movimento”.
Livre arbítrio libertariano
Alguns pontos devem ser diferençados para que não se dê a conotação generalista sobre o que as demais linhas teológicas pensam sobre o livre-arbítrio, visto que a posição Calvinista, que defende a completa ausência de livre arbítrio, não é dominante entre os cristãos.
Predomina entre os cristãos o livre arbítrio compatibilista, que “sustenta que uma pessoa pode escolher somente o que é consistente com sua natureza e que há coações e influências sobre sua capacidade de escolher. No livre-arbítrio libertariano, um pecador é igualmente capaz de escolher ou rejeitar Deus, a despeito de sua condição pecaminosa”. [13] Ou seja, o livre-arbítrio libertariano despreza as ações externas e defende o livre-arbítrio pleno, independente das pressões e coações internas e externas.
Segundo o livre-arbítrio compatibilista, um homem que é escravo do pecado não poderá entender as coisa espirituais, logo não terá capacidade de escolher Deus senão por ingerência do Espírito Santo.
Os críticos do Teísmo Aberto afirmam que se ações externas promovem que determinada pessoa busque a Deus, e essas ações externas, ou mesmo ações internas, que independem do indivíduo diretamente, são provocadas por ingerência de circunstância superiores, então para que o homem encontrasse salvação ou condução ao caminho da verdade teria que haver ingerência divina.
Contrariamente o livre-arbítrio libertariano define e não aceita que o homem necessite da ingerência divina para a escolha do caminho, pois se o homem necessitar de um empurrãozinho de Deus para pegar o trem da salvação, ou do paraíso, então nega-se a teologia do Teísmo Aberto em que Deus deu plena liberdade de escolhas ao ser humano.
Tanto o livre-arbítrio libertariano como o compatibilista defendem que o pecado, a corrupção do coração cheio de maldade que não ama a luz, mas as trevas, e por conseguinte não entendem as coisas espirituais, influenciam a vontade humana. A diferença á que o livre-arbítrio compatibilista afirma que que o homem não tem como violar sua natureza, e sua escolha natural só poderia ser a morte; a não ser que o Espírito da Verdade lhe abra os olhos, num determinado momento, para que possa alcançar escolhas certas e contrárias a sua natureza. Já o livre arbítrio libertariano afirma que a natureza caída do homem não restringi nas escolhas certas, e que suas escolhas não são limitadas, ou seja, mesmo tendo uma natureza má, contaminada pelo pecado, o homem é livre completamente para fazer boas escolhas.
Opiniões
Caio Fábio
Diz que o tema “não passa de sexo dos anjos, posto que dissimula o que é revelado”.
Caio Fabio resume que buscar “além da revelação que Jesus fez e faz do Pai” “ é loucura humana”, pois “Deus é Deus”. E destaca: “tudo isso uma grande tolice do tipo dos escribas dos saduceus — que não criam na revelação em sua simplicidade e, assim, criaram uma teologia na qual as ações dos homens e as de Deus se tornavam a mesma coisa”.
“Não levo a sério quem pensa assim, pois quem pensa assim não pensa, posto que pelo seu próprio pensar (se pensa de fato) vê que não é possível “pensar Deus”, pois Deus está acima do próprio pensamento”.
Entende Caio Fábio que não há diferença entre a Teologia Relacional e a Teologia do Processo, senão pela escolática que os estuda e defende.
É mais direto em algumas de suas análises sobre a Teologia Relacional, abaixo pinceladas:
“O mundo está estrebuchando. Mas há pessoas dedicadas a fazer fimose de Deus, ao invés de simplesmente viverem o Evangelho conforme a simplicidade de Jesus”.
“Chega de Disneylândia teológica.”
"Assim, a Teologia Relacional de Jesus não diz como Deus é, mas Quem Deus é. Desse modo apenas diz para se ver o Pai no Filho revelado e encarnado. ... o que está disponível aos nossos sentidos são obras divinas a serem vistas e discernidas pela fé na revelação. Diz que tal relacionalidade é com Deus, e que ela se manifesta mediante a obediência e o amor. E conclui afirmando que a especulação sobre o Pai é tolice, pois o que do Pai se pode conhecer está revelado em Jesus".
“Se pelo menos os teólogos entendessem um pouquinho acerca de física quântica, saberiam quão tola tal discussão é em sua busca de discutir a atemporal soberania de Deus e a temporal e relativa liberdade humana. Sem um mínimo de consciência sobre o significado físico do tempo, não se tem nem como entender que não se pode entender a eternidade. Sim! Porque já que não crêem, poderiam pelo menos ir além das categorias medievais de nossas teologias a fim de pensarem de modo a fazer sentido com o que pensar significa." [14]
Paulo Brabo
Diz ter-se enamorado pelo teísmo aberto, que o levara ao livro "The Openness Of God", que o ajudara a libertar-se de uma centena de preconceitos, e afirma ter chegado ao ápice de convencer um calvinista, ainda que brevemente, “que o Deus do teísmo aberto é necessariamente mais poderoso do que o Deus do calvinismo, por garantir a felicidade do resultado final, abrindo ao mesmo tempo da solução fácil que seria manipular todas as variáveis”.
Suas conclusões no entanto, evoluem como sendo o teísmo aberto uma proposta teológica que ficou para trás na fila (e refletindo sobre a possibilidade compatibilista) pela risco de se tornar numa “ortodoxolatria”, neologismo crítico dirigido aos fundamentalistas, no presente contexto, calvinistas:
“Basicamente o que me incomoda no teísmo aberto convencional é que sua posição me parece, ela mesma teológica e apologética demais. Seus defensores procuram anular todos os argumentos do calvinismo... Esse apelo radical ao racionalismo dialético também me cheira a biblicismo e literalismo, e no fim das contas a gnosticismo. Raciocínos como "se Deus já sabe o que vai acontecer, de que adianta orar?" me parecem limitados por não passarem no fundo disso mesmo, raciocínios, que pressupõem que a razão pode produzir a resposta mais adequada; que devemos (como os calvinistas) adotar a razão como medida final para todas as coisas. Corremos o risco de gerar uma nova “ortodoxolatria” se vendermos a idéia de que a salvação está mais propriamente associada aos que abraçam a mesma crença à prova de balas que nós mesmos.”
“Minha posição se assemelha mais à dos pós-modernos, que crêem que duas coisas aparentemente contraditórias podem ser verdade ao mesmo tempo. Prefiro confessar que não sei como Deus funciona, e que a Bíblia traz curiosa evidência das duas coisas ...: [1] que a história ainda não está pronta e [2] que Deus em alguma medida por nós desconhecida intervém e patrocina e assina embaixo garantindo o resultado favorável que prometeu para a história universal.”
“Creio que é apenas do nosso ponto de vista muito limitado que as duas coisas são contraditórias. ... mas isso não quer dizer que não se cruzem e se alinhem perfeitamente na eternidade. Sei que isso soa a "mistério" brochante, mas vejo-me apaixonado por esse mistério e cautelosamente não posso me pronunciar taxativamente sobre o que creio, mesmo porque sei não ter cacife para falar sobre o imarcescível.”
“Creio que minha fé na teologia relacional e na generosa disponibilidade de Deus para o diálogo não exige que neguemos a postura bíblica de que Deus está de alguma forma no controle, que todos os nossos cabelos estão contados e tudo mais. As duas realidades convivem pacificamente na minha Bíblia, ebony and evory, e fazem juntas a mais bela das músicas.”
“... os calvinistas - pasme - poderiam estar certos.”
“Levanto essa última idéia como curiosidade especulativa, porque o extraordinário - o impensável, o tremendo - é que a Bíblia dá evidência mais do que abundante de que não é assim. ...”
“Toda teologia tem na minha opinião essa tremenda desvantagem - para não dizer pretensão - de se propor à hercúlea (para não dizer imbecil) tarefa de explicar Deus, quando Deus fez questão de não se explicar. O que estou mais perto de endossar é o que se chama hoje teologia narrativa, teologia que é assistemática e aberta, evocativa ao invés de explicativa, e é portanto essencialmente teologia alguma. É ainda mais aberta do que o teísmo aberto, por assim dizer, e sua linguagem é como a de Cristo [n]a parábola.”
“Nada disso naturalmente tem importância se tudo que nossas certezas forem produzir é uma nova manifestação de “ortodoxolatria”. Mais preciosas sejam então para sempre as nossas dúvidas, que se Deus quiser não permitirão que nossa fé se transforme em crença.”[15]
Ed René Kivitz
Refletindo sobre “a vontade de Deus”, Ed René Kivitz faz uma breve explanação do seu pensamento sobre o teísmo aberto.
A vontade específica seria aquela que determina o plano detalhado de Deus para cada circunstância da vida de cada pessoa em particular, como por exemplo, o lugar onde vai estudar, a pessoa com quem vai casar, o emprego e a cidade onde vai morar. ... tudo o que acontece, desde que não seja um pecado cometido pela própria pessoa, é da vontade de Deus ... A vontade específica, entretanto, mais se parece com a perspectiva pagã do determinismo e do fatalismo, a crença no destino, do que com a abordagem bíblica de um Deus que cria seres humanos à sua imagem e semelhança, e portanto livres, e os convoca a que se tornem parceiros na administração da criação e na construção da história. Os cristãos não cremos em destino. Os cristãos acreditamos que Deus tem propósitos para a história humana, mas não tem tudo decidido, como se a humanidade fosse um conjunto de bonecos iludidos, acreditando que são responsáveis por suas histórias, mas na verdade são manipulados pelos dedos de Deus que determinam suas decisões. [16]
Veritatis Splendor
O apostolado Veritatis Splendor também se pronuncia, ao responder quetionamentos, quando reflete sobre a necessidade de orar e a onisciência de Deus.
Ora, se Deus conferiu livre-arbítrio ao ser humano, não o fez para o transformar numa marionete de um teatro de bonecos, com um roteiro rígido e sem chances de improvisação, fechado e irretocável. É certo que existe para cada indíviduo humano uma predestinação divina de salvação, mas tal predestinação jamais correrá na contra-mão da liberdade humana. Concorrerá sempre na mesma medida da abertura do ser humano a luz da graça e na sua capacidade de corresponder com a vontade divina, que é a de que "todos se salvem". Deus não nos força e nem nos obriga em nada, trabalha num plano de salvação para nós, mas desde que encontre uma liberdade orientada para este fim. Por isso a necessidade de orar e pedir ao Senhor sempre, tudo aquilo quanto acharmos ser conveniente para nossa salvação, e a do nosso próximo. Para ter em mente: Deus é conhecedor de tudo em nosso tempo, mas Deus não é causador de tudo em nosso tempo. Esta, em última instância, dependerá sempre das nossas decisões. Deus construiu um caminho de salvação para nós, sim, mas só chegaremos lá, com tudo quanto precisarmos para caminhar, se nos dispusermos a andar. Livres, até o fim (...)[17]
Peter Kreeft & Ronald K. Tacelli
Esses professores de teologia escreveram conjuntamente um tópico intitulado "providência divina e liberdade humana", não se referindo diretamente sobre o presente tema, mas que muito esclarece sobre o que pensa os autores sobre a liberdade de escolha:
Se Deus nos criou para sermos livres, nossa liberdade é uma dádiva. Isso é o mesmo que dizer que o poder criador e mantenedor de Deus tem de estar presente em todos os nossos atos de escolha livre. Não é possível existir liberdade humana absoluta no sentido de que ela elimine a necessidade de Deus. Se Ele realmente é o Criador, a Fonte de existência de todas as coisas, também tem de fornecer a existências de nossa liberdade. Seu poder não pode ser um impedimento para nossas escolhas, como aconteceria se Ele fosse apenas uma criatura poderosa e suprema, um “hipnotizador cósmico”, forçando-nos a fazer sua vontade, enquanto pensamos estar agindo de maneira livre e espontânea. As criaturas podem agir sozinhas apenas com respeito a outras criaturas, mas nunca com relação ao Criador. Sem Deus, nossa liberdade nem existiria. Portanto, não teríamos existência para possuir essa liberdade.[18]
Fé e Mensagem Batista
Alterado em 14 de julho de 2000 e publicado pela Convenção Batista do Sul dos Estados Unidos, no artigo II, afirma:
Deus é todo poderoso e onisciente; seu conhecimento perfeito estende-se a todas as coisas, presentes, passadas e futuras, incluindo as decisões futuras de suas criaturas livres.
John Piper
O premiado autor e doutor em teologia, pastor titular da Bethlehem Baptist Church, em Minneapolis, que compilou com outros outrores a opinião de diversos teólogos, escreveu um capítulo desse livro, Teísmo Aberto: Uma Teologia Além dos Limites Bíblicos, onde apresentou conclusões o qual extraímos um pequeno trecho:
A Bíblia ensina que Deus preparou a salvação dos efeitos da Queda antes da fundação do mundo. Assim, ele anteviu que haveria uma Queda e que haveria efeitos dela que careceriam de um plano de redenção. Em 2 Timóteo 1.9, por exemplo, Paulo diz que, desde toda eternidade, Deus havia planejado nos conceder graça em Cristo Jesus como nosso Salvador. ... Deus não apenas anteviu na eternidade a escolha pecaminosa que Adão (e Lúcifer antes dele) faria, mas também planejou conceder graça em Jesus Cristo em resposta à miséria. Portanto, dizer que “Deus não pode antever as decisões boas ou ruins das pessoas que ele cria até que crie essas pessoas e elas, por sua vez, criem suas decisões” [19] é supor que Deus não poderia ver infalivelmente a Queda se aproximar e assim fazer planos para ela como Paulo asseverou que ele fez. Desse modo, nossa confiança na realização da redenção seria enfraquecida porque nossa perspectiva de Deus anularia o plano eterno de redenção descrito nas Escrituras. [20]
Trata-se de um novo conceito de Deus que vem causando polêmica e acirrado debate teológico acerca dos atributos divinos como Onisciência, Onipotência, Onipresença e Soberania. Tendo origem na Teologia do Processo na década de 30, seus primeiros defensores foram Charles Hartshorne, Alfred North Whitehead e John Jacob. Contudo a expressão teísmo aberto foi usada pela primeira vez por Richard Rice, escritor adventista, em seu livro “A Abertura de Deus: A Relação entre a Presciência Divina e o Livre-arbítrio”. Apesar de Jonh MacArthur fazer referência a Robert Brow, a maioria concorda que quem cunhou o termo Teísmo Aberto foi Clark Pinnock em sua obra: “Deus limita Seu Conhecimento” em 1986. Ao lado de Pinnock, Jonh Sanders também teria sido um divulgador dessa doutrina.
Ensina a doutrina em questão que Deus é Todo-Poderoso e conhece todas as coisas, mas não conhece as coisas que ainda não aconteceram. Pelo fato de não terem acontecido (ainda) elas não estariam na presença de Deus. Ou seja, Deus não sabe ainda, pois devido ao livre-arbítrio que concedeu ao homem, não sabe que decisão o homem vai tomar. Assim, Deus conhece o futuro, mas não todo. Deus está no controle, mas não interfere na vontade do homem. Isso, afirmam eles, faz com que Ele seja Soberano, pois mesmo não sabendo o que os homens irão fazer, tem o controle em Suas mãos. Desse modo, Deus abriria mão de conhecer o futuro devido à liberdade de escolha que deu ao ser humano, logo, Deus se esvaziaria de sua soberania, diminuiria em onisciência, onipotência e onipresença. Richard Rice, citado por Pinnock, teria escrito que Deus tem certa noção do que alguém vai fazer na sexta-feira próxima, mas não tem a exata certeza, porque a pessoa ainda não fez. Tem um exemplo intrigante da pizza: Deus sabe que domingo depois do culto, você vai comer uma pizza com sua família, mas não sabe o sabor, porque você e sua família só vão decidir (o sabor) no domingo após o culto.
Outro problema do Teísmo Aberto é a visão que têm de que Deus não intervém na História, posto que a história se descarrilou, como um trem que saiu dos trilhos, e que tudo que está aí não tem o aval de Deus, sendo as decisões humanas ou os homens os únicos responsáveis.
No Brasil os maiores defensores da chamada abertura do teísmo são, Ricardo Gondim Rodrigues, pastor da Assembléia de Deus Betesda, Ed René Kivitz, pastor da Igreja Batista e o escritor Paulo Brabo. Embora em seus escritos afirmem que Deus seja Onisciente, Onipotente, Onipresente e Soberano, e não confessem serem defensores da abertura do teísmo, preferindo seguir os caminhos da Teologia Relacional, seus escritos os denunciam como doutrinadores da heresia em questão.
A Doutrina Ortodoxa ensina que: 1) Deus é Onisciente: conhece todas as coisas: passado, presente e futuro (quanto ao homem, Davi diz no Salmo 139 que Deus escrevia seus dias um a um antes mesmo de existirem e “antes que a palavra saísse à boca”, Deus já a conhecia toda); 2) Deus é Onipotente: tem poder para fazer todas as coisas; 3) Deus é Onipresente: está presente em todos os lugares; e 4) Deus é Soberano: faz tudo o que Lhe apraz.
E você o que acha do Teísmo Aberto? É Doutrina Bíblica ou Heresia Moderna?
Nenhum comentário:
Postar um comentário